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bebe comendo macarrão com o rosto todo sujo e uma colher na mão

Veja como a escalada do comer pode melhorar a alimentação do seu filho

A escalada do comer é uma estratégia bastante usada em pessoas com autismo que apresentam recusa ou seletividade alimentar persistente. Por meio dessa escalada é possível criar experiências sensoriais positivas com os alimentos, diminuindo as barreiras na hora das refeições.

Um estudo feito pelo Departamento de Pediatria da Universidade de Medicina de Atlanta, USA, mostrou que crianças autistas têm 5 vezes mais chances de apresentarem dificuldades alimentares, quando comparadas com crianças neurotípicas. Essa rejeição pode ser por conta do cheiro, cor, textura, sabor ou outros aspectos dos alimentos.

Exatamente por esse padrão alimentar rígido, é comum que muitas pessoas no espectro não consigam atingir as necessidades nutricionais ideias para um desenvolvimento saudável, o que preocupa a família e pessoas cuidadoras.

No artigo de hoje, vamos explicar como a escalada do comer pode ser usada no dia a dia de crianças com TEA que tenham seletividade alimentar, melhorando a alimentação e o desenvolvimento nutricional dessas pessoas. Confira!

O que é escalada do comer?

A escalada do comer ou escalada para o alimento é uma estratégia usada na introdução de novos alimentos para pessoas que apresentam qualquer grau de seletividade alimentar, como as crianças com TEA, por exemplo.

Ela é uma ferramenta bastante simples e visual que cria um tipo de passo a passo para a aproximação e aceitação, gradativa, dos alimentos que a criança não costuma comer. Esses passos ou etapas funcionam como um “escalada” mesmo, avançando novos degraus.

Cada situação é única, mas em muitos casos há a dificuldade e/ou recusa da criança de experimentar alimentos novos, pelo fato de que, ao comer, as crianças dentro do espectro recebem interferência de estímulos sensoriais, e por problemas de modulação sensorial da audição, visão, olfato, paladar e toque, rejeitam o alimento.

Por isso, é muito importante seguir cada um desses passos para que a criança com autismo consiga ter previsibilidade das mudanças e se adaptar a elas, diminuindo as barreiras das refeições e se alimentando melhor a cada dia.

É fundamental ressaltar que: paciência e respeito são os pontos-chave para alcançar o objetivo de comer, sempre respeitando o tempo da criança e nunca forçando comer algo que não deseja.

Quais são os passos da escalada do comer?

Essa é uma estratégia que requer tempo, dedicação e constância, pois pode levar algum tempo para o entendimento e aceitação de que um alimento pode fazer parte da rotina. Por isso, não se esqueça de entender com o profissional que acompanha o desenvolvimento qual o perfil específico da criança, e como essa estratégia pode ser aplicada de acordo com isso.

Cada caso deverá ser analisado cuidadosamente para definir quais os estímulos corretos.

Tendo isso em mente, chegou a hora de você conhecer quais são os “degraus” que a escalada do comer segue para ajudar a pessoa autista a se adaptar às novidades da alimentação.

1. Tolerar

O primeiro passo da escalada do comer permite que a criança fique próxima do alimento sem sentir qualquer incômodo ou desconforto. Isso pode ser feito apenas visualmente, ou até mesmo deixando o alimento perto, ou já no prato. Com isso, a criança entende a aprende a tolerar determinado alimento.

2. Interagir

Já na próxima etapa a criança é estimulada a sentir interesse por esse alimento, começando a interagir com ele aos poucos, aceitando tocar, seja com a mão ou com o garfo. Uma ótima dica para esse passo é adicionar o alimento nas brincadeiras e interesses da criança, por exemplo, pedindo para ela alimentar uma boneca com isso.

3. Cheirar

Seguindo a etapa de interação com o alimento, a criança se aproxima ainda mais e sente o seu cheiro, fortalecendo o vínculo com ele e permitindo que o cérebro crie a conexão entre o olfato e a visão.

4. Tocar

Na próxima etapa ela aceita pegar o alimento com as mãos, mexendo nele de forma natural. Talvez os passos 2, 3 e 4 possam acontecer juntos, ou talvez cada etapa seja feita de uma forma mais lenta, dependendo do ritmo e interesse da criança.

5. Provar

No quinto passo a criança coloca o alimento na boca, se familiarizando com suas características no paladar, como sabor, textura e temperatura. Pode ser que ela cuspa, mastigue, morda ou apenas passe a língua.

6. Comer

Por fim, a escalada do comer termina quando a criança aceita comer, de fato, o alimento, mastigado e o engolindo. Em seguida, ele já passa a fazer parte da dieta e rotina, podendo ser inserido em diferentes preparos e texturas.

Uma dica valiosa para as famílias: em todas as etapas da escalada do comer é importante existir o estímulo de curiosidade da pessoa autista, perguntando sobre o que ela acha, qual deveria ser o cheiro, o que ela pensa da textura, etc. Isso ajuda a tornar o processo mais natural e orgânico.

Como a família pode ajudar com a escalada do comer?

A família tem papel importante durante todo o processo da escala do comer, seja ajudando ou até mesmo servindo de modelo e exemplo para tal. Por isso, permitir brincadeiras com os alimentos é fundamental para que a criança consiga aprender a conviver com o item escolhido.

Além disso, lembre-se de criar um ambiente leve, tranquilo e divertido para as refeições, sem pressionar ou forçar nada. Pode ser difícil, mas é importante manter a calma, dialogando com a criança e permitindo que ela esteja livre para tocar, cheirar e interagir com o alimento da maneira que for melhor. Aqui a sujeira pode fazer parte do processo.

Converse com a criança em cada etapa, certificando que ela pode experimentar se quiser, mas não é obrigada a nada. A organização do ambiente, a maneira de ofertar o alimento e o treino alimentar tornam a experiência mais agradável para a criança.

Além disso, essas outras dicas podem ajudar a tornar o processo mais fácil:

  • Mantenha a rotina, estabelecendo horários e previsibilidade do que vai acontecer;
  • Evite adicionar guloseimas e lanches que não fazem parte do planejado;
  • Procure variar bastante, permitindo que a criança explore o máximo possível;
  • Incentive a autonomia para que ela consiga se servir e escolher o que deseja;
  • Transforme o momento das refeições em algo lúdico e interessante;
  • Comemore as conquistas e avanços da criança, facilitando a generalização do comportamento;
  • Evite eletrônicos nesse momento, já que eles podem tirar o foco e atenção da criança na hora de comer.

A seletividade alimentar no autismo é algo bastante difícil, mas com os estímulos certos e uma equipe multidisciplinar capacitada para garantir o desenvolvimento, a criança conseguirá atingir resultados extraordinários.

Por isso, o papel de um profissional de Fonoaudiologia é muito importante, potencializando o prazer da alimentação e diminuindo as barreiras do comer. Em nosso blog, já fizemos um conteúdo sobre como o Fonoaudiólogo pode ajudar nesse momento, acesse e leia:
Seletividade alimentar no autismo

Conheça nosso atendimento para autismo

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