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O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social e pela presença de padrões de comportamentos restritos e repetitivos.
Quando pensamos na Psicologia no autismo, essa é a especialidade mais presente nas intervenções para pessoas com TEA, principalmente pela ciência ABA, (Análise do Comportamento Aplicada) praticado por psicólogos que querem entender e desenvolver comportamentos de pessoas.
Inclusive, atualmente, essa é a ciência da aprendizagem recomendada pela Organização Mundial da Saúde para pessoas com desenvolvimento atípico, especialmente o autismo.
Ao lado de outros clínicos especialistas, como terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, o psicólogo é um dos terapeutas principais para acompanhar e potencializar o desenvolvimento de crianças autistas.
Para ajudar você a ter todas as informações que precisa sobre psicologia no autismo, criamos esse texto completo que servirá como guia para pais, familiares e pessoas cuidadoras de crianças com TEA. Leia até o fim para aprender tudo sobre o papel da psicologia no autismo!
O que é psicologia?
A psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano e os processos mentais, buscando compreender emoções, pensamentos e ações. Por meio de diversas abordagens terapêuticas, os psicólogos auxiliam pessoas a enfrentarem desafios emocionais e comportamentais, promovendo bem-estar e saúde mental.
Assim, a psicologia desempenha um papel fundamental nas intervenções de autismo, oferecendo estratégias e ações que promovem o desenvolvimento e a qualidade de vida das pessoas no espectro.
Qual o papel do psicólogo no tratamento do autismo?
O psicólogo desempenha um papel essencial no tratamento do Transtorno do Espectro Autista, desde o processo de identificação inicial até a implementação de estratégias terapêuticas voltadas ao desenvolvimento das habilidades sociais, emocionais e cognitivas de pessoas com TEA.
Sua atuação é parte fundamental de uma abordagem multidisciplinar, que envolve médicos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, pedagogos, assistentes sociais e a própria família.
Importante lembrar que: aqui estamos falando em tratamento de uma forma ampla e que pode ajudar pessoas a encontrarem as respostas que procuram. Mas como o autismo não é uma doença, não existe cura ou tratamento. O que existem intervenções baseadas em práticas científicas que apoiam o desenvolvimento, autonomia e qualidade de vida.
Assim, a intervenção psicológica no autismo têm um impacto significativo na melhoria da qualidade de vida tanto da pessoa quanto do núcleo familiar, auxiliando na regulação emocional, na socialização e na autonomia.
O psicólogo utiliza instrumentos como avaliações clínicas, observação comportamental, testes psicológicos e entrevistas estruturadas para identificar as necessidades específicas de cada pessoa autista.
Como a psicologia pode ajudar?
Estudos apontam que uma abordagem psicológica estruturada e adaptada às necessidades individuais é capaz de proporcionar avanços significativos na comunicação e na interação social.
Com isso, a atuação do psicólogo no tratamento do TEA é essencial para proporcionar melhorias significativas na qualidade de vida das pessoas autistas e suas famílias, permitindo desenvolvimento e ganho de habilidades nas execuções das atividades de vida diária.
A intervenção psicológica não somente auxilia no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, mas também colabora para a construção de um ambiente mais inclusivo e adaptado às necessidades de pessoas autistas.
Dessa forma, a intervenção psicológica oferece diversos benefícios para pessoas com TEA, incluindo:
Inclusão social
Por meio de técnicas específicas, a psicologia auxilia na melhoria das habilidades sociais, promovendo uma interação mais eficaz com o ambiente e as pessoas ao redor. Além disso, as intervenções psicológicas podem melhorar as habilidades de comunicação, essenciais para a interação social e o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis.
Gerenciamento das emoções
As terapias auxiliam os indivíduos a reconhecer e expressar suas emoções de maneira saudável, contribuindo para o desenvolvimento emocional equilibrado.
Compreensão do espectro autista
O psicólogo trabalha para o indivíduo compreender melhor sua condição, facilitando a adaptação às demandas do cotidiano. Assim, esse profissional atua de forma articulada e individualizada, fornecendo suporte tanto para as pessoas com TEA quanto para suas famílias e educadores.
