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A Análise de Tarefas é uma Prática Baseada em Evidências Científicas e está nas ferramentas utilizadas pela da Análise de Comportamento, conhecida também Ciência ABA, ou Terapia ABA.
Essa estratégia na ciência ABA é uma forma de quebrar, em pedaços menores, uma tarefa que pode ser complexa para uma pessoa. Ou seja, com ela, é possível potencializar as habilidades e ensinar um comportamento de forma simplificada em passos mais simples.
Quando falamos de crianças com autismo, essa estratégia é muito importante no desenvolvimento diário. Neste artigo você vai conhecer mais sobre os benefícios de utilizar a Análise de Tarefas no processo de aprendizagem de crianças autistas. Confira!
O que é a Análise de Tarefas?
O termo Análise de Tarefas, ou Task Analysis, significa, de forma simples, pegar uma habilidade complexa e dividi-la em etapas para facilitar o processo e o desenvolvimento da mesma, ou seja, “quebrar a tarefa maior em pequenos pedacinhos”.
Desta forma, é possível ensinar cada pedacinho desta habilidade maior, pausadamente, para a criança conseguir entender e aprender cada etapa, antes de passar para a próxima.
Por exemplo, vamos pensar em uma criança que tem dificuldade em escovar os dentes sozinha. Com a Análise de Tarefas pode quebrar toda essa habilidade em passos pequenos e que facilitam o aprendizado.
Assim, ela pode, primeiro, aprender como abrir a torneira para molhar a escova, desenvolvendo sua habilidade motora para girar, por exemplo. Depois, ela pode aprender a pegar a pasta e abrir o tubo, apertando para colocar a pasta de dente na escova.
Em seguida, ela pode aprender a manusear a escova na boca, entendendo como girar para escovar os dentes. E por aí vai, até que após todas as etapas se tornem um processo fácil para ser feito diariamente.
É importante lembrar que a pessoa só irá passar para o próximo passo, quando ela se sentir confortável com o primeiro. Por isso, a Análise de Tarefas considera o perfil individual e o processo de aprendizagem.
O que é ABA?
Como falamos, a Análise de Tarefas é uma estratégia que faz parte da Análise do Comportamento Aplicada (ABA), uma ciência de ensino e desenvolvimento, que direciona sua intervenção à modificação de comportamentos sociais pelos estudos, e pesquisas da Ciência do Comportamento.
As intervenções baseadas em ABA permitem a estruturação de um trabalho individualizado, respeitando a singularidade de cada criança.
Todo o acompanhamento e as intervenções que serão escolhidas consideram aspectos individuais da criança em questão, moldados e modificados de acordo com a evolução da criança e as necessidades da família.
Sendo assim, esse processo se baseia no repertório comportamental pré-existente da criança, e também na evolução comportamental que a mesma passa no decorrer do tratamento.
O acompanhamento de intervenções baseadas na ABA tem ganhado cada vez mais espaço no Brasil, e no mundo todo, principalmente quando se trata do contexto da aprendizagem direcionada a crianças com desenvolvimento atípico.
Uma das aplicações das técnicas e métodos da ABA, no acompanhamento de crianças com desenvolvimento atípico é realizada de forma estruturada.
E o foco da mesma consiste em ensinar novos comportamentos. Principalmente os relacionados à linguagem. Bem como, em diminuir a ocorrência de comportamentos estereotipados.
Os comportamentos que o acompanhamento baseado em ABA propõe promover são aqueles que, aplicados ao dia a dia da criança e de sua família, possam aumentar a qualidade de vida dos envolvidos.
E como a Análise de Tarefa funciona na Análise do Comportamento (ABA)?
O procedimento de Análise de Tarefa, dentro da ABA, descomplica, para a criança atípica, a execução de todo o processo de aprendizagem de uma habilidade, principalmente por essa divisão de tarefas, permitindo que a criança consiga aprender mais e melhor as novas habilidades que estão sendo apresentadas para ela.
Assim, a aprendizagem é realizada de passo a passo, com um aprendizado aprofundado de cada pedaço menor da habilidade. Até que seja possível chegar a habilidade maior, que é o objetivo final do procedimento.
Alguns dos objetivos da prática da Análise de Tarefas estão relacionados em promover o bem-estar e auxiliar a interação da criança autista com outras pessoas ao redor. Buscando, por exemplo:
- Desenvolver a tolerância ao contato corporal;
- Ensinar uma criança a utilizar um sistema alternativo e aumentativo de comunicação;
- Ensinar a rotina diária a uma criança.
Quando e como utilizar a Análise de Tarefas?
A Análise de Tarefas pode ser utilizada em qualquer momento do dia em que a criança precisa cumprir algum objetivo, seja ele uma atividade diária, ou até mesmo realizar a tarefa da escola.
Os componentes da Análise de Tarefas constituem uma cadeia de comportamentos, e o processo de ensinar o comportamento através do treino e reforço de cada um dos componentes chama-se encadeamento (chaining).
As sequências podem ser ensinadas por fases — da primeira para a última ou em sentido contrário — ou ensinando todas as componentes de uma vez. Esta decisão depende muito da avaliação do profissional e das necessidades de suporte da criança.
O ensino destas sequências envolve um acompanhamento próximo do responsável em ensinar a tarefa (profissional ou pessoa cuidadora), que pode utilizar suportes visuais, e, eventualmente, ajudas físicas.
Quando falamos em suporte visuais, muitas vezes é indicado fixar pequenos cartazes, ou criar um quadro, com imagens representativas das sequências a cumprir, para que as crianças possam seguir na ausência da supervisão do adulto.
Por onde começar a aplicar a Análise de Tarefas?
Como falamos, a Análise de Tarefas é um processo estruturado que envolve várias etapas. Desde a identificação da tarefa até a implementação de melhorias, cada fase desempenha um pedacinho para o processo.
Por isso, é importante entender como é possível fazer essa quebra de passos e como estruturar, de maneira eficiente e acessível, a tarefa para que a pessoa autista consiga desenvolver a habilidade.
1. Identifique a tarefa que você quer ensinar
A Análise de Tarefa pode ser aplicada em muitas habilidades do dia a dia, ou até mesmo tarefas relacionadas à escrita e aprendizagem. Converse com a equipe e entenda quais tarefas diárias podem ser aplicadas com essa estratégia.
Alguns exemplos são:
- Escovar os dentes;
- Se vestir;
- Ir ao banheiro;
- Comer;
- Escrever o próprio nome;
- Fazer a tarefa de matemática;
- Pintar um desenho.
2. Identifique as competências ou conceitos que a criança já detém para desempenhar a tarefa
É importante entender o quanto da tarefa a criança já consegue realizar. Ela consegue segurar a escova de dentes? Quanto tempo consegue ficar sentada no lugar? Quais letras do seu nome conhece? Este passo indica as competências ou conceitos necessários para realizar a tarefa.
3. Divida a tarefa numa sequência de passos
Esta é a fase essencial do processo e nem sempre é muito fácil. Como, por exemplo, no ato de lavar as mãos, que pode ser dividida em sete etapas, da seguinte forma:
- 1. Abrir a torneira;
- 2. Molhar as mãos na água;
- 3. Colocar sabonete nas mãos molhadas;
- 4. Esfregar as mãos até fazer espuma;
- 5. Tirar a espuma com água corrente;
- 6. Fechar a torneira;
- 7. Secar as mãos na toalha.
Cada “passo” da tarefa, irá auxiliar a pessoa atípica a entender a habilidade de forma simplificada, e também desenvolver habilidades específicas, como motoras, comportamentais ou de socialização.
4. Ajuste a sequência de passos às competências da criança
Por exemplo, se o objetivo for que a criança fique sentada durante 10 minutos, é preciso ver quanto tempo é que ela consegue ficar sentada neste momento e decidir qual será a progressão razoável.
Assim, a criança consegue estar sentada 2 minutos no início da intervenção, estabeleça objetivos de progressão, aumentando tempo gradualmente, 3 minutos, 5 minutos, até atingir os 10 minutos desejados.
Lembre-se: para que a Análise de Tarefas funcione, é muito importante que o terapeuta aplicador ABA, ou outros profissionais da equipe, acompanhem o desenvolvimento da criança e entendam quais habilidades ela necessita de maior intervenção.
Além de, é claro, estar sempre em contato com a pessoa cuidadora para compreender todas as singularidades da criança autista e quais são as necessidades e barreiras diárias.
Conclusão
A Análise de Tarefas é uma estratégia muito importante quando falamos do desenvolvimento de habilidades em pessoas atípicas. Com ela, é possível simplificar o comportamento e permitir que cada passo seja feito em seu tempo.
Ao compreender como funciona, podemos moldar de forma proativa o desenvolvimento de habilidades, melhorar o desempenho e promover um ambiente mais saudável e produtivo.