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Falamos muito sobre neuroplasticidade e como essa característica do cérebro ajuda no desenvolvimento infantil, potencializando a capacidade de se adaptar e reorganizar.
Esse é um mecanismo incrível de aprendizagem, muito dinâmico, que permite adaptações a diferentes experiências, contribuindo para a aprendizagem ou o “re-aprender”.
Assim, ao receberem estímulos do ambiente externo, o cérebro consegue se reorganizar e modificar sua estrutura, ou seja, desempenhando neurônios responsáveis por atuar em atividades motoras, sociais e de linguagem.
Atividades como aprender um instrumento, ou um novo idioma, causam mudanças fisiológicas que são possíveis graças à neuroplasticidade, essa capacidade que o cérebro possui de fazer novas conexões, considerados os grandes marcos da aprendizagem. Elas estão se formando constantemente, acompanhando nosso aprendizado.
Neste texto, você vai entender o que é a neuroplasticidade, como ela funciona e qual seu benefício quando pensamos em crianças com TEA.
O que é neuroplasticidade?
A neuroplasticidade (ou plasticidade neural, como também é conhecida) é a capacidade que o cérebro tem de se adaptar ou mudar por meio de alterações fisiológicas resultantes das interações com os ambientes.
Essa é uma habilidade que está presente nas células nervosas e que permite que todo o nosso sistema nervoso possa se ajustar a diversas situações, como lesões e traumas, por exemplo.
A grande verdade é que nunca é tarde para aprender algo novo. O que acontece é que esse processo é mais fácil quando somos mais jovens, e é por isso que crianças possuem maior facilidade em aprender novas línguas e adquirir novos hábitos do que os adultos.
Por esse motivo que a intervenção precoce é tão impactante. No entanto, aprender não é algo exclusivo das crianças — é parte do que nos torna humanos. Da infância até o nosso último dia, nós estaremos sempre vivendo como alunos.
É importante ressaltar que essa plasticidade neural é bastante comum na infância, já que esse é o período em que o indivíduo passa pelo desenvolvimento pessoal e adquire conhecimentos e hábitos sociais em uma velocidade maior, e algumas partes do sistema nervoso ainda estão em construção.
Além disso, fatores como motivação externa e ambientes enriquecidos são bem importantes na contribuição da neuroplasticidade.
Assim, nossos comportamentos dão um estímulo maior para nosso cérebro compreender a capacidade cognitiva e estabelecer respostas de acordo com as mudanças do espaço em que estamos inseridos.
Todo comportamento é aprendido
O comportamento é uma das maneiras pelas quais as conexões cerebrais impulsionam o aprendizado.
Ele permeia todos os domínios do desenvolvimento humano, incluindo linguagem, habilidades sociais e cognitivas. Impacta nosso bem-estar emocional e nossos relacionamentos, direciona o modo como interagimos com o mundo e como o mundo interage conosco.
O comportamento determina como expressamos e entendemos o amor, a alegria, a tristeza e o medo. Em outras palavras, o comportamento está em todo lugar, mas não é pré-determinado. Na verdade, todo comportamento é aprendido.
Os humanos são animais sociais, por isso aprendemos constantemente com nosso ambiente social. Um adulto tem centenas de micro oportunidades de aprendizagem por dia, já uma criança pode ter milhares.
Quando um adulto absorve as regras do caixa em um novo supermercado, ou quando uma criança aprende a usar a estrutura lúdica do playground, eles estão aprendendo com o ambiente.
Essas oportunidades de aprendizagem ocorrem dia após dia ao longo de nossas vidas, moldando nossos comportamentos e estrutura cerebral.
O que estimula a neuroplasticidade?
Antes de entendermos como a neuroplasticidade funciona, é importante lembrarmos das sinapses: principal mecanismo do nosso sistema nervoso.
Elas nada mais são que conexões de 2 ou mais neurônios, enviando ou recebendo informações entre o nosso corpo e o córtex cerebral. São vários fatores que podem remodelar as sinapses, como emoções, adaptações ao ambiente, pensamentos e outros.
Dessa forma, a neuroplasticidade faz com que novas sinapses sejam realizadas, mudando a nossa rede de comunicação neural.
É por meio dessas alterações que cada um de nós, como indivíduos, conseguimos superar traumas e estabelecer relações mais saudáveis com determinadas situações.
Na prática, quando vivenciamos novas experiências, o cérebro cria caminhos neurais novos, que terão neurônios interligados e sendo repetidos pela prática, assim a comunicação entre eles é fortalecida e esse trajeto permite o aprendizado e adaptação.
Neuroplasticidade no desenvolvimento infantil
Existem alguns pré-requisitos para a aprendizagem ocorrer e algumas dessas habilidades surgem logo após o nascimento, enquanto outras aparecem na primeira infância, como:
- Regulação emocional: a habilidade de um indivíduo de gerenciar seus próprios sentimentos, pensamentos e comportamentos. A falta da regulação emocional pode comprometer a nossa capacidade de estar no “lugar de aluno”.
- Observação, atenção e retenção;
- Imitação: copiar o comportamento dos outros;
- Motivação: os motivos pelos quais agimos (existem muitos).
No contexto do autismo, entender como a neuroplasticidade se manifesta durante o desenvolvimento infantil é essencial.
Crianças autistas muitas vezes enfrentam desafios na interação social, comunicação e comportamento. Assim, a neuroplasticidade oferece novas oportunidades diárias de diminuir essas barreiras e potencializar o conhecimento.
