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gráfico com os dados de prevalência do autismo nos EUA de acordo com CDC

Prevalência do autismo: novos dados do CDC indicam 1 a cada 31 crianças autistas

Esse conteúdo passou por revisão clínica de Alice Tufolo, Psicóloga e Conselheira clínica da Genial Care | CRP 06124238


 

A prevalência do autismo está aumentando, e um novo levantamento do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA), divulgado em abril de 2025, revela um dado inédito: 1 em cada 31 crianças americanas de 8 anos foi identificada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em 2022.

Agora, os dados publicados pelo CDC (Center of Diseases Control and Prevention) indicam um aumento na taxa se comparado com o antigo, também feito pelo Centro em 2022, que apontava 1 em cada 36 crianças no espectro autista.

Isso representa uma prevalência de 32,2 casos a cada 1.000 crianças — o número mais alto já registrado pelo órgão. Para comparação, no ano 2000, esse índice era de 1 em cada 150 crianças. Essa é uma proporção que vem crescendo nos últimos anos:

  • 1 para cada 150 em 2004
  • 1 para cada 88 em 2008
  • 1 para cada 59 em 2014
  • 1 a cada 44 em 2018
  • 1 a cada 36 em 2020
  • 1 a cada 31 em 2022

Para entender como esses dados são coletados e validados, e qual a relação da prevalência do autismo no Brasil, continue nesse texto.

Como funciona o estudo de prevalência do autismo do CDC?

O monitoramento feito através do CDC, conta com pesquisa da Rede de Monitoramento de Deficiências de Autismo e Desenvolvimento (ADDM), um programa financiado pelo CDC para coletar dados para entender melhor o número e as características de crianças com transtorno do espectro do autismo (TEA) e outras deficiências de desenvolvimento que vivem em diferentes áreas dos Estados Unidos.

Os objetivos da Rede ADDM são:

  • Descrever a população de crianças com TEA;
  • Comparar quão comum é o TEA em diferentes áreas do país;
  • Medir o progresso na identificação precoce do TEA;
  • Identificar mudanças na ocorrência de TEA ao longo do tempo, e
  • Entender o impacto do TEA e condições relacionadas nas comunidades dos EUA.

Assim, os levantamentos de prevalência de autismo feitos pelo centro foram a partir do monitoramento de duas faixas etárias em 16 pontos nos Estados Unidos. Por isso, não é uma prevalência nacional, mas sim um indício interessante sobre o crescimento da taxa.

“As diferenças na prevalência do autismo de crianças entre as comunidades dos EUA pode ser devido às diferenças na disponibilidade de serviços para detecção e avaliação precoce, além das práticas diagnósticas disponíveis na região.” diz o estudo publicado pelo CDC.

O que explica o aumento na prevalência do autismo?

É importante falar que não existe uma “epidemia de autismo” como muitas pessoas dizem por aí. Com o aumento nas informações sobre TEA e potencialização sobre diagnóstico precoce, mais pessoas estão buscando entender melhor suas características ou de suas crianças.

Segundo o CDC, o crescimento está diretamente ligado à melhora no acesso ao diagnóstico, principalmente em regiões onde há maior cobertura de saúde e redes organizadas para detecção precoce.

Em estados como a Califórnia, onde há políticas de rastreamento ativo em consultórios pediátricos, a prevalência passou de 50 a cada 1.000 crianças. Já em cidades como Laredo, no Texas, onde há menos estrutura, o índice é quase cinco vezes menor.

Essa variação mostra que o número de diagnósticos cresce conforme a estrutura de saúde pública melhora — e não porque há mais crianças com autismo do que antes.

Qual é a prevalência de autismo no mundo?

Mas se esses dados representam apenas os EUA, como podemos saber qual a prevalência global do autismo? Apesar de não termos um estudo globalizado e integrado, é possível tomar como base estudos como o do CDC para entendermos um aumento nas pessoas autistas de todo mundo.

Atualmente existem estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicando que cerca de 1% a 2% da população mundial está dentro do espectro autista. Esse número vem sendo ajustado à medida que países ampliam suas ferramentas de diagnóstico e conscientização.

Por isso, estudos e pesquisas sobre TEA são extremamente importantes, já que com isso conseguimos garantir maior informação e dados verídicos para entender sobre populações atípicas.

Qual a prevalência de autismo no Brasil?

De acordo com a OMS, estima-se que dentre 200 milhões de habitantes, cerca de 2 milhões de autistas, mas essas informações estão desatualizadas. Dessa forma, como a população total no país é de 200 milhões de habitantes, significa que 1% da população estaria no espectro.

Hoje, sabemos que o autismo não é uma doença, por isso não tem cura. Foi somente em 2013 que o TEA passou a constar na nova Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, a CID (ICD na sigla em inglês para International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems).

Para comprovar esse número, e entender qual é a prevalência do autismo no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), colocou – pela primeira vez – o autismo no radar das estatísticas em 2022.

Com uma única pergunta em seu censo, o objetivo foi mapear quantas pessoas vivem com o transtorno autista e quantas podem ter, mas ainda não receberam o diagnóstico. Por enquanto, os resultados desse censo ainda não foram disponíveis.

Esse dado foi incluído após a sanção da Lei 13.861/19, que obriga o IBGE a inserir perguntas sobre o autismo no Censo de 2020. Esses dados deveriam ter sido mapeados em 2020, mas foram adiados para 2022 por conta da pandemia da COVID-19.

