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Você já pensou como seria sua vida se você não conseguisse se expressar por meio da fala? Essa é a ideia principal do documentário “O que me faz pular”, adaptação do livro de mesmo nome do escritor japonês Naoki Higashida.
O documentário mostra em diversos pontos de vista, como as pessoas autistas enxergam o mundo e como elas se comunicam sem usar a fala, seja pulando em um trampolim ou criando um mural para reflexões.
Neste artigo você vai saber mais sobre o documentário e o livro “O que me faz pular”, conhecer o escritor, e entender sobre a história da adaptação para as telas.
Quem é Naoki Higashida?
Naoki Higashida, japonês, autista severo e não verbal, é o autor do livro “O que me faz pular” e mais de 20 livros publicados. Para produzir suas obras, ele usa uma prancha alfabética, apontando letra por letra do que quer transferir para o papel.
Naoki já revelou, em algumas entrevistas, que repete a pergunta de outras pessoas como uma forma de “peneirar suas lembranças”, tentando encontrar a resposta que procura.
Em um dos seus textos mais famosos, ele compara sua memória, como pessoa no espectro, como uma piscina de bolinhas, e a de pessoas neurotípicas como uma fila.
“Para viver como um ser humano nada seria mais importante do que a capacidade de me expressar.”
Seu livro mais famoso é de fato “O que me faz pular” (The Reason I Jump, em inglês) e que foi escrito aos 13 anos de idade; o primeiro do jovem autor. Além disso, a obra também apresenta algumas anedotas criadas por ele para mostrar a diferença entre a percepção de autistas e não autistas.
Livro “O que me faz pular”
A obra “O que me faz pular” é um conjunto de ensaios reunidos em forma de livro, mostrando o ponto de vista do próprio Higashida, toda a sua experiência como pessoa autista.
Nele, o autor descreve com muita delicadeza vários dos processos mentais responsáveis por comportamentos que muitas vezes destoam daquilo que é esperado.
A narrativa acontece a partir de diversas perguntas feitas por não autistas, como:
- Por que você faz as mesmas perguntas o tempo todo?
- Por que você nunca para quieto?
- Por que você pula? — pergunta que deu origem ao nome da obra.
A história de Higashida mostra que, diferente do imaginário comum, as pessoas autistas estão longes de serem insensíveis e indiferentes ao mundo, sendo tão complexas quanto qualquer pessoa típica, repletas de empatia, senso de humor e imaginação.
O documentário O que me faz pular foi baseado no livro?
Sim, como falamos anteriormente, o documentário “O que me faz pular” é uma adaptação desse bestseller lançado no Japão em 2007, mas é importante lembrar que essa história é uma adaptação norte-americana da versão do livro.
O documentário foi dirigido por Jerry Rothwell, sendo considerado vencedor do Prêmio da Audiência de documentários no Sundance Film Festival 2020.
A versão traduzida para o português foi lançada apenas em 2014 e, apesar de a obra ter feito muito sucesso aqui no Brasil, depois que todos os exemplares feitos pela editora Intrínseca foram esgotados, ele parou de ser publicado, por isso é muito difícil de encontrar exemplares traduzidos para português.
Onde assistir o documentário O que me faz pular?
Apesar desse documentário ter tido sua estreia nos cinemas dos Estados Unidos em 8 de janeiro de 2021, e estar disponível no Disney+ em vários países e na Netflix nos EUA, ainda não é possível encontrá-lo disponível em nenhum serviço de streaming no Brasil.
Muitas pessoas conseguiram ver sua exibição em abril de 2022, quando o canal de TV National Geographic, fez uma apresentação em sua grade. O motivo foi a celebração do Dia Mundial de Conscientização do Autismo.
No site do documentário é possível encontrar diversas informações atualizadas sobre onde ele já está disponível e qual a previsão de chegada em outros países. Além de contar com informações de todas as pessoas que aparecem nas filmagens, e um pouco mais sobre o diretor e produtores.
O que é Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA)?
Como a questão principal (tanto do livro quanto do filme) é o entendimento de que: não conseguir falar não significa que uma pessoa não tenha nada a dizer, a história nos mostra a importância da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) e como essa terapia para autismo é uma excelente maneira de se expressar e relacionar melhor.
A CAA é uma das práticas baseadas em evidências usadas nas intervenções de pessoas com TEA, que foca em uma comunicação mais efetiva dos indivíduos. Nela são usados sistemas de comunicação, não essencialmente verbais ou vocais (como a fala), para atingir algum tipo de recurso.
Existem várias estratégias de CAA que dão suporte para pessoas com dificuldade na comunicação, como:
- Placas com imagens;
- Fotografias;
- Tablets ou computadores;
- E até mesmo a linguagem de sinais.
Uma das formas mais conhecidas de comunicação alternativa aumentativa para pessoas no espectro é o PECS (Sistema De Comunicação Por Troca De Figuras ou Picture Exchange Communication System, em inglês), um sistema de prancha que cria uma troca de figuras para o acesso de itens ou atividades determinadas.
Comunicação Facilitada
Quando pensamos em CAA, ainda existem algumas dúvidas a respeito do assunto, como, por exemplo, a ligação com a Comunicação Facilitada, que é bastante confundida com a alternativa e aumentativa.
Esse tipo de método é considerado uma técnica desacreditada na comunidade autista. Ela apareceu como uma abordagem desenvolvida nos anos 1980, em que existia a presença de um facilitador para pessoas não verbais.
O foco é ter um profissional que seja um tipo de ponte entre o indivíduo autista e a comunicação. Uma forma muito conhecida da comunicação facilitada é usando um teclado para digitar textos direcionados pela pessoa no espectro.
No podcast Introvertendo, Paulo Alarcón e Tiago Abreu conversaram com a fonoaudióloga Leiza Leite para entender melhor a importância da CAA e também a diferença entre a comunicação facilitada. O episódio 192 – Comunicação Alternativa e o problema da comunicação facilitada também fala um pouco mais sobre o documentário “O que me faz pular” e discute ainda mais esse assunto.
Aqui no nosso blog você consegue encontrar diversos outros conteúdos sobre as práticas baseadas em evidências para o autismo, acesse: