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Você já viu uma criança brincando no chão posicionada com as pernas para trás em um formato de W? Muitos pais ou pessoas cuidadoras se deparam com esse sentar em W das crianças, e podem ficar na dúvida se isso é prejudicial ou até mesmo um sinal de autismo.
Sabemos que o diagnóstico precoce é importante para garantir intervenção quanto antes e focar no suporte adequado para a criança se desenvolver ao longo da vida. Por isso, nesse sentido, é fundamental conhecer e entender os sinais de autismo em crianças.
Neste artigo, vamos explorar o comportamento de sentar em W e entender o que realmente significa e se existe alguma relação com o autismo. Continue a leitura!
Sentar em W: o que é e por que algumas crianças fazem?
O ato de sentar em W refere-se à postura onde a criança dobra os joelhos e posiciona suas pernas para os lados, formando a letra “W” com o corpo. Essa posição é frequentemente adotada por crianças enquanto brincam ou participam de atividades no chão.
Muitas crianças ficam nessa posição, pois é mais confortável, já que oferece uma estabilidade maior, na qual ela não precisa se concentrar tanto para se equilibrar. Além disso, os pequenos podem escolher ficar nessa posição por conta da pouca força no abdômen, que dificulta a postura ereta.
Dessa forma, ao sentar em w, as crianças têm uma maior estabilidade e suporte do tronco, o que permite que elas se concentrem melhor e por mais tempo nas brincadeiras e atividades.
Sentar em W é bom ou ruim?
Primeiro, precisamos lembrar que é importante que a criança passe por várias posições durante o brincar, sem elas sentadas ou em pé. Essa troca de posturas, ajuda os pequenos a desenvolverem seus músculos do tronco e também fortalecer as capacidades de equilíbrio e consciência corporal.
O ato de ficar sentado em forma de W pode ser bom quando funciona como posição transitório para uma postura em quatro apoios ou variação postural, bem como uma ativação abdominal na hora da troca.
Porém, quando o sentar em W é feito com muita regularidade e a criança assume apenas essa postura, isso pode ser prejudicial para seu desenvolvimento ao longo prazo, já que ela pode desenvolver alterações ortopédicas, ósseas e até motoras.
Entre os principais riscos de ficar sentado em W muito tempo, temos:
- Ausência de ativação abdominal;
- Maior risco de luxação do quadril;
- Sentado sobre o sacro (osso da base da coluna vertebral);
- Plantiflexão (movimentos em direção ao solo);
- Rotação interna dos membros inferiores;
- Diminui a coordenação motora;
- Interfere no desenvolvimento dos ossos e articulações do quadril e joelho;
- Prejudica o alongamento dos músculos;
- Desenvolve problemas na coluna;
- Prejudica a estabilidade do tronco.
Dessa forma, se a criança usa essa posição além da transição de postura, é preciso corrigir e adequar a forma que ela fica sentada, pedindo que se levante ou acomode de outra maneira.
Afinal, sentar em W é um sinal de autismo?
É comum que muitas famílias vejam seus filhos sentados em W e associem essa preferência como um possível sinal de autismo. Isso porque, nesses casos, a posição pode estar relacionada a algumas características do espectro autista, como dificuldades motoras, equilíbrio, flexibilidade e controle postural.
Crianças com TEA podem apresentar padrões motores únicos, e a posição de sentar em W pode ser uma forma de compensar ou lidar com essas dificuldades. Além disso, crianças no espectro podem ter mais dificuldade em explorar o ambiente, tendo uma rotação menor do corpo e posturas menos complexas.
Mas de acordo com os critérios do DMS-5, sentar em W não tem nenhuma relação direta com o diagnóstico de autismo!
É fundamental lembrar que cada criança é única, e nem todas as crianças com autismo exibirão todos os mesmos sinais. Além disso, alguns sinais podem estar presentes em crianças sem autismo.
Portanto, é fundamental procurar a orientação de profissionais especializados em desenvolvimento infantil para uma avaliação completa e precisa sempre que você observar quaisquer sinais de atraso no desenvolvimento infantil.
Conclusão
Embora o comportamento de sentar em W seja observado em algumas crianças com autismo, não é uma característica exclusiva desse transtorno. O autismo é um espectro diverso, e o diagnóstico baseia-se na análise clínica cuidadosa de diversas características.
A alteração corporal e postural da criança deve ser desenvolvida e estimulada o tempo todo, seja ela uma criança típica ou atípica, já que isso favorece a consciência corporal, o equilíbrio, exploração do ambiente e desenvolvimento motor.
Converse com o pequeno e procure ensinar novas posições, ajeitando as pernas para quem não fique muito tempo em W. Outra possibilidade é mudar os brinquedos e criar novas oportunidades de aprendizado para a postura, seja por brincadeiras ou atividades da vida diária.
Aqui em nosso blog já temos um conteúdo com dicas de brincadeiras para integração sensorial que podem ajudar crianças com autismo no seu dia a dia, vale a pena ler:
5 dicas de brincadeiras para integração sensorial no autismo