COVID-19 influenciou nos dados da prevalência do autismo

De acordo com o CDC, a pandemia de COVID-19 trouxe interrupções na identificação precoce do TEA entre crianças pequenas. Essas interrupções podem ter efeitos duradouros, como resultado de atrasos na identificação e também no início das intervenções.

Em 2020, as crianças nascidas em 2016 tinham 1,6 vezes mais chances do que as crianças nascidas em 2012 de serem identificadas como tendo TEA aos 48 meses de idade. Isso é importante, pois quanto mais cedo uma criança for identificada com TEA, mais cedo as pessoas cuidadoras podem procurar por intervenções que ajudem a desenvolver de forma saudável.

Uma análise comparando o número de avaliações e identificações de TEA antes e depois do início da pandemia de COVID-19 descobriu que, antes da pandemia, crianças de 4 anos recebiam mais avaliações e identificações do que crianças de 8 anos.

No entanto, essas melhorias na avaliação e no diagnóstico de TEA foram “pausadas” a partir de março de 2020, por conta da pandemia.

 

De 2016 até o início de 2020, crianças de 4 anos tiveram mais avaliações e identificações do que crianças de 8 anos (quando tinham 4 anos) de 2012 a 2016. | Gráfico elaborado pelo CDC.

profissional clínica assoprando bolhas de sabão com menino feliz ao lado

O TEA foi identificado com taxas mais altas em alguns grupos de crianças do que em anos anteriores

Em outro texto do blog prevalência do autismo, divulgamos o relatório de pesquisa anterior, onde a prevalência apontada era de que 1 em cada 44 pessoas eram autistas nos Estados Unidos. O relatório foi feito em 2018 também pelo CDC e divulgado em 2021.

Pela primeira vez, os dados do ADDM descobriram que a porcentagem de crianças negras de 8 anos (2,9%), hispânicas (3,2%) e asiáticas ou das ilhas do Pacífico (3,3%) com TEA era maior em comparação com crianças de 8 anos. Crianças brancas (2,4%). Isso é o oposto das diferenças raciais e étnicas observadas em relatórios anteriores de ADDM.

Por exemplo, no artigo de prevalência de autismo nos EUA, há diferença nos resultados entre os grupos raciais e étnicos, pois as crianças americanas/nativas do Alasca, representaram um resultado muito maior de crianças com TEA, do que as brancas-não hispânicas. E em vários locais, as crianças hispânicas apresentaram menor prevalência de TEA do que crianças brancas e crianças negras não hispânicas.

Além disso, pela primeira vez, a porcentagem de meninas de 8 anos identificadas com TEA foi superior a 1%, mas os meninos tiveram quase 4 vezes mais chances de serem identificados com TEA do que as meninas.

O ADDM observou que:

Qual o impacto desses números?

Além de serem significativos, os resultados divulgados contribuem de forma científica, fazendo com que mais estudos sejam realizados sobre o TEA. Assim, é possível descobrir mais sobre o transtorno e investigar suas causas, que hoje são apontadas como genéticas e ligadas a fatores ambientais.

Além disso, segundo o artigo do CDC, provedores de serviços, como organizações de saúde e sistemas escolares, pesquisadores e formuladores de políticas, podem usar as descobertas da Rede ADDM para oferecer planejamento de serviços de suporte para as pessoas autistas e suas famílias.

Isso impacta também as políticas que promovem melhores resultados nos cuidados de saúde e educação, e na orientação de pesquisas sobre fatores de risco e proteção para TEA.

O diagnóstico precoce continua sendo o foco principal da ADDM Network do CDC, pois é uma das ferramentas mais importantes que as comunidades têm para ajudar a fazer a diferença na vida de crianças com TEA.

De acordo com o CDC, o rastreio continua, e as características de crianças com TEA e trabalhando para entender os fatores associados aos resultados entre crianças e adolescentes com TEA à medida que envelhecem e fazem a transição para a idade adulta.

O papel do diagnóstico precoce na prevalência do autismo

O diagnóstico precoce do autismo é essencial para garantir o acesso a terapias, inclusão escolar e apoio familiar. Quando o TEA é identificado nos primeiros anos de vida, é possível desenvolver estratégias de intervenção mais eficazes e promover maior qualidade de vida.

Quanto mais novo maior a neuroplasticidade – capacidade do cérebro de criar novas conexões – e assim sendo, é mais “fácil” para o cérebro integrar o que está aprendendo.

Nos EUA, esse foco no diagnóstico precoce ajudou a identificar um número maior de crianças com sinais leves, que em décadas passadas provavelmente passariam despercebidas.

O CDC, reforça que a prevalência do autismo cresce porque estamos olhando melhor — não porque algo novo está causando mais casos.

Conclusão

O diagnóstico precoce do autismo é essencial para garantir o acesso a terapias, inclusão escolar e apoio familiar. Quando o TEA é identificado nos primeiros anos de vida, é possível desenvolver estratégias de intervenção mais eficazes e promover maior qualidade de vida.

Pensando no Brasil, precisamos investir em formação profissional, acesso ao diagnóstico precoce e estrutura de qualidade para famílias atípicas. O autismo não é um problema a ser contido, mas um transtorno a ser compreendido com seriedade, empatia, políticas públicas e intervenções de qualidade.

Aqui na Genial Care já falamos sobre como fazemos nossa terapia personalizada e ajudamos crianças com autismo e suas famílias. Você pode ler esse texto clicando aqui:

Entenda sobre as terapias personalizadas da Genial Care

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