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O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que muda a forma como as pessoas veem e interagem com o mundo. Por isso, aspectos como as necessidades fisiológicas e outros processos funcionais do corpo, podem impactar no desenvolvimento de crianças autistas e como elas percebem o mundo.
Algo muito comum de se ouvir quando falamos em necessidades fisiológicas e autismo, é sobre o desfralde e como esse processo pode ser difícil para pais e pessoas cuidadoras.
Isso porque, muitas crianças no espectro apresentam dificuldades de integração sensorial que podem criar barreiras na percepção de sensações e na organização do comportamento, o que significa que elas podem ser mais ou menos sensíveis aos estímulos como temperatura, cheiro e texturas e também ter dificuldades em identificar sinais corporais.
Neste texto, você vai entender melhor sobre a importância de olharmos para as necessidades fisiológicas, a partir da Pirâmide de Maslow, e o desenvolvimento de crianças com TEA, com foco na terapia ocupacional e na integração sensorial. Vem aprender!
O que é a Pirâmide de Maslow?
A Pirâmide de Maslow é uma teoria proposta pelo psicólogo Abraham Maslow que pressupõe a hierarquia das necessidades humanas.
De acordo com a teoria, os seres humanos possuem uma série de necessidades em comum que devem ser supridas por ordem de prioridade. Normalmente, esta pirâmide é utilizada na psicologia organizacional.
No entanto, podemos utilizar seus conceitos para compreender o impacto das necessidades fisiológicas no processo de aprendizado e desenvolvimento humano, principalmente quando falamos de crianças atípicas.
A pirâmide é dividida em cinco categorias:
- Necessidades fisiológicas
- Segurança
- Sociais
- Estima
- Autorrealização.
Essa pirâmide propõe que as pessoas tenham necessidades complexas que podem ser hierarquizadas.
Os indivíduos são motivados por diferentes níveis de necessidades, começando pelas necessidades fisiológicas e subindo para segurança, pertencimento, estima e, finalmente, autorrealização.
As necessidades fisiológicas como base da pirâmide
As necessidades fisiológicas são as necessidades básicas do ser humano relacionadas à sobrevivência, como alimentação, sono, repouso, abrigo e outras necessidades físicas.
Elas são consideradas o nível mais baixo de todas as necessidades humanas, mas são de vital importância e, por isso, devem ser atendidas antes que outras necessidades de níveis superiores possam ser satisfeitas.
Sem a satisfação das necessidades fisiológicas, uma pessoa não consegue progredir para as próximas etapas da pirâmide, que incluem as necessidades de segurança, amor e pertencimento, estima e autorrealização.
É importante ressaltar que as necessidades fisiológicas são universais e compartilhadas por todas as pessoas, independentemente de sua cultura, contexto ou condições socioeconômicas.
Como alguém pode chegar ao nível do amor e pertencimento, se suas necessidades fisiológicas, ou seja, suas necessidades de sobrevivência, não estão adequadas?
Qual a ligação entre as necessidades fisiológicas e o desenvolvimento infantil?
As necessidades fisiológicas são a base para o desenvolvimento saudável de qualquer criança. No contexto do TEA, essas necessidades adquirem uma importância ainda maior devido às especificidades desse transtorno.
Quando falamos de necessidades fisiológicas e desenvolvimento infantil, podemos considerar o papel da Terapia Ocupacional como a especialidade que se concentra em ajudar crianças a desenvolverem habilidades necessárias para suprir essas necessidades, dando suporte para que a criança realize atividades cotidianas e seu processo de aprendizado, melhorando assim sua independência e qualidade de vida.
Dessa forma, é muito importante promover a satisfação das necessidades fisiológicas, pois são a base das necessidades humanas, contribuem para o bem-estar geral e a qualidade de vida das pessoas.
Favorecendo que eles avancem em direção ao atendimento de outras necessidades mais complexas, como segurança, relacionamentos interpessoais, autoestima e autorrealização.
Alguns aspectos do corpo estão diretamente ligados a essas necessidades e podem impactar a vida de pessoas no espectro, como:
- Alimentação: crianças com TEA frequentemente enfrentam desafios relacionados à alimentação. Isso pode incluir seletividade alimentar, resistência a experimentar novos alimentos, preferências por texturas específicas e problemas gastrointestinais.
- Sono: distúrbios do sono são comuns em crianças com TEA, incluindo dificuldades para adormecer, manter o sono e acordar cedo.
- Exercício Físico: algumas crianças com TEA podem ter dificuldades em participar de atividades físicas devido a problemas motores ou sensoriais. Proporcionar ambientes que não sejam excessivamente estimulantes e com desafios motores compatíveis com as habilidades pode ajudar a criança a se sentir mais confortável durante a atividade física.
- Higiene e Autocuidados: crianças com TEA podem enfrentar desafios em atividades de autocuidado, como escovar os dentes, tomar banho e vestir-se. Essas atividades podem ser dificultadas por sensibilidades sensoriais ou dificuldades motoras.
As necessidades fisiológicas relacionadas à comunicação e comportamento
Durante o desenvolvimento típico, há um momento na infância em que a criança começa a perceber os incômodos relacionados às suas necessidades fisiológicas, ou seja, a criança começa a perceber e verbalizar que está com frio, fome, vontade de ir ao banheiro, etc.
Nesse intervalo de tempo, as pessoas cuidadoras devem reconhecer a importância dessas necessidades e atuar diretamente sobre elas, como forma de cuidado essencial e colaboração na homeostase da criança, garantindo alívio e equilíbrio interno.
As dificuldades em comunicar essa sensação simples, primitiva e básica podem fazer com que a criança tenha comportamentos desafiadores, tanto para aliviar sensações desagradáveis quanto pela dificuldade em não conseguir comunicar que está sentindo essa necessidade.
Assim, a identificação dessa motivação é essencial para um terapeuta ocupacional resolver uma questão dentro de sua sessão.
Junto disso, no tempo adequado, trabalhar a comunicação de nossas crianças com tato e outros sentidos do corpo, proporciona a possibilidade de exercerem autonomia e terem qualidade de vida.
As necessidades fisiológicas e a integração sensorial
E qual é a relação entre a integração sensorial e a percepção de sensações fisiológicas? Como já falamos aqui, crianças TEA apresentam alterações sensoriais que vão impactar no nível de alerta.
Ou seja, quando há alterações sensoriais, há grandes chances da criança ativar com maior frequência o sistema do cortisol, que é o nosso hormônio do estresse.
Agora imagine manter-se constantemente em alerta ao ambiente? Ativando o nosso sistema autônomo para lutar e fugir? Como é possível perceber se está com vontade de ir banheiro? Como é possível relaxar para conseguir dormir?
É aí que a integração sensorial tem um papel importante para dar suporte a percepção dessas necessidades fisiológicas, reduzindo a frequência com que uma sensação é aversiva, evitando a ativação do nosso sistema do cortisol.
Dessa forma, compreender e atender às necessidades fisiológicas e sensoriais das crianças com TEA é essencial para promover seu desenvolvimento e bem-estar e garantir qualidade de vida nas atividades diárias.
Conclusão
Compreender e atender às necessidades fisiológicas das crianças com TEA é essencial para promover seu desenvolvimento e bem-estar.
A terapia ocupacional, a integração sensorial e a aplicação dos princípios da Pirâmide de Maslow fornecem um quadro valioso para apoiar essas crianças.
Ao criar um ambiente seguro, estruturado e acolhedor, podemos ajudar as crianças com TEA a alcançar seu máximo potencial e ter um futuro muito mais independente e autônomo.
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