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Você sabe o que significa o termo eloping no autismo? também conhecido como elopement, essas palavras estão relacionadas com a fuga de uma criança com TEA em determinados momentos.
Esse é um comportamento bastante comum em crianças atípicas, o de fugir correndo na rua ou sair andando para longe dos pais e pessoas cuidadoras. O maior perigo do eloping no autismo, e medo da família, é o de que acontece algo com a criança nessa fuga, já que ela pode não prestar atenção em carros, por exemplo.
Dessa forma, essa fuga é caracterizada pela saída repentina e não autorizada de um ambiente seguro ou da supervisão de um cuidador, podendo colocar a pessoa em situações de risco.
Para ajudar você a entender melhor esse comportamento, esse texto traz informações verdadeiras sobre o eloping e algumas dicas e estratégias que podem ajudar. Continue lendo para aprender!
O que é eloping no autismo?
O termo eloping no autismo descreve o comportamento de fuga repentina e não planejada, frequentemente observado em pessoas autistas.
Esse comportamento pode ocorrer em diferentes contextos, como no ambiente doméstico ou em locais públicos. O eloping no autismo pode ser motivado por uma vários de fatores, como:
- Sensibilidades sensoriais intensas;
- Ansiedade;
- Crises de shutdown ou meltdown;
- Dificuldades na comunicação;
- Busca por estímulos sensoriais específicos.
Por que meu filho autista foge?
Uma das razões pelas quais uma criança com autismo pode fugir está ligada à ativação da resposta de luta ou fuga — uma ocorrência automática do corpo diante de um perigo percebido. Essa resposta faz com que a criança sinta que escapar ou lutar é a única maneira de se proteger.
Embora todas as pessoas tenham esse instinto de sobrevivência, muitas crianças com autismo apresentam uma percepção de perigo mais elevada. Isso significa que não é necessário enfrentar uma ameaça real para que essa ocorrência seja acionada.
Por exemplo, uma criança pode fugir ao ver uma abelha, acreditando que será picada, mesmo que a situação não represente um risco imediato.
Outra razão para o comportamento de fuga pode ser uma curiosidade natural de explorar o ambiente, combinada com uma compreensão limitada ou inexistente dos perigos.
Eles podem querer descobrir o mundo ao seu redor, mas não têm consciência de que é inseguro fazer isso sem supervisão.
Além disso, motivos sensoriais podem influenciar esse comportamento. Uma criança que evita estímulos sensoriais pode fugir de ambientes barulhentos e lotados, buscando um local mais tranquilo.
Por outro lado, uma criança em busca de estímulos sensoriais pode deixar o local para procurar algo que lhe proporcione prazer, como brincar em um trampolim no quintal de um vizinho.
Exemplos de comportamento de eloping
É importante lembrar que o eloping no autismo pode assumir várias formas, uma vez que o diagnóstico de autismo é algo individual e que terá características diferentes para cada pessoa.
Dessa forma, não existe uma única explicação para essa fuga. O que existem são comportamentos frequentemente impulsionado por fatores como:
- Buscar por um local ou objeto de interesse;
- Fuga de estímulos sensoriais aversivos;
- Falta de compreensão dos perigos.
Entre os principais exemplos de comportamento de fuga em crianças com autismo, temos:
- Sair pela janela do quarto em momentos sem supervisão;
- Sair correndo por portas;
- Corrida repentina enquanto a criança caminhava;
- Fugir de quintais ou espaços abertos enquanto outros estão distraídos;
- Afastar-se da família em ambientes movimentados ou com muitos estímulos;
- Sair da sala de aula enquanto professor está ocupado;
- Tentar sair de um veículo em movimento.
O perigo do eloping no autismo
Como falamos, o eloping no autismo é quando a criança sai correndo sem rumo, desligada ou distraída, deixando um ambiente acolhedor para um espaço de risco, muitas vezes sem os pais perceberem.
De fato, esse é um comportamento que assusta muito as pessoas cuidadoras, já que a rua pode representar consideravelmente perigoso, especialmente para pessoas que apresentam níveis de necessidade e suporte constantes.
Um dos maiores receios relatados por pais é o risco de atropelamento. É comum que pessoas autistas tenham uma percepção reduzida de perigo, tornando-as mais vulneráveis, não apenas a acidentes, mas também a interação.
As pesquisas destacam a prevalência e os riscos associados à fuga em indivíduos com TEA. Um estudo publicado no Pediatrics revelou que 49% das crianças com autismo já tentaram fugir, com 24% delas enfrentando perigo de afogamento e 65% risco de lesões no trânsito.
Outro estudo da National Autism Association indicou que, entre 2011 e 2016, quase um terço dos casos de fuga envolveram indivíduos com autismo tratados em morte ou necessitados de atenção médica, sendo o afogamento a principal causa de fatalidades.
Esse é um evento que ocorre com frequência em famílias atípicas. Por isso, é essencial aumentar a conscientização e a empatia da sociedade para saber como agir em tais situações.
Identificar uma criança autista, levá-la para um local seguro, procurar seus responsáveis e garantir sua proteção são ações que podem fazer toda a diferença na garantia de sua segurança e bem-estar.
Estar atento a uma criança correndo sozinha na rua pode salvar uma vida. Um olhar de cuidado pode ser um ato decisivo de proteção.
Estratégias para prevenir a fuga de crianças autista
Para famílias atípicas que têm uma criança com comportamentos de elopement ou que convivem com alguma criança que foge, é importante existir um plano pronto com antecedência para os responsáveis saberem o que fazer quando a criança fugir.
Por mais que isso pareça uma medida complexa, ter um plano (mesmo que seja básico) ajuda a evitar desespero e pânico generalizado, criando um caminho mais seguro e efetivo para evitar possíveis acidentes.
Se você ainda consegue ver a criança:
- Siga o caminho que ele está fazendo de acordo com o perigo e risco, isso pode ser correndo ou de forma mais calma;
- Use comandos que ele já conheça para desacelerar a fuga, como “pare” “volte” “nome da criança” ou outros;
- Tente não gritar, entrar em pânico ou dar muitas instruções. Isso pode fazer com que a criança fique ainda mais desesperada e corra para mais longe;
- Alerte pessoas próximas, como vizinhos, funcionários e outros, que ajudem a alcançar a criança.
Caso você não consiga ver a criança:
- Chame a polícia ou outras autoridades que possam ajudar;
- Pense em lugares e espaços que ela pode ter ido a partir da sua fuga;
- Pergunte a irmãos, colegas, amigos onde ela pode estar;
- Alerte familiares, amigos, vizinhos e profissionais que possam cuidar da criança em determinados momentos.
Lembre-se: se você tem contato com a equipe que acompanha o seu desenvolvimento e outros profissionais da saúde, converse anteriormente sobre o eloping no autismo e trace planos baseados nessas orientações.
Cada criança é única e essas dicas são apenas passos que podem ajudar. Mas é importante respeitar o repertório e individualidade de cada criança, adaptando as possibilidades.
Outras dicas que podem ajudar com o eloping no autismo são:
- Supervisão constante sempre que possível: mantenha vigilância na próxima, especialmente em locais públicos ou desconhecidos.
- Ambientes seguros: instale fechaduras e alarmes em portas e janelas para evitar saídas não autorizadas.
- Ensino de habilidades de comunicação: incentive o uso de palavras ou sinais para expressar desejos ou desconfortos, diminuindo a necessidade de fuga.
- Intervenções comportamentais: implemente técnicas de modificação comportamental para ensinar a criança a permanecer em locais seguros e responder especificamente a estímulos desconfortáveis.
Conclusão
O eloping no autismo é um comportamento sério que requer atenção e estratégias eficazes para garantir a segurança, tanto da pessoa autista, quanto de seus familiares e pessoas cuidadoras.
Compreender os motivos por trás desse comportamento e implementar medidas preventivas pode reduzir significativamente os riscos associados, proporcionando tranquilidade para famílias e cuidadores.
Uma dica muito importante é garantir que essa criança tenha algum tipo de “identificação” como o cordão de girassol, por exemplo. Esse objeto, por mais simples que pareça, pode ajudar muito na hora de garantir que outras pessoas saibam que aquela é uma criança com autismo e que pode precisar de suporte.
Em nosso blog já temos um conteúdo completo sobre esse cordão, leia agora mesmo para continuar aprendendo: