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A escola é um dos ambientes em que muitas crianças com TEA passam grande parte de seu tempo e representa uma oportunidade singular para o desenvolvimento de habilidades de comunicação, socialização e convivência em grupo.
Para que a criança autista receba o apoio necessário dos profissionais da escola, é essencial que eles tenham informações detalhadas sobre ela, tanto em relação às suas potencialidades quanto aos seus desafios. Para isso, podemos contar com uma carta de apresentação e um relatório descritivo.
Esses documentos são oportunidades excelentes para que tanto a família quanto a equipe que cuida de seu desenvolvimento deem informações que auxiliem a instituição a dar o melhor suporte para aquela pessoa, garantindo o respeito e acolhimento necessários para a socialização, desenvolvimento e aprendizado.
No entanto, esse processo de escrever, seja um relatório descritivo do aluno autista ou uma carta de apresentação para a escola, pode ser bastante desafiador para a família ou profissionais que não sabem bem por onde começar ou o que adicionar.
Neste texto, trazemos 7 passos para você aprender a montar o relatório descritivo de uma criança com autismo. Ao final, temos um modelo próprio para você baixar e usar com sua criança!
Qual a diferença entre um relatório descritivo e a carta de apresentação de crianças autistas?
Tanto um relatório descritivo quanto uma carta de apresentação são documentos com o objetivo de fornecer informações detalhadas sobre a criança autista, destacando suas características, necessidades, habilidades e desafios específicos. Eles podem, inclusive, ser entregues para a escola juntos.
A maior diferença entre eles é que o relatório descritivo é algo desenvolvido pelos profissionais que acompanham a criança e mais focado em áreas do desenvolvimento infantil e, a carta de apresentação, pode ser escrita pelos pais, com as principais informações/características e gostos da criança autista, para dar suporte para toda a equipe profissional da escola.
O relatório descritivo, junto com a carta de apresentação, irão fornecer uma análise abrangente da criança autista, incluindo seu histórico médico, diagnóstico, desenvolvimento cognitivo, habilidades de comunicação, comportamentos sociais e sensoriais, e estratégias de intervenção eficazes para aquela criança autista.
Saber das estratégias eficazes para a criança com TEA é fundamental para os professores de educação infantil que acompanham a criança.
Os dados da carta de apresentação ajudarão a entender o que a criança gosta, não gosta, o que ela está acostumada — informações que, muitas vezes, são transmitidas pelas próprias crianças neurotípicas, mas que, no caso da criança autista, muitas vezes é um desafio essa comunicação nesse período da educação infantil (mas não para todas).
Já os dados do relatório descritivo irão auxiliar esse profissional a organizar as melhores estratégias do ambiente social e de sala de aula para essa criança.
Como fazer um relatório de uma criança com autismo?
Existem alguns pontos principais que não podem ficar de fora na hora de construir esse documento e que precisam estar compilados e organizados de forma assertiva para quem for ler. São eles:
- Aspectos cognitivos;
- Aspectos psicomotores;
- Aspectos sensoriais;
- Comorbidades;
- Comportamento;
- dos conteúdos acadêmicos;
- Grau e nível de aprendizagem e assimilação
- Habilidades adaptativas;
- Habilidades sociais;
- Linguagem e comunicação;
- Sono e alimentação.
Além disso, podem ser adicionados outros detalhes que ajudam na compreensão e direcionamento desses profissionais, explicando mais sobre o desenvolvimento motor da criança, sua participação nas aulas, quanto de interesse demonstra em determinados assuntos e até mesmo como é a interação com outras crianças.
Por que fazer um relatório descritivo de crianças autistas para os profissionais da educação infantil?
Uma intervenção focada em rigor clínico para uma criança com TEA envolve e conta com todas as pessoas que fazem parte do dia a dia dessa criança.
Por esse motivo, é importante que a equipe multidisciplinar que acompanha o desenvolvimento da criança faça uma avaliação para conhecê-la melhor e criar e aplicar um modelo de intervenção que respeite suas singularidades.
Com a escola, é o mesmo. Além de ser um espaço de convivência e aprendizado fundamental para pessoas com autismo, as crianças costumam passar boa parte do tempo nas escolas.
As horas no ambiente escolar são horas muito preciosas para o desenvolvimento dessa criança. As crianças autistas são muito diferentes umas das outras e, assim, ter um relatório descritivo que conte um pouco de quem aquela criança está sendo nesse momento e como poder auxiliá-la trará:
- Maior coerência em como todas as pessoas veem essa criança
- Maior alinhamento em relação a como essa criança é tratada
- Maior possibilidade de ajuste de rota na intervenção, se for necessário, pois é possível ver a evolução da criança com mais clareza
O relatório descritivo e a carta de apresentação devem ser vivos, ou seja, serem refeitos a partir das mudanças da criança, garantindo que estejam sempre atualizados com as características da criança com TEA quanto à comunicação, socialização, dificuldades sensoriais e sociais, e estratégias de intervenção para o ambiente da escola.
7 passos para escrever um relatório descritivo com carta de apresentação da criança autista
1 – Comece pela carta de apresentação
Inicie com uma carta de apresentação, ela deve ter o máximo de informações relevantes em relação a como essa criança é, ou seja, pela perspectiva de quem convive com a criança autista, quais são seus gostos, potências e desafios. Podendo ter:
- O que ela gosta (itens, brincadeiras, alimentos, interação social)
- O que não gosta (itens, brincadeiras, alimentos, interação social)
- O que deixa essa criança triste/brava/desorganizada e qual a melhor forma de ajudá-la nessas situações
- Descrever se a criança tem alguma alergia, algo que não possa entrar em contato, algum cuidado necessário
- Como é o sono e a alimentação dessa criança — (Dica: esse relato é importante de ser dado diariamente, caso a criança tenha alguma questão de sono ou alimentar, para que as pessoas que a acompanham se atentem a necessidades que ela tenha durante o dia)
Faça uma breve introdução apresentando a criança e o porquê de você estar fazendo aquele relatório.
Uma dica legal é que a família pode escrever como se fosse a criança no documento”, por exemplo:
“Olá, eu sou a Carol. Tenho 5 anos e recebi meu diagnóstico de autismo grau 2 de suporte há pouco tempo. Esse relatório é para você me conhecer mais e saber auxiliar o meu desenvolvimento na escola”.
2 – Comece então o relatório descritivo com o histórico médico da criança
Aqui, você trará o histórico médico e de intervenção dessa criança, podendo conter:
- História médica da criança
- Desenvolvimento motor dela
- Intervenções que faz e rotina
- Medicamentos que usa ou já usou
- Comorbidades
Em resumo, qualquer informação que você considere importante e relevante para a escola.
3 – Características de desenvolvimento
Esses dados devem ser disponibilizados pelos profissionais e vão descrever como é a criança quanto a áreas do desenvolvimento importantes, para os profissionais da escola que acompanham a criança terem acesso.
Essa seção pode ter detalhado aspectos como:
- Aspectos cognitivos
- Aspectos psicomotores
- Aspectos sensoriais
- Desafios comportamentais
- Dos conteúdos acadêmicos
- Habilidades sociais
- Linguagem e comunicação
- Sono e alimentação
- Habilidades de vida diária
Lembre de colocar em uma linguagem acessível para que todos entendam! Após compreendido como é essa criança com TEA individualmente, os profissionais podem se beneficiar do que fazer quanto às principais necessidades da criança.
Assim sendo, é importante ter uma seção com todas as estratégias terapêuticas.
4 – Estratégias terapêuticas
Na seção de estratégias terapêuticas estará descrito tudo que é indicado para a criança para o seu melhor desenvolvimento e inclusão. Pode-se ter:
- Descrição de como ser um parceiro de comunicação no CAA — caso a criança use
- Descrição de como ajudar essa criança a se acalmar em um momento de muita desorganização
- Instruções em relação ao uso de suportes visuais que a criança necessite no ambiente de educação infantil
- Instruções em relação a como ajudar a criança a resolver problemas
- Descrição de como ajudar a criança a acompanhar o grupo e entender o que está sendo esperado dela
Se todos em torno da criança utilizarem as mesmas estratégias, a chance dessa criança entender melhor o que está sendo esperado dela — e o que fazer — também aumenta!
5 – Garanta que o relatório descritivo possui as evoluções da criança
Na educação infantil, muitas vezes os alunos trocam de professores. O relatório descritivo servirá como um documento histórico da criança.
É importante que informações não se percam e que quem acompanhe a criança possa entender o processo que ela passou. Assim sendo, tenha uma seção no relatório descritivo: “O que eu já aprendi”.
Para essa seção estar sempre atualizada, o passo 6 precisa acontecer:
6 – Estabeleça um tempo para rever se o relatório descritivo está correspondendo ao momento da criança
A criança com TEA, assim como qualquer outro ser humano, irá mudar com o tempo, irá aprender coisas novas, deixar de gostar de coisas e começará a gostar de outras.
O relatório descritivo precisa estar correspondendo ao momento presente dessa criança — é um documento vivo!
Os profissionais de educação infantil devem estar sempre com as informações corretas para conseguirem dar o melhor suporte possível para a criança autista e respeitá-la em sua individualidade.
7 – Tenha uma seção de respostas a perguntas e dúvidas dos professores
Lembrando que, assim como cada criança autista é única, cada escola de educação infantil será única também.
Pode ser que os professores tenham diversas dúvidas de como auxiliar a criança da melhor forma possível.
Assim sendo, ter uma seção que contenha respostas às principais dúvidas dos professores é essencial para esse documento poder auxiliar os profissionais do ambiente escolar — e a criança receber o melhor suporte possível para seu desenvolvimento.
Bônus: como fazer uma carta de apresentação para crianças autistas
A carta de apresentação pode ser escrita na perspectiva da criança, como se fosse ela contando para os colegas o que ela gosta, não gosta, quais os seus desafios e o que o outro pode fazer para ajudá-la, tornando o ambiente escolar de educação infantil mais inclusivo e acolhedor para a criança autista.
Os professores de educação infantil também podem fazer essa proposta para todas as crianças — afinal, quem não gosta de ser respeitado em suas diferenças?
Seguindo essas etapas, você conseguirá um relatório descritivo eficaz da criança com autismo para a escola, ajudando a equipe pedagógica a obter informações úteis para garantir o suporte adequado no ambiente escolar.
Conclusão
Conseguimos entender que um relatório descritivo, junto com a carta de apresentação, é essencial para fornecer informações abrangentes da criança autista.
Entre essas informações do relatório descritivo de aluno autista estão: histórico médico, diagnóstico, desenvolvimento cognitivo, habilidades de comunicação, comportamentos sensoriais e estratégias de intervenção eficazes.
Tanto o relatório descritivo quanto a carta de apresentação desempenham um papel essencial em facilitar a compreensão e o apoio à criança autista em diversos contextos sociais e educacionais.
Os dados são fundamentais para promover um ambiente inclusivo e de apoio para crianças autistas, ajudando a construir pontes de comunicação e compreensão entre a criança, seus cuidadores e a comunidade ao seu redor.
Precisa de ajuda? Clique no botão abaixo e use nosso modelo de relatório descritivo com carta de apresentação para te auxiliar!
12 respostas para “Educação infantil: 7 passos para fazer o relatório descritivo da criança com autismo para o ambiente escolar”
Olá, sou auxiliar de desenvolvimento de dois alunos do 4° ano e as orientações aqui apresentadas foram fundamentais para que eu possa desenvolver um relatório para cada uma delas. Uma com TEA e outra com TOD
Olá, Ana Paula. Como vai? Esperamos que muito bem.
Nós que agradecemos pelo seu relato. Para nós é importante saber que nossos conteúdos ajudam mais e mais pessoas no entendimento do espectro autista.
Abraço.
Adorei as orientações. Sou professora é a primeira vez que estou com uma turma de maternal crianças de 2 a 3 anos. Nesta turma tenho 3 alunos com TEA. Isso me deixa bastante angustiada do que posso fazer para ajudar meus pequeninos os 3 são não verbal. O que posso fazer pra eles desenvolver a fala?
Olá, Marlene. Como vai? Esperamos que muito bem.
Marlene, gostaríamos de agradecer pelo relato em seu comentário.
Veja esse conteúdo sobre linguagem funcional no autismo?
https://genialcare.com.br/blog/linguagem-funcional/
Esperamos ter ajudado.
Abraço.
Dicas muito valiosas para nós pais de autista.muito grata
Olá, Claudiane. Como vai? Esperamos que muito bem.
Nós que agradecemos. É muito bom ler seu comentário. Assim, estamos alcançando o objetivo de informar pessoas sobre o espectro autista.
Abraço.
Amei as dicas, preciso dessas dicas urgentemente. Muito obrigado, são dicas que será de muita valia
Olá, Dinei. Como vai? Esperamos que muito bem.
Que bom! Ficamos muito felizes em saber que podemos te ajudar. Estamos sempre aqui para o que precisar.
Abraço.
Maravilhoso todas as dicas dadas para melhorar o desenvolvimento do relatório
Olá, Nancy. Como vai? Esperamos que muito bem!
Agradecemos imensamente seu comentário. Esperamos que nossas dicas possam realmente ajudar você. Contem sempre conosco.
Abraço!
Parabéns 👏👏👏 utilizou uma linguagem clara e elucidativa, transcorrendo pontualmente nos sinalizadores acadêmicos.
Olá, Cláudia. Como vai? Esperamos que muito bem!
Agradecemos imensamente seu comentário.
Esperamos ter você sempre aqui conosco.
Abraço!