Índice de Conteúdos
A Síndrome de Tourette (ST) é uma desordem de movimento, que causa alguns comportamentos involuntários no corpo. Durante uma crise desse distúrbio, a pessoa com tourette acaba tendo múltiplos tiques e espasmos corporais, os quais não consegue controlar.
Além dos tiques, comportamento mais conhecido da síndrome, ela também costuma estar associada com outras manifestações como transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), dificuldades de aprendizagem e atenção, hiperatividade, agressividade e crises explosivas.
Assim, embora a ST seja distinta, ela muitas vezes é confundida com outros transtornos do neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e TDAH, devido à sobreposição de alguns sintomas comportamentais e à proximidade dos diagnósticos.
Nos últimos anos, famosos como Lewis Capaldi e Billie Elish revelaram seu diagnóstico ao público, fazendo com que a Síndrome de Tourette ficasse um pouco mais conhecida.
Infelizmente, a síndrome ainda é bastante incompreendida e pouco falada na sociedade, o que acaba gerando muitas dúvidas nas pessoas. Neste texto, vamos abordar os principais aspectos da Síndrome de Tourette, diferenciando-a do autismo, e esclarecer dúvidas frequentes. Acompanhe na leitura!
O que é Síndrome de Tourette?
A Síndrome de Tourette é um distúrbio neurológico caracterizado por diversos movimentos súbitos, rápidos, repetitivos e involuntários, chamados de tiques, que podem ser vocais ou motores. Esses tiques são classificados como:
- Tique simples: movimentos repetitivos e breves que envolvem um grupo muscular limitado, como movimentos oculares, encolhimento de ombros e sacudir a cabeça;
- Tique complexo: padrões coordenados e distintos de movimentos mais duradouros e que envolvem diversos grupos musculares, como torção no pescoço, caretas ou tiques mais específicos como cheirar algo, tocar objetos e pular.
Quando pensamos em tiques vocais ou fônicos, eles também podem se diferenciar em ações mais simples ou mais complexas e individuais, que até podem ser falar palavras obscenas e vulgares.
Esses movimentos podem ser piores em momentos de ansiedade, nervosismo ou excitação, e até mesmo mais leves durante atividades mais focadas e calmas.
Além disso, algumas experiências físicas podem desencadear ou agravar os tiques, tudo depende da individualidade.
O que leva uma pessoa a ter Síndrome de Tourette?
A causa exata da Síndrome de Tourette ainda não é completamente compreendida, mas acredita-se que ela tenha um componente genético significativo, por isso ela pode estar relacionada a questões hereditárias e genéticas.
Além da predisposição genética, fatores ambientais, como infecções durante a gravidez ou exposição a toxinas, também podem contribuir para o desenvolvimento da síndrome.
No entanto, esses fatores ambientais não são determinantes isolados, mas sim parte de uma interação complexa com a predisposição genética.
Sintomas da Síndrome de Tourette
A grande maioria dos casos de Síndrome de Tourette apresentam tiques motores como a manifestação inicial como franzir a testa, balançar a cabeça, contrair a musculatura, movimentos complexos que parecem propositais como bater ou tocar em objetos próximos.
Com o passar do tempo e do desenvolvimento cognitivo da pessoa, esses tiques podem evoluir para algo mais complexo. Embora sejam um pouco menos frequentes nas pessoas com Tourette, alguns sintomas tornaram a síndrome mais conhecida que são:
- Coprolalia: uso involuntário de palavras obscenas;
- Copropraxia: uso involuntário de gestos obscenos;
- Ecolalia: formulação de repetições de sons, palavras ou frases ditas por outras pessoas.
Qual a diferença entre tiques e a Síndrome de Tourette?
Os tiques são movimentos ou sons involuntários e repetitivos, como piscadas rápidas, caretas, ou sons guturais, que podem ocorrer de forma esporádica.
Eles são o principal sintoma da Síndrome de Tourette, mas não são exclusivos dessa condição. Tiques simples e isolados podem ocorrer em crianças sem que seja necessário um diagnóstico de ST.
A diferença é que, para ser considerado Síndrome de Tourette, os tiques devem ser múltiplos (envolvendo diferentes partes do corpo) e presentes por pelo menos um ano, com início antes dos 18 anos .
Outra distinção importante é que a ST inclui tanto tiques motores quanto vocais, enquanto outros transtornos de tiques podem envolver apenas um tipo.
Por isso, a avaliação médica é fundamental para diferenciar tiques isolados de um diagnóstico mais amplo de Tourette.
Diagnósticos e tratamentos da Síndrome de Tourette
Assim como no autismo, a Síndrome de Tourette precisa de um diagnóstico médico, feito por neuropediatras e psiquiatras especializados, já que não existe nenhum tipo de exame que possa detectar o distúrbio. Os critérios para o diagnóstico são:
- Tiques motores ou vocais múltiplos que se manifestam durante algum tempo;
- Tiques que ocorrem em salvas (diversas vezes por dia), vários dias ou por um período de pelo menos três meses consecutivos;
- O quadro clínico deve começar antes dos 18 anos de idade.