A orientação psicológica possibilita o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento para os cuidadores, além de contribuir para um planejamento terapêutico mais eficiente.
Suporte familiar
A participação dos pais é fundamental no processo terapêutico, acompanhando as etapas e intervenções realizadas pelo psicólogo.
Em cartilha criada pelo Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde com “Diretrizes de atenção à reabilitação da pessoa com transtornos do espectro do autismo, é possível ver que a orientação psicológica possibilita o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento para os cuidadores, além de contribuir para um planejamento terapêutico mais eficiente
Quais as abordagens usadas no tratamento do autismo?
Para uma intervenção correta, é preciso que tanto a psicologia quanto outras especialidades façam anteriormente uma avaliação psicológica, com observação clínica, para conseguir tomar decisões de forma individual com base no repertório, demanda e finalidades específicas de uma pessoa.
A partir disso, é possível assegurar que as estratégias terapêuticas sejam adequadas às necessidades de cada pessoa. Dentre as abordagens psicológicas mais eficazes nas intervenções para autismo, podemos destacar:
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
A terapia comportamental se baseia nos princípios filosóficos e científicos da Análise do Comportamento e é bastante indicada para auxiliar no desenvolvimento de pessoas autistas.
Focada na modificação de padrões de pensamento e comportamento inadequados, auxilia no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais. Dessa forma, essa ciência tem instrumentos para observar, analisar e criar estratégias para intervir no comportamento de uma pessoa.
Você pode ler mais sobre a terapia comportamental nesse texto do nosso blog.
Análise do Comportamento Aplicada (ABA)
A Análise do Comportamento Aplicada (ABA, do inglês Applied Behavior Analysis) é uma das terapias para autismo mais recomendadas por especialistas. Baseada em evidências científicas, essa ciência busca reforçar comportamentos positivos e reduzir comportamentos desafiadores, promovendo aprendizado funcional.
Que podem ser tanto comportamentos de crises quanto aqueles que colocam em risco a integridade física, como agressão e autoagressão para promover uma melhor qualidade de vida para a pessoa.
Inclusive, essas terapias são indicadas de maneira precoce, às vezes mesmo antes de um diagnóstico concreto. Isso porque, estudos indicam que a combinação dessas abordagens gera benefícios significativos, principalmente no desenvolvimento contínuo e ensino de comportamentos para um futuro com independência.
Você pode saber tudo sobre a ciência ABA em nosso texto do blog sobre o assunto. Ele está completo e tem todas as informações que você precisa!
O que é a ciência ABA?
É muito comum vermos os termos método e terapia quando falamos de ABA. Mas, na verdade, a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é uma ciência. Essas outras nomenclaturas são usadas para facilitar o acesso à informação por pessoas que buscam dessa forma.
Assim, a ABA é uma ciência que utiliza princípios da psicologia comportamental para modificar comportamentos e ensinar novas habilidades, baseada na ideia de que comportamentos podem ser ensinados, reforçados ou alterados por meio de recompensas e consequências.
Ciência ABA e Método ABA são a mesma coisa?
Como falamos, essas são somente formas diferentes de falarmos da ciência ABA. Portanto, sim, ambos os termos referem-se à mesma abordagem terapêutica que aplica princípios comportamentais para promover mudanças comportamentais e no desenvolvimento de uma pessoa.
Só psicólogo aplica terapia ABA?
Embora a ABA seja frequentemente aplicada por psicólogos, outros profissionais treinados na abordagem também podem utilizá-la, desde que possuam a devida capacitação.
Seja para pessoas com TEA ou pessoas típicas, o tratamento por meio da ABA é geralmente feito de forma multidisciplinar, com diversos profissionais especializados. Entre eles estão:
- Psicólogos;
- Fonoaudiólogos;
- Terapeuta ocupacional;
- Pedagogos;
- Fisioterapeuta;
- Educador físico.
É claro que a configuração dessa equipe irá mudar conforme as necessidades de aprendizagem e desenvolvimento de cada pessoa.
Além disso, muita gente se questiona se a ciência ABA é somente para autismo, e a resposta é não! Entenda porque em nosso texto sobre o assunto.
