Pesquisar
torne-se
3
especialidades
5
data-curso-360
2
5
07-curso
Dias
Horas
Min
Dias
Horas
Min
menina loira brincando de médico com um porco de pelúcia

Tenho dificuldades para levar meu filho autista ao médico, o que posso fazer?

Os cuidados com a saúde são essenciais para garantir o bem-estar de todos, sejam eles pessoas típicas ou atípicas. Quando as crianças precisam ir ao médico existe um medo natural pela associação do ambiente, o que gera uma ansiedade.

Porém, quando falamos de famílias de pessoas no espectro, essa dificuldade de levar a criança até o médico é ainda maior, já que esse pode ser um momento bastante desconfortável e que contribui com crises de pessoas no espectro.

Isso porque ir a uma consulta no médico ou ao hospital foge da rotina, algo que pode ser fundamental para algumas pessoas autistas, diminuindo assim a visibilidade das ações que irão acontecer durante o dia.

Muitas famílias e pessoas cuidadoras ficam sem saber o que fazer nesses casos, procurando por dicas que podem ajudar. Pensando nisso, conversamos com uma especialista no assunto, para trazer dicas e informações que são valiosas e podem amenizar a próxima visita ao médico.

Este é um conteúdo feito em parceria com a Dra. Bruna Ituassu, médica especializada em pneumologia pediátrica, pediatra especialista em autismo e TDAH e mãe da Havana, uma menina autista de 4 anos. Confira!

mulher de cabelo escuro abraçando criança no colo
Dra. Bruna Ituassu, pediatra especialista em autismo e TDAH e sua filha Havana, 4 anos, autista nível 1 de suporte.

Principais dificuldades de crianças autistas durante o atendimento médico

Sejam crianças típicas ou atípicas, existem muitas dificuldades relacionadas ao momento da consulta médica. Bruna afirma que alguns pontos, são mais desafiadores, tanto para as famílias quanto para a própria criança, que são:

  • Um número muito grande pessoas no mesmo local;
  • Muito barulho;
  • Maior quantidade de estímulos visuais;
  • O contato físico;
  • Espera muito longa para atendimento;
  • O fato de ser um local totalmente desconhecido;
  • Ou do profissional ser uma pessoa desconhecida.

O desconhecido pode ser uma questão difícil de trabalhar, pois muitas vezes, mesmo que a criança saiba e entenda onde ela está indo, ela não consegue visualizar com clareza o que vai acontecer naquele ambiente.

A pediatra também sinaliza a importância de entender que existe uma diferença entre o atendimento no consultório, no pronto-socorro ou hospital, por exemplo. Já que alguns espaços são mais adaptados e especializados para receber pessoas no espectro.

“Quando a gente fala de consultório, falamos outra estrutura. Por isso, eu sempre indico que os pais procurem lugares especializados e inclusivos, que tenham brinquedos, que tenham cores e que não tenham cara de consultório ou hospital”.

Ela traz como exemplo sua própria clínica, que é um espaço totalmente adaptado e preparado para receber uma criança autista ou com outro transtorno do neurodesenvolvimento infantil, ou síndrome. Existe uma área de regulação, um cuidado de marcar consultas espaçadas uma da outra e de se encaixar na rotina da família.

Além disso, ela conta que em muitos atendimentos, a própria família é quem fica desconfortável em dar liberdade para a criança explorar ou mexer em alguma coisa, com insegurança de que ela possa quebrar algo. Por isso, um ponto fundamental é deixar a família à vontade e consciente de que tudo que está ali pode ser explorado à vontade pela criança.

“Uma vez que a criança está livre e ta solta pelo ambiente, a gente conversa com a família inicialmente e depois começa a fazer essa aproximação”.

O que o médico pode fazer para diminuir esses desafios

Pensando que a principal dificuldade da criança ao visitar o médico é esse aspecto do novo e desconhecido, Bruna comenta que garantir um atendimento lúdico e usando o repertório da criança é uma das formas mais poderosas de diminuir essas barreiras.

“É natural que uma consulta com autista, seja ela onde for, leve um pouco mais tempo, porque a gente precisa criar um vínculo inicial, de brincar, de deixar a criança a vontade um pouco para explorar o consultório, que a gente faça esse vínculo inicial e comece a explicar e conversar”, reforça ela.

Além disso, o profissional também pode dar pistas visuais para essa criança, sempre mostrando os objetos, explicando para o que serve e deixando elas pegarem com as próprias mães, praticando o toque do exame na mãe, no pai e até em animais de pelúcia, para pôr última fazer de fato na criança.

“Assim criamos um círculo de confiança e criamos um pouco mais de empatia e aproximação”.

Outra questão importante que ela levanta são o uso de jalecos ou roupas brancas nas consultas. “O branco ele traz essa lembrança de estou no médico, de algo que dá medo”, comenta, por isso usar roupas coloridas, com animais ou personagens pode ser uma ótima saída para tirar a seriedade do local e a aflição da criança.

Por fim, a médica conta que um quadro de rotina, algo que implementa em seu consultório, é uma excelente ferramenta para que a família toda consiga deixar mais visual todo o processo do atendimento, desde a chegada até a saída.

Funciona assim: na chegada a família recebe um quadro para comentar os passos com a criança, que vai mostrar onde acabaram de chegar, e no quadro terá uma foto da clínica. Depois disso, vamos passar por ali e entrar naquela sala, e existe uma imagem da porta do consultório como suporte, e assim continuamos até o final do atendimento.

“Agora vamos falar com essa ‘tia’ aqui, aí tem uma foto minha em atendimento. Aí a ‘tia’ vai ver a boca e ouvido, aí tem uma foto de cada parte do corpo mencionado”.

Todo esse processo continua até o final, quando é legal dar uma recompensa para a criança. A dica é perguntar para a família o que é mais recompensador para a criança, pensando em seletividade alimentar ou outras restrições.

“Mas às vezes o mais recompensador e mais estimulante é uma massinha, é uma geleca, é um adesivo, é um desenho. Às vezes é até sentar e pintar, reforçar ela”, pontua a médica.

A importância da previsibilidade ao visitar o médico

Um ponto bastante comentado por Bruna é a previsibilidade para pessoas autistas na hora de visitar o médico. “Os autistas são muito visuais, então precisamos explicar, dar pistas visuais para essa criança, montando uma história visual, de onde ela vai, como vai ser, que horas ela vai voltar…”, reforça a pediatra.

Garantir previsibilidade é prevenir crises. Isso garante que a criança tenha o sentimento de saber onde ela está indo e com quem ela vai se encontrar. É fundamental respeitar o tempo e espaço, ouvindo se ela se sente confortável em ir a um determinado local e entendendo se ela deseja vir embora.

Uma dica que ela deu e que usa muito com a filha é o timer. Com esse objeto é possível mostrar quanto tempo uma determinada ação irá durar e em quanto tempo a família poderá voltar a sua rotina usual.

Além disso, ela indica muito a construção da previsibilidade um dia antes, trabalhando sempre a rotina do dia seguinte e adicionando suportes visuais para que a pessoa autista consiga entender o que terá de diferente amanhã.

“Um dia antes a gente monta a rotina do dia seguinte, e no dia seguinte a gente tem um card novo ali naquela rotina dizendo que amanhã ela vai conhecer um ‘tio novo’. Ela se refere ao consultório como brinquedoteca, porque tem muitos brinquedos, então a gente fala para ela que ela vai conhecer uma brinquedoteca nova, e que ela vai conhecer um ‘tio’ ou ‘tia’ nova e ela vai passar por um atendimento, e a gente explica da forma mais lúdica possível o que vai acontecer”.

Isso é muito valioso, já que garante que a criança fique menos ansiosa em consultas ou exames específicos, como, por exemplo, uma visita ao dentista. Aqui é possível usar um bichinho de pelúcia para demonstrar como será feito o exame, mostrando os dentinhos ou a boca.

Autistas têm direito a atendimento prioritário estabelecido por lei

Um aspecto bastante comentado pela Dra. Bruna foi o tempo de atendimento e as longas esperas, que podem contribuir com crises e desregulações emocionais da criança autista. Por isso, é importante ressaltarmos que pessoas autistas têm direito a atendimento prioritário em espaços de saúde.

A pediatra afirma que a importância da família sinalizar durante a triagem, especialmente em pronto-socorro, que a criança é autista e tem prioridade naquele atendimento.

“Muitas vezes o tempo de espera faz com que a criança se desregule, então é importantíssimo que as mães sinalizem para a equipe que o filho é autista e tem direito a prioridade de atendimento e que querem que estejam nas fichas, porque isso facilita pro médico que tem o primeiro contato com a cor que vem apontada nesta ficha, levando em consideração isso”, comenta.

Além disso, pessoas autistas têm vários outros direitos na saúde assegurados pela legislação brasileira. Temos um conteúdo completo sobre isso em nosso blog, vale muito a pena ler e entender mais sobre o assunto:

Direitos dos autistas na saúde

Conheça nosso atendimento para autismo

Esse artigo foi útil para você?

MEC: novas diretrizes para educação de crianças com autismo Just Dance + 3 jogos virtuais para conscientização da neurodiversidade Pessoas com TEA tem direito ao Benefício de prestação continuada (BPC)? 20/10 | Dia Mundial de combate ao Bullying Diagnóstico de autismo: por onde começar? Bradesco Saúde: novo plano de saúde parceiro da Genial Care Apraxia da fala: como ela impacta pessoas autistas? 4 Sinais de AUTISMO em bebês 13/10: dia do terapeuta ocupacional Dia mundial da Saúde Mental Jornada da Terapia Ocupacional – Integração Sensorial 29/10 – ONLINE Debate sobre neurodivergência na Alesp: veja como foi 21/09: Luta Nacional das Pessoas com Deficiências (PCDs) Rock in Rio: sala sensorial para pessoas autistas e com deficiências ocultas Omint: novo plano de saúde parceiro da Genial Care O que é rigidez cognitiva? Como usamos a CAA aqui na Genial Care? Dia do Psicólogo: entenda a importância do profissional no autismo Psicomotricidade: saiba o que é e qual sua relação com Autismo 3 séries sul-coreanas sobre autismo pra você conhecer! 5 atividades extracurriculares para integração social de crianças no TEA Existe reembolso para autismo pelo plano de saúde? Como ajudar crianças com TEA a treinar habilidades sociais? Câmara aprova projeto que visa contratação de pessoas autistas O que é Integração sensorial de Ayres? Olimpíadas 2024: conheça a história e atletas com TEA Dia Mundial de Conscientização da Síndrome do X Frágil Dia Nacional do Futebol: inclusão e emoções das pessoas com TEA Se o autismo não é uma doença, por que precisa de diagnóstico? Aprovado Projeto de Lei que obriga SUS aplicar a escala M-CHAT em crianças de 2 anos Dia mundial do Rock: conheça 5 bandas com integrantes autistas Como aproveitar momentos de lazer com sua criança autista? Senado: debate público sobre inclusão educacional de pessoas com TEA Emoções no autismo: saiba como as habilidades emocionais funcionam Dia do cinema nacional: conheça a Sessão Azul Por que precisamos do Dia do Orgulho Autista? Conheça o estudo retratos do autismo no Brasil 2023 | Genial Care Dia Mundial do Meio Ambiente: natureza e a interação de crianças TEA Pessoas com TEA tem direito ao Benefício de prestação continuada (BPC)? Cássio usa camiseta com número em alusão ao Autismo Marcos Mion visita abrigo que acolhe pessoas autistas no RS Existem alimentos que podem prejudicar a saúde de pessoas autistas? Escala M-CHAT fica de fora da Caderneta da Criança O que são níveis de suporte no autismo? Segunda temporada de Heartbreak High já disponível na Netflix Símbolos do autismo: Veja quais são e seus significados Dia Mundial de Conscientização do Autismo: saiba a importância da data Filha de Demi Moore e Bruce Willis revela diagnóstico de autismo Brinquedos para autismo: tudo que você precisa saber! Dia internacional das mulheres: frases e histórias que inspiram Meltdown e Shutdown no autismo: entenda o que significam Veja o desabafo emocionante de Felipe Araújo sobre seu filho autista Estádio do Palmeiras, Allianz Parque, inaugura sala sensorial Peça teatral AZUL: abordagem do TEA de forma lúdica 6 personagens autistas em animações infantis Canabidiol no tratamento de autismo Genial Care recebe R$ 35 milhões para investir em saúde atípica Autismo e plano de saúde: 5 direitos que as operadoras devem cobrir Planos de saúde querem mudar o rol na ANS para tratamento de autismo Hipersensibilidade: fogos de artifício e autismo. O que devo saber? Intervenção precoce e TEA: conheça a história de Julie Dutra Cezar Black tem fala capacitista em “A Fazenda” Dia do Fonoaudiólogo: a importância dos profissionais para o autismo Como é o dia de uma terapeuta ocupacional na rede Genial Care? O que é rigidez cognitiva? Lei sugere substituição de sinais sonoros em escolas do Rio de janeiro 5 informações que você precisa saber sobre o CipTea Messi é autista? Veja porque essa fake news repercute até hoje 5 formas Geniais de inclusão para pessoas autistas por pessoas autistas Emissão de carteira de pessoa autista em 26 postos do Poupamento 3 torcidas autistas que promovem inclusão nos estádios de futebol Conheça mais sobre a lei que cria “Centros de referência para autismo” Como a Genial Care realiza a orientação com os pais? Dia das Bruxas | 3 “sustos” que todo cuidador de uma criança com autismo já levou Jacob: adolescente autista, que potencializou a comunicação com a música! Síndrome de asperger e autismo leve são a mesma coisa? Tramontina cria produto inspirado em criança com autismo Como a fonoaudiologia ajuda crianças com seletividade alimentar? Genial Care Academy: conheça o núcleo de capacitação de terapeutas Como é ser um fonoaudiólogo em uma Healthtech Terapeuta Ocupacional no autismo: entenda a importância para o TEA Como é ser Genial: Mariana Tonetto CAA no autismo: veja os benefícios para o desenvolvimento no TEA Cordão de girassol: o que é, para que serve e quem tem direito Como conseguir laudo de autismo? Conheça a rede Genial para autismo e seja um terapeuta de excelência Educação inclusiva: debate sobre acompanhantes terapêuticos para TEA nas escolas Letícia Sabatella revela ter autismo: “foi libertador” O que é discalculia e qual sua relação com autismo? Rasgar papel tem ligação com o autismo? Quem é Temple Grandin? | Genial Care Irmãos gêmeos tem o mesmo diagnóstico de autismo? Parece autismo, mas não é: transtornos comumente confundidos com TEA Nova lei aprova ozonioterapia em intervenções complementares Dicas de como explicar de forma simples para crianças o que é autismo 5 livros e HQs para autismo para você colocar na lista! Como é para um terapeuta trabalhar em uma healthcare? Lei n°14.626 – Atendimento Prioritário para Pessoas Autistas e Outros Grupos Como fazer um relatório descritivo?