Isso porque, com intervenções precoces e estratégias específicas é possível remodelar as conexões neurais, proporcionando melhorias significativas no desenvolvimento e aprendizado diário da criança.
Neuroplasticidade no autismo
O autismo impacta a comunicação, as habilidades sociais e os comportamentos restritos e repetitivos, que parecem particularmente projetados para interferir no aprendizado (de acordo com Dawson & Rogers; 2009).
Essas áreas comportamentais podem impactar o aprendizado em:
- Menos interações sociais e comunicação → menos oportunidades de aprendizado;
- Gama restrita e repetitiva de atividades → faixa mais estreita de oportunidades de aprendizagem.
Assim, o autismo apresenta dificuldades de aprendizagem que, se não forem controladas, podem potencialmente deixar a criança cada vez mais para trás com o tempo.
O que pode começar como pequenas diferenças nas predisposições genéticas pode se agravar por causa do ciclo vicioso de menos iniciativas sociais e oportunidades de aprendizado.
Todos nascemos aprendizes, mas o autismo pode reduzir as oportunidades de aprendizagem para todos os envolvidos. Mas a neuroplasticidade consegue mudar esse cenário!
Quando pensamos em neuroplasticidade em pessoas com TEA, estamos falando da habilidade do cérebro de se adaptar a essas reduções de aprendizado, criando respostas mais assertivas para o desenvolvimento comportamental.
Isso quer dizer que o circuito neural de uma pessoa autista consegue se moldar e mudar de acordo com os estímulos, que são oferecidos no dia a dia, diminuindo assim comportamentos desafiadores.
Assim, a neuroplasticidade significa a possibilidade de desenvolver e aperfeiçoar habilidades.
Por isso, quanto mais cedo as pessoas no espectro começarem as intervenções adequadas, maiores serão as chances de resultados positivos ao longo da vida, exatamente por conta da plasticidade na infância.
Como estimular a neuroplasticidade em crianças?
Alguns estímulos e atividades específicas contribuem para a promoção da neuroplasticidade em crianças no espectro, como:
- Terapia Sensorial: à exposição a diferentes estímulos sensoriais, como texturas, luzes e sons, pode ativar diferentes áreas do cérebro, promovendo a plasticidade neuronal.
- Terapia Comportamental: abordagens comportamentais baseadas na análise do comportamento aplicada (ABA) têm demonstrado eficácia em promover mudanças positivas na estrutura cerebral e no comportamento de crianças com autismo.
- Atividades motoras: o envolvimento em atividades motoras, como esportes e jogos físicos, não apenas melhora a coordenação motora, mas também estimula o desenvolvimento de conexões neurais.
- Estímulo à comunicação: terapias centradas na comunicação, como a comunicação aumentativa e alternativa (CAA), podem remodelar as áreas cerebrais responsáveis pela linguagem e interação social.
- Atividades físicas: diversas atividades físicas — independente da modalidade — ajudam a exercer um efeito plástico sobre o sistema nervoso central. Com isso, a neuroplasticidade é aumentada após a estimulação, favorecendo o aprendizado e a memória de quem está praticando.
Como a Genial trabalha com a neuroplasticidade
A Genial Care nasceu para que todas as crianças atinjam seu máximo potencial, criando mais oportunidades de aprendizado, trabalhando ainda mais a neuroplasticidade.
Trabalhamos com as melhores tecnologias que o mundo já viu: o cérebro humano e o ambiente natural. Pegamos esses motores de aprendizagem e os colocamos para trabalhar a nosso favor.
Primeiro, capacitamos e empoderamos as pessoas ao redor da criança, começando pelos pais, com orientação parental feita pelo nosso time clínico. Os pais já são professores naturais. Nós os preparamos para o sucesso introduzindo oportunidades de aprendizagem naquilo que já fazem.
Isso requer um plano individualizado, pois cada filho e cada pai são diferentes. Isso é projetado especificamente para interromper e reverter o ciclo vicioso de menos interações sociais entre a criança e os pais, que é tão frequentemente presente no autismo.
Colocamos os pais no lugar de aluno, dando-lhes as ferramentas e estratégias que eles precisam no dia a dia. Isso pode incluir definir metas, medir o progresso em relação a essas metas, trabalhar com suas motivações naturais como pais e estudar os fatores ambientais que afetam a aprendizagem deles e de seus filhos.
Todas essas técnicas são fornecidas por meio da tecnologia para aumentar os pontos de contato humanos, capturar dados e oferecer jornadas de aprendizagem personalizadas.
É importante começar cedo — o mais cedo possível. Como qualquer motor, o cérebro e o ambiente precisam de um guia. É isso que buscamos na Genial Care, guiar nossas famílias em cada passo do caminho. Não há limites para o quão longe eles podem ir. Graças à neuroplasticidade, todos podem aprender.
Conclusão
Para lutar contra a diminuição das oportunidades de aprendizagem, devemos criá-las com a neuroplasticidade. Com isso, essa poderosa ferramenta cerebral nos ajuda a potencializar a evolução das crianças e permite que elas tenham diversas oportunidades de aprendizado.
À medida que continuamos a desvendar os segredos do cérebro humano, novas oportunidades surgem para promover o desenvolvimento saudável e aprimorar a qualidade de vida das pessoas com autismo e suas famílias.
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