Pensando em tratamento, é preciso lembrar que a síndrome não é uma doença, e por isso não tem cura. Com as intervenções e terapias comportamentais cognitivas adequadas para cada pessoa, ela pode ser controlada e amenizada.
As estratégias são focadas em treinar as pessoas para monitorarem as sensações premonitórias e os tiques, criando respostas voluntárias fisicamente incompatíveis.
Além disso, existem medicamentos que conseguem diminuir a quantidade de tiques e podem melhorar a vida da pessoa.
Mas é importante lembrar que apenas profissionais especializados podem criar qualquer tipo de plano de ação para pessoas com Síndrome de Tourette.
Quem tem Tourette pode ter autismo?
Embora a Síndrome de Tourette e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) sejam transtornos distintos, não é raro que elas coexistem em algumas pessoas.
Alguns estudos indicam que cerca de 20% das crianças com Tourette também têm TEA, o que pode causar uma sobreposição de sintomas que tornam o diagnóstico mais desafiador.
As semelhanças comportamentais entre autismo e Tourette, como a dificuldade com habilidades sociais e a presença de comportamentos repetitivos, podem confundir pais e profissionais.
No entanto, é importante lembrar que as intervenções para cada transtorno são específicas e precisam ser personalizadas para atender às necessidades individuais de cada criança.
Famosos que têm Síndrome de Tourette
Alguns famosos revelaram ter Síndrome de Tourette, o que ajudou na conscientização sobre o transtorno. Um dos principais casos foi do cantor Lewis Capaldi que teve uma crise durante um show na Alemanha e por isso precisou encerrar sua apresentação. Ele havia revelado seu diagnóstico da Síndrome de Tourette em setembro de 2023 em uma transmissão ao vivo no Instagram.
Lewis Capaldi
O cantor Lewis Capaldi, diagnosticado com Síndrome de Tourette em setembro de 2022, teve uma crise durante um show em Frankfurt, na Alemanha. Enquanto cantava a música “Someone you loved” ele começou a ter uma crise, com diversos tiques específicos.
Nesse momento ele ainda tentou continuar, mas acabou se afastando do microfone por não conseguir controlar os movimentos involuntários de seu corpo. Foi então que a plateia continuou a música em coro, ajudando-o durante a crise.
É possível ver o momento em que os fãs ajudam Lewis durante sua crise na apresentação em diversos vídeos nas redes sociais, como esse, publicado na conta de uma mãe atípica.
Não fazia muito tempo que o cantor tinha revelado seu diagnóstico para o público, durante uma transmissão em seu Instagram. Ele contou que “está aprendendo novas maneiras de lidar com a síndrome o tempo todo”.
No ano passado, durante uma apresentação no programa “The Jonathan Ross Show” , ele disse que descobrir que tinha Tourette foi um “grande alívio”, após viver anos no escuro sobre o transtorno.
“Eu tenho Tourette. Eu não queria que fosse uma grande coisa. Eu me contorço muito e meu ombro esquerdo sobe e eu faço isso com a cabeça.”
Billie Eilish
A cantora e compositora vencedora de múltiplos Grammy revelou em 2018 que tem Síndrome de Tourette. Billie mencionou que os tiques se manifestam de maneiras que, às vezes, passam despercebidas pelas pessoas ao seu redor, mas que ela lida bem com eles.
Em uma entrevista com David Letterman, no programa My Next Guest, transmitido na Netflix, a cantora teve um tique e afirmou que é “muito cansativo” viver com ST. Ela ainda completou que não costuma ter tiques enquanto se apresenta nos palcos, mas se for filmada por muito tempo, os tiques apareceram.
Por fim, ela também contou que gosta de falar sobre sua experiência, mas que nem sempre as pessoas reagem bem quando ela tem algum tique. “A forma mais comum de reação das pessoas é rir, porque elas acham que eu estou tentando ser engraçada. Eu sempre fico muito ofendida com isso”.
Dan Aykroyd
O ator e comediante, conhecido por filmes como Os Caça-Fantasmas, também mencionou que, além de ter Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), apresenta sintomas da Síndrome de Tourette desde a infância.
Conclusão
A Síndrome de Tourette é uma condição neuropsiquiátrica complexa, que pode ser confundida com outros transtornos, como o autismo, devido à semelhança de alguns sintomas.
No entanto, a Tourette tem características próprias, como a presença de tiques motores e vocais crônicos.
Vale ressaltar que reprimir as crises e tiques de uma pessoa com Síndrome de Tourette é bastante prejudicial, gerando mais frustração e até mesmo piorando o momento. Por isso, o ideal é conversar com a pessoa, ter respeito e empatia durante a interação.
Se você quer saber mais sobre neurodiversidade e entender a relação com o TEA, acesse nosso conteúdo sobre esse tema: