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Ensinar emoções no autismo é importante considerando qualquer Plano de Ensino Individualizado (PEI). Isso porque, assim como crianças com desenvolvimento típico precisam aprender a observar, nomear e descrever o que sentem para conseguirem se regular emocionalmente e manterem relações sociais saudáveis, crianças no espectro também precisam.
Esse texto apresenta o que são as chamadas habilidades emocionais, como funciona o trabalho destinado ao ensino de emoções no autismo, além de indicar o porquê dele se fazer tão importante. Vamos lá?
O que são habilidades emocionais?
As competências relacionadas ao ensino de emoções e regulação emocional fazem parte do conjunto de comportamentos que chamamos de habilidades sociais.
Segundo Del Prette e Del Prette (2005), alguns dos comportamentos que fazem parte do ensino de competências emocionais são:
- Observar e nomear emoções – as próprias e dos outros;
- Reconhecer emoções dos outros;
- Falar sobre emoções e sentimentos positivos e negativos;
- Regular as próprias emoções;
- Tolerar frustrações.
Porém, se essas são habilidades com as quais não nascemos, como se dá o seu aprendizado? O próximo tópico esclarece essa questão.
Como as crianças aprendem as emoções?
Toda criança, tendo desenvolvimento típico ou atípico, precisa aprender ao longo do seu desenvolvimento, como iniciar e manter interações sociais de qualidade, além de como expressar suas emoções e regulá-las.
Esse ensino pode acontecer de maneira não programada, por exemplo, quando uma criança imita outras crianças mais velhas ao descrever para um amigo que ficou triste com o desfecho de uma discussão. Ou pode acontecer de maneira programada, quando é realizada uma atividade na escola ou na terapia com esse objetivo.
Mas como funciona o ensino de habilidades emocionais no autismo? O próximo tópico apresenta algumas formas.
Como ensinar emoções no autismo?
Como uma das principais características do TEA é o comprometimento na comunicação social, é possível que algumas crianças precisem de um ensino programado para aprenderem algumas dessas habilidades. Quando isso acontece, é papel dos profissionais que atuam com a criança programarem condições adequadas para esta aprendizagem.
Algumas das estratégias, baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA), utilizadas para ensinar a criança no espectro esse conjunto de competências, é o uso de histórias sociais ou da modelação por vídeo. Abaixo seguem alguns exemplos:
- Histórias sociais: contar uma história na qual o personagem central passa por uma situação que produz uma emoção específica e pedir para a criança nomeá-la, a partir da descrição da situação ou do que o personagem fez.
- Modelação por vídeo: vídeo de uma situação conflituosa entre duas pessoas e pedir para a criança descrever o que cada um dos personagens sentiu e como poderiam se comportar para regular suas emoções.
Sempre é feita uma análise individual do que a criança precisa saber fazer como requisito básico para chegar até o alvo. É claro que as estratégias dependem da avaliação individual de cada caso, uma criança que ainda está aprendendo a responder ao próprio nome, não passará por essa intervenção nesse momento, por exemplo.
A empatia e as emoções no autismo
É comum vermos informações sobre como pessoas com TEA se relacionam com as suas emoções e com as dos outros. E com frequência informações equivocadas são disseminadas, como a ideia de que pessoas no espectro não tem empatia.
Assim como todas as habilidades descritas acima são aprendidas ao longo da nossa história de desenvolvimento, a empatia também é. Dessa forma, dentro do ensino planejado de habilidades sociais, está o ensino de habilidades que fazem parte do que chamamos de empatia, como por exemplo:
- Observar;
- Prestar atenção, ouvir e demonstrar interesse pelo outro;
- Reconhecer e inferir emoções do outro;
- Demonstrar compreensão pela experiência do outro;
- Oferecer ajuda.
Além disso, já exploramos anteriormente o “problema da empatia dupla”, que descreve que da mesma forma que uma pessoa autista demonstra dificuldades em entender os pontos de vista de pessoas neurotípicas, indivíduos fora do espectro também apresentam essa mesma dificuldade em relação a pessoas atípicas. Apesar disso, o peso e expectativa social de adaptação recai de maneira desproporcional em indivíduos que estão no espectro.
Para continuar lendo sobre como funcionam as intervenções para autismo e a capacitação de pais para possibilitar o desenvolvimento de seus filhos, leia nosso blog!