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A jornada de pais de crianças autistas é repleta de desafios únicos, desde o momento do diagnóstico até as estratégias diárias para garantir que seus filhos estejam se desenvolvendo para um futuro de autonomia e independência.
Mesmo com amor e cuidado sempre presentes em cada dia, a intensidade de demandas emocionais, físicas e cognitivas pode levar a sobrecargas em momentos de comportamentos desafiadores, resultando em estresse, ansiedade e até mesmo Síndrome de Burnout.
Este artigo explora de forma abrangente a relação entre a Síndrome de Burnout e os desafios diários vividos por famílias de crianças autistas, oferecendo dicas, estratégias e informações fundamentadas sobre o tema. Acompanhe!
O que é Síndrome de Burnout?
A Síndrome de Burnout, muitas vezes ligada ao esgotamento profissional, também pode ser vivida em situações pessoais, ligadas a emoções, sentimentos e cuidados de pessoas atípicas, por exemplo. Essa síndrome é um distúrbio emocional com sintomas reais como:
- Esgotamento físico;
- Estresse;
- Exaustão extrema;
- Ansiedade constante;
- Falta de foco em ações rotineiras;
- Demandas constantes de alta responsabilidade.
O estresse constante, as demandas emocionais e os desafios relacionados à criação de uma criança com autismo podem levar os pais a um estado de exaustão física e mental, principalmente com medos e inseguras relacionados ao futuro.
Isso porque, muitos pais atípicos de crianças no espectro têm uma quebra de expectativas quando descobrem o diagnóstico de seus filhos. Mas isso não significa que o futuro será ruim, apenas diferente do que eles imaginaram.
A principal causa da síndrome de burnout é o excesso de trabalho, nesse caso, de responsabilidades constantes sob uma pressão exagerada, criando um ambiente de exaustão, incertezas e inseguranças.
Quais são os sintomas da Síndrome de Burnout?
Quando pensamos na síndrome de burnout, estamos falando de nervosismo, sofrimentos psicológicos e até mesmo problemas físicos relacionados, como cansaço excessivo, dores no corpo e tonturas.
Estresse constante, preocupação exagerada e falta de vontade de realizar ações podem ser indicados no início dessa síndrome.
Normalmente, esses sintomas surgem de uma forma mais leve, tendendo a piorar com o passar dos dias e a progressão da síndrome de burnout. Isso porque, muitas vezes, pais, familiares e pessoas cuidadoras podem achar que isso “não é nada” e continuar sobrecarregando seus dias.
Dessa forma, é preciso ficar atento aos seguintes sintomas:
Fadiga constante e insônia
A fadiga persistente, muitas vezes acompanhada de insônia, é um sinal inequívoco de que algo está fora de equilíbrio. Para pais de crianças autistas, as demandas emocionais, físicas e cognitivas podem levar a um estado de exaustão que transcende o cansaço comum.
Pais podem experimentar fadiga persistente e dificuldades para dormir, indicando um desequilíbrio no bem-estar emocional.
Perda de interesse e energia
A parentalidade costuma trazer consigo uma gama variada de atividades prazerosas e significativas.
No entanto, a perda de interesse em passatempos que antes eram fontes de alegria e a sensação persistente de energia reduzida são claros sinais da síndrome de burnout.
Irritabilidade e isolamento
A irritabilidade constante, muitas vezes manifestada por respostas exageradas a situações triviais, pode ser uma resposta direta ao estresse acumulado.
Além disso, a tendência a se isolar socialmente é um indicador sério de sobrecarga emocional. O isolamento pode agravar ainda mais o impacto emocional, reforçando a importância de buscar apoio.
Cansaço excessivo, seja físico ou mental
O cansaço é uma resposta natural ao desgaste diário, mas quando atinge níveis extremos e persistentes, pode ser um indicador da síndrome de burnout.
Para pais de crianças autistas, o desafio diário de atender às necessidades específicas de seus filhos pode resultar em exaustão física e mental. Esteja atento a sinais como falta de energia, sonolência excessiva e uma sensação geral de fadiga que persiste ao longo do tempo.
Dificuldades de Concentração e Perda de Apetite
A sobrecarga emocional associada à criação de uma criança autista pode afetar diretamente a capacidade de concentração dos pais.
Além disso, a perda de apetite, seja devido à ansiedade ou à exaustão, é outro sinal importante. Preste atenção às mudanças nos seus hábitos alimentares e na dificuldade em manter um apetite saudável.
Síndrome de Burnout parental
De acordo com o estudo “O estresse de pais e cuidadores de crianças com transtorno do espectro do autismo” o nível de necessidade e suporte do TEA é o principal fator que desencadeia o estresse nos pais.
É comum perceber que as mães, em particular, enfrentam uma carga emocional mais intensa, principalmente por serem as principais cuidadoras de crianças autistas.
Com o aumento evidente do estresse, afetando a qualidade de vida das famílias, é crucial estabelecer um apoio psicológico para enfrentar esses desafios e orientar as famílias.
Outro estudo focado na síndrome de burnout em cuidadores de crianças com TEA feito com 46 cuidadores respondendo um questionário sociodemográfico e participando de entrevistas mostrou que 95,7% deles apresentavam sintomas da síndrome de burnout.
O fator mais impactante no esgotamento foi a dificuldade em equilibrar as responsabilidades profissionais, tarefas domésticas e o cuidado dos filhos com TEA, afetando especialmente as mães.
Ambos os estudos mostram que existe uma necessidade real de oferecer suporte e recursos para ajudar os cuidadores a enfrentar esses desafios complexos.
Além disso, outros fatores que contribuem para o esgotamento de pais de crianças autistas na rotina são:
- Demandas intensificadas: a rotina de cuidados para uma criança autista muitas vezes inclui terapias regulares, consultas médicas e atenção constante, elevando significativamente as responsabilidades parentais.
- Isolamento social: a falta de compreensão da sociedade sobre o autismo pode levar os pais a se sentirem isolados, agravando a carga emocional.
- Preocupações futuras: a incerteza sobre o futuro da criança, especialmente em termos de independência e inclusão, pode gerar ansiedade crônica.
Dicas para pais de crianças autistas
Compreender os fatores específicos que contribuem para a síndrome de burnout no contexto das famílias é fundamental para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e intervenção, visando melhorar a qualidade de vida dos cuidadores e, consequentemente, o suporte aos indivíduos com TEA.
Além disso, a importância das relações sociais, reconhecidas como um fator significativo para o bem-estar quando as famílias lidam com situações estressantes.
Muitos estudos destacam a eficácia dos programas de Orientação Parental, que oferecem técnicas para adaptar e empoderar o comportamento e podem ser relevantes no contexto familiar, melhorando a resiliência dos pais e cuidadores.
Apoio emocional
A criação de uma rede de apoio sólida é um escudo fundamental contra o desgaste emocional. Amigos, familiares e grupos de apoio oferecem um espaço seguro para compartilhar experiências, desafios e conquistas.
O suporte emocional vindo dessas conexões pode ser uma fonte vital de força, promovendo um senso de pertencimento e compreensão mútua, além de alívio e diminuição de sobrecarga, compartilhando experiências e histórias.
Mente aberta a mudanças
Manter uma mente aberta a mudanças é uma estratégia poderosa para enfrentar os desafios contínuos da parentalidade de crianças autistas.
Buscar aceitar que a jornada pode ser imprevisível e estar disposto a se adaptar às necessidades em constante evolução do filho é uma atitude que fortalece a resiliência dos pais.
A flexibilidade emocional e a capacidade de ajustar expectativas podem aliviar a pressão e promover uma abordagem mais equilibrada aos desafios diários.
Busque ajuda profissional
A síndrome de burnout é séria e merece ser reconhecida dessa forma, por isso é fundamental entender que buscar ajuda profissional é um sinal de força, não de fraqueza.
Profissionais de saúde mental especializados em questões relacionadas ao autismo podem oferecer suporte valioso. Terapeutas, psicólogos e outros profissionais podem fornecer estratégias específicas para lidar com o estresse parental, além de orientar a família em direção a soluções práticas e eficazes.
Implementar essas estratégias não apenas ajuda a prevenir a Síndrome de Burnout, mas também promove um ambiente mais saudável para o desenvolvimento das crianças autistas, criando um ciclo positivo de apoio e resiliência familiar.
Conclusão
A síndrome de Burnout em pais de crianças autistas é uma realidade que merece atenção e compreensão.
Reconhecer os sinais precoces, implementar estratégias de prevenção e buscar apoio são passos fundamentais para preservar o bem-estar dos pais e, consequentemente, o ambiente saudável para o desenvolvimento da criança.
Lembre-se de que o equilíbrio é essencial para enfrentar os desafios da criação de uma criança com autismo e você não é uma pessoa egoísta por estar cuidando de você. Quanto mais forte e preparada uma família estiver, melhor serão os resultados de desenvolvimento de todos os envolvidos.
Aqui na Genial Care, realizamos o estudo “Retratos do Autismo no Brasil em 2023” em parceria com a Tismoo.me. Essa é uma fonte importante e essencial para entendermos os dados de pessoas autistas e suas famílias, e criarmos estratégias específicas para essa comunidade. Vale muito a pena ver: