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A dieta sensorial é definida como um programa de atividades planejadas e programadas que o terapeuta ocupacional desenvolve especificamente para atender as necessidades do sistema nervoso da criança com alterações ou atraso no desenvolvimento.
O objetivo da dieta sensorial para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é auxiliar o foco e a regulação e promover o desenvolvimento de autonomia.
Esse programa inclui uma combinação de atividades que ajudam a elevar o nível de atenção, engajamento e organização da criança, por estímulos que podem ser excitatórios (como brincar de cócegas, de balançar em diversas direções e intensidades) ou regulatórios (como uma música calma, uma massagem bem gostosa), que variam de acordo com as necessidades da criança.
Nesse texto você vai conhecer sobre as práticas da dieta sensorial, e entender de que forma elas promovem saúde e bem-estar para uma criança com TEA!
O que é dieta sensorial?
Uma dieta sensorial é um conjunto de atividades que compõem uma estratégia sensorial, as quais são apropriadas para as necessidades de um indivíduo.
Ela não tem relação com as dietas nutricionais, mas recebe esse nome porque tem o pressuposto de “nutrir” o cérebro de informações sensoriais, como forma de acompanhamento para crianças com Transtorno de Processamento Sensorial ou de Integração Sensorial.
Assim como os grupos de alimentos: carboidratos, verduras e legumes, frutas, leite e derivados, carnes e ovos, leguminosas e oleaginosas, óleos e gorduras e doces, que dão nutrientes diários requeridos para o desenvolvimento saudável, uma dieta sensorial diária é capaz de preencher as necessidades físicas, emocionais e sensoriais.
Por exemplo, é sugerido que a criança faça longas pausas durante o dia – sem nenhum tipo de estímulo – ou que se movimente diariamente com frequência. Esse tipo de estímulo é sugerido ao longo do dia em uma dieta sensorial.
Qual profissional pode receitar uma dieta sensorial?
As atividades indicadas na dieta sensorial são feitas por um terapeuta ocupacional, e são específicas e individualizadas, programadas para o cotidiano com o intuito de auxiliar na regulação dos níveis de atividade, atenção e respostas.
Além das sugestões de atividades para incluir na rotina, ela procura exercícios que impactem a perspectiva de ações presentes no dia a dia. É indicado fazer atividades rotineiras de forma enriquecida, adicionando certos grupos de estímulos que estimulam o cérebro e o mantém ativo!
Cerca de 80% das nossas atividades típicas são de rotina, e isso minimiza e limita o esforço intelectual. Por isso, é possível adaptar esses atos rotineiros em exercícios que podem ajudar o estímulo a ser melhor integrado pela criança com TEA:
- Instruir a criança a vestir-se olhando no espelho (mais fácil e coerente, para ter apoio de outra informação sensorial);
- Movimentar o corpo, alongar, dançar, pular;
- Utilizar escova elétrica durante a escovação de dentes;
- Empurrar e puxar;
- Realizar massagem no corpo da criança antes de dormir;
- Brincar com texturas: massinha, papel picado, gelo, etc.
É importante lembrar que a dieta sensorial não substitui a terapia de integração sensorial. A dieta é um complemento que procura deixar a criança mais organizada de acordo com as necessidades que ela possa ter em diferentes contextos para potencializar a participação nas atividades diárias e a demanda que ela tem naquele momento especifico.
Além disso, as atividades de dieta sensorial devem ser individualizadas e modificadas frequentemente para fortalecer a jornada evolutiva da criança.
Dieta sensorial no autismo
A criança no espectro autista, com o transtorno de processamento sensorial, precisa de uma dieta individualizada, que inclui informações sensoriais, como:
- Táteis – perceber através da pele as características de um objeto (forma, tamanho e textura), e outras sensações como pressão, temperatura e dor.
- Vestibulares – sistema do equilíbrio, que detecta informações como o balanço, alterações gravitacionais, movimentação, deslocamento do corpo, informações sobre velocidade e movimento de cabeça também.
- Proprioceptivos – localização espacial do corpo, com percepção ou sensibilidade da posição, deslocamento, equilíbrio, peso e distribuição do próprio corpo e das suas partes.
Quando há dificuldade nesses aspectos de desenvolvimento, o terapeuta ocupacional inicia o acompanhamento com terapia especializada associada a dieta sensorial, para impulsioná-la na jornada de descoberta.
Tipos de atividades sensoriais
A atividades sensoriais envolvem estímulos excitatórios, que aumentam o nível de atividade de uma criança e por isso, podemos chamá-las de estimulantes; e atividades que envolvem estímulos inibitórios, que normalmente ajudam a acalmar e organizar as crianças, sendo que podemos caracterizá-las como calmantes e organizadoras.
Essas atividades têm o objetivo de preparar a criança autista para realizar outras atividades que possuem dificuldades. Cada uma delas possui uma característica diferente. Vamos conhecer as três:
1- Atividades sensoriais calmantes
São atividades de alerta que beneficiam a criança com o nível de atividade alta (hipo) ou sobrecarga sensorial (hiper). E podem ser aplicadas no dia a dia, estimulando as sensações diversas, como, por exemplo:
- Balançar em um ritmo constante e repetitivo;
- Tomar um banho de chuveiro (água morna);
- Ver objetos se movimentando lentamente e repetidamente (podendo usar o auxílio de aplicativos e vídeos animados);
- Ouvir uma música calma e ritmada.
2- Atividades sensoriais estimulantes
Ajudam a criança com baixo nível de alerta – principalmente, ou para crianças que precisam de uma intensidade de estímulos muito grande, para dar conta das demandas do ambiente. Alguns exercícios indicados para esse caso são:
- Morder uma sobremesa azedinha e/ou cítrica, ou uma barra de fruta gelada;
- Balançar em diferentes direções e intensidades;
- Entrar e sair da posição de cabeça para baixo
- Receber cócegas;
- Brincar na areia.
3- Atividades sensoriais organizadoras
São aquelas que auxiliam a regular as respostas da criança, e podem ser estimuladas ao:
- Mastigar barras de cereal, frutas secas, queijo, chiclete ou casca de pão;
- Pendurar-se pelas mãos em uma barra;
- Puxar ou empurrar pesos;
- Pular em uma bola de terapia;
- Pular para cima e para baixo em uma cama elástica ou até mesmo no colchão.
Lembre-se: cada criança é única, e possui um perfil sensorial diferente, com necessidades singulares. Procure um profissional de confiança, que conheça a realidade de sua família, e que avalie seriamente o perfil da criança para indicar as atividades da dieta sensorial de forma adequada.
Quer saber de outras práticas da terapia ocupacional que auxiliam o desenvolvimento das crianças no espectro autista? Acesse nossa página de conteúdos sobre T.O.!