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Bilinguismo no autismo: conheça os benefícios em aprender uma língua no TEA

Quando falamos no Transtorno do Espectro Autista (TEA) a preocupação com a linguagem e fala é sempre algo muito presente, isso porque, esse transtorno do neurodesenvolvimento é caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social.

Dessa forma, muitos pais e famílias de pessoas autistas ficam em dúvida sobre o bilinguismo no TEA, se as crianças conseguiram aprender uma segunda língua ou se é possível que elas se comuniquem de outra forma além do português.

Será que crianças no espectro conseguem aprender um novo idioma? E crianças autistas não verbais, podem entender e compreender o inglês, por exemplo? Essas são algumas das principais preocupações da família sobre esse assunto.

Para ajudar, criamos esse texto sobre bilinguismo e autismo e trouxemos informações essenciais de como aprender uma nova língua pode ser algo bastante benéfico para crianças com TEA. Acompanhe a leitura!

O que é bilinguismo?

Garoto praticando o bilinguismo. Ele está sentado e lê um livro de lingua estrangeira.

Antes de adentrarmos nos benefícios específicos para crianças com TEA, é importante entender o conceito de bilinguismo.

O bilinguismo é o domínio que uma pessoa tem em dois idiomas diferentes. Ou seja, uma pessoa só é considerada bilíngue quando ela consegue se comunicar em uma língua além da materna, que ela foi ensinada desde que nasceu.

Isso não significa apenas o domínio oral, mas também a compreensão escrita e cultural das línguas envolvidas. Dessa forma, ter habilidades de escutar, falar, escrever e ler em dois idiomas em um determinado nível já é considerado bilinguismo.

No contexto do autismo, o bilinguismo pode representar uma oportunidade única de estimular habilidades cognitivas e linguísticas, principalmente pelas barreiras de comunicação que muitas crianças no espectro têm.

Autismo e as dificuldades na linguagem e comunicação

Como falamos, o autismo muda como as pessoas veem e interagem com o mundo. Dessa forma, é muito comum que crianças com TEA tenham dificuldades em desenvolver habilidades de linguagem e também entender o que outras pessoas estão dizendo.

Além disso, elas podem ter barreiras para se comunicar verbalmente, sendo necessário utilizar outras partes do corpo como gestos, contato visual, expressões faciais e também ferramentas alternativas, como a CAA, por exemplo.

Isso porque a capacidade de crianças autistas de se comunicarem e usarem a linguagem depende do seu desenvolvimento intelectual e necessidade de suporte. Algumas podem não conseguir usar a fala, enquanto outras podem ter dificuldade com o ritmo de frases e palavras.

Entre as principais dificuldades relacionadas ao autismo, temos:

  • Linguagem restrita ou repetitiva;
  • Desenvolvimento desigual da linguagem;
  • Pouca ou nenhuma habilidade de linguagem não verbal.

Quando não há o suporte e estímulo na área de comunicação, a criança pode se sentir perdida e, principalmente, frustrada por não conseguir ser compreendida ao fazer um pedido, ou até mesmo expressar um sentimento.

A comunicação fortalece a relação de todo ser humano, é através dela que conseguimos nos relacionar com as pessoas de nossa casa, nosso trabalho e em lugares que habitamos de forma rotineira.

Assim acontece para a criança, quando ela utiliza a autonomia da comunicação para se expressar com a pessoa cuidadora, com os amigos na escola, os professores e em momentos preciosos de brincadeira e troca.

Aprender uma segunda língua pode ajudar crianças com TEA?

Muitos pais e profissionais da saúde se questionam se introduzir uma segunda língua no cotidiano de uma criança com TEA é benéfico ou prejudicial. A resposta, baseada em estudos e experiências clínicas, aponta para uma série de benefícios significativos.

O bilinguismo relacionado ao autismo pode aprimorar a capacidade de adaptação a situações diferentes, estimulando respostas específicas para cada momento.

Dessa forma, uma criança acostumada com rotina teria menor dificuldade com obstáculos e frustrações se precisasse trocar de atividade quando as coisas saíssem do previsto, por exemplo.

Além disso, aprender uma segunda língua pode beneficiar crianças com TEA nos seguintes aspectos:

Estímulo cognitivo

O aprendizado de uma segunda língua requer a ativação de diferentes áreas do cérebro, desafiando habilidades cognitivas como atenção, memória e resolução de problemas.

Para crianças com TEA, essa estimulação pode ser especialmente vantajosa, contribuindo para o desenvolvimento global do cérebro e melhorando a capacidade de processamento de informações.

Melhoria da comunicação

Uma das características centrais do autismo é a dificuldade na comunicação verbal e não verbal.

Com o bilinguismo, ao aprender uma segunda língua, é possível proporcionar uma nova forma de expressão e compreensão, permitindo que a criança amplie seu repertório comunicativo e se conecte com o mundo de maneira mais eficaz.

Aumento da flexibilidade cognitiva

O bilinguismo estimula a flexibilidade cognitiva, ou seja, a capacidade de alternar entre diferentes línguas, contextos e estruturas mentais. Essa habilidade é fundamental para crianças com TEA, que enfrentam muitas vezes dificuldades na adaptação a mudanças e na compreensão de diferentes perspectivas.

Inclusão social e cultural

Ao dominar duas línguas, as crianças com TEA têm a oportunidade de participar de diferentes contextos sociais e culturais, ampliando suas redes de apoio e sua compreensão do mundo ao seu redor. Isso pode contribuir significativamente para a inclusão na sociedade.

Resiliência linguística

O bilinguismo pode promover uma maior resiliência linguística em crianças com TEA, ajudando-as a superar obstáculos na comunicação e a desenvolver estratégias adaptativas para lidar com diferentes situações.

Estudos sobre o bilinguismo no espectro autista

Esses pontos citados acima sobre o bilinguismo no espectro autista são baseados em pesquisas e estudos do tema. Entre os principais deles temos da Universidade McGill do Canadá publicado na revista científica Child Development.

Segundo esse estudo, o ensino de mais uma língua para crianças com TEA é positivo, pois melhora a flexibilidade cognitiva e permite maior capacidade de adaptação em diferentes situações.

Feito com 40 crianças entre 6 a 9 anos de idade — tanto dentro quanto fora do espectro — o estudo analisou como elas separavam objetivos por padrão (dividindo por cores ou até mesmo o formato). Com a conclusão, crianças bilíngues com TEA tiverem menor dificuldade para realizar a tarefa.

Esse estudo mostra que, diferente do mito de que aprender uma nova língua pode prejudicar crianças autista, o conhecimento de um segundo idioma pode gerar ainda mais oportunidades de aprendizagem.

Outro estudo feito com apoio da Universidade Thessaly na Grécia e Cambridge na Grã-Bretanha mostra que falar ou ouvir mais de um idioma pode beneficiar crianças com déficit na teoria da mente — habilidade de compreender as intenções, emoções e crenças de outras pessoas.

Além disso, os benefícios também se estendem para as funções executivas, responsáveis pelo planejamento, controle e organização de nossos pensamentos, ações e emoções.

Benefícios do bilinguismo em crianças com autismo

Essa prática de lidar com dois ou mais idiomas funciona como uma “ginástica” para o cérebro, promovendo ampliações no desenvolvimento humano. Quando falamos em crianças, estamos olhando ainda para a neuroplasticidade em seu máximo.

Por isso, é muito comum ouvirmos que crianças têm maior facilidade de absorver e reter conteúdos ensinados.

A neuroplasticidade (ou plasticidade neural, como também é conhecida) é a capacidade que o cérebro tem de se adaptar ou mudar por meio de alterações fisiológicas resultantes das interações com os ambientes.

Essa é uma habilidade que está presente nas células nervosas e que permite que todo o nosso sistema nervoso possa se ajustar a diversas situações, como lesões e traumas, por exemplo.

A grande verdade é que nunca é tarde para aprender algo novo. O que acontece é que esse processo é mais fácil quando somos mais jovens, e é por isso que crianças possuem maior facilidade em aprender novas línguas e adquirir novos hábitos do que os adultos.

Abordagem parental no bilinguismo no TEA

O bilinguismo no TEA não deve ser estimulado apenas durante as intervenções terapêuticas ou educação escolar, mas sim em todo momento possível, principalmente com os pais e famílias, em casa.

Por isso, pais que estimulam o aprendizado de outras línguas em momentos da rotina, podem potencializar o desenvolvimento da criança. Lembre-se de não criar uma pressão para a criança aprender algo e respeitar o tempo e limite dela.

  • Comece cedo: utilize atividades lúdicas e interativas para tornar o aprendizado divertido e envolvente.
  • Seja consistente: estabeleça uma rotina consistente de exposição à segunda língua, seja por meio de brincadeiras, músicas, histórias ou conversações diárias. A consistência é essencial para a consolidação do aprendizado.
  • Adapte o ensino: reconheça as necessidades individuais da criança e adapte as estratégias de ensino de acordo com seu perfil cognitivo e linguístico.
  • Promova interações sociais: incentive a criança a praticar a segunda língua em contextos sociais reais, seja com membros da família, amigos ou profissionais da saúde.
  • Valorize o progresso: reconheça e celebre o progresso da criança, o estímulo positivo é fundamental para manter a motivação e o engajamento.

Coloque isso como algo natural do dia a dia, talvez na hora de comer, tomar banho ou brincar. Você pode começar com comandos e palavras mais simples e ir aumentando o repertório conforme a criança se sentir confortável.

Conclusão

O bilinguismo pode representar uma ferramenta poderosa para crianças com TEA, proporcionando uma variedade de benefícios cognitivos, linguísticos e sociais.

Ao reconhecer o potencial das crianças com TEA e oferecer suporte adequado, podemos promover seu desenvolvimento global e sua inclusão na sociedade.

Converse com a equipe que acompanha o desenvolvimento da criança para explorar o bilinguismo como estratégia complementar no aprendizado, valorizando as habilidades únicas de cada criança e seu direito a uma educação inclusiva e enriquecedora.

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