5 estratégias que um psicólogo usa nas intervenções para autismo
Como vimos, a psicologia aborda aspectos emocionais, sociais e cognitivos que influenciam no crescimento da criança. Seu objetivo é proporcionar um ambiente seguro e acolhedor para que a criança possa desenvolver habilidades essenciais, como a socialização, o controle emocional e a autonomia.
Dessa forma, ao atuar nas práticas de intervenção, o psicólogo usa diversas estratégias e práticas baseadas em evidências científicas para potencializar o desenvolvimento infantil.
Essas práticas (PBEs) são um conjunto de procedimentos para os quais os pesquisadores forneceram um nível aceitável de pesquisa que mostra que a prática produz resultados positivos para crianças, jovens e/ou adultos com TEA.
Em nosso blog você consegue encontrar um texto completo com todas as PBEs conhecidas e utilizadas atualmente nas intervenções de TEA. A seguir separamos 5 delas que podem auxiliar na psicologia para tratamento de autismo.
Além de atuar diretamente com a criança, a psicologia infantil também desempenha um papel fundamental no suporte aos pais e responsáveis. O fortalecimento dos vínculos afetivos e a orientação adequada auxiliam na criação de um ambiente estimulante e favorável ao desenvolvimento saudável da criança.
Reforçamento positivo ou negativo
Nas intervenções, o reforçamento positivo — assim como os negativos — podem ser usados, principalmente, para ensinar novas habilidades. Eles são essenciais para manter a pessoa engajada e motivada em uma atividade, por exemplo.
Por isso, é importante observar o comportamento e entender o que será reforçador para aquela pessoa. Ao contrário do que muitos pensam, o reforçamento positivo não é algo “bom”.
Assim como o reforço negativo não é algo “ruim”. Isso porque as palavras positivo e negativo, nesse sentido, tem relação direta com a introdução ou retirada de estímulos no ambiente.
Você pode ler mais sobre reforçamento positivo ou reforçamento diferencial clicando nesses links.
Videomodelação
A vídeomodelação é uma prática que utiliza recursos visuais gravados em vídeo para demonstrar comportamentos, habilidades e situações do dia a dia.
Esses vídeos capturam passo a passo as ações desejadas, permitindo que sejam transmitidos e revisados por meio de dispositivos eletrônicos como celulares, tablets ou computadores.
Os benefícios dessa prática são diversos. Ela fortalece o aprendizado ao oferecer uma representação visual clara e repetitiva dos comportamentos desejados. Além disso, integra-se naturalmente ao cenário tecnológico atual, potencializando o engajamento de crianças que estão familiarizadas com dispositivos eletrônicos.
Leia mais sobre essa estratégia clicando aqui!
Atenção compartilhada
A atenção compartilhada (AC) é definida como a habilidade de coordenar a atenção entre duas pessoas em relação a uma terceira direção — objeto e/ou pessoas — com o propósito de compartilhar uma experiência em comum.
Alguns estudos destacam que a AC parece surgir, de forma mais clara, entre os 9 e 14 meses de idade, estabilizando-se em torno dos 18 meses.
É preciso lembrar que esses gestos podem ter outro objetivo, como um pedido de ajuda, por exemplo, e devem ser diferenciados da AC. Pedir para a mãe pegar um copo, é diferente de apontar, olhar, balançar a cabeça ou focar em um objeto para alertar os pais da existência dele (exemplo: apontar para um cachorro à distância).
ABA estruturada ou Ensino por tentativas discretas
O Ensino por Tentativas Discretas (DTT, do inglês Discrete Trial Training) ou ABA estruturada como também é conhecido, é uma metodologia de ensino que faz parte da ABA. Sua principal diferença é o fato dele ser estruturado, ou seja, apresentar etapas pré-determinadas.
Dessa forma, essa intervenção divide a aprendizagem de uma tarefa em passos menores que ocorrem de maneira discreta — etapa por etapa — durante uma série de tentativas, até que o indivíduo consiga realizá-la completamente sem ajuda.
Análise de tarefas
A Análise de tarefas divide habilidades ou comportamentos-alvo complexos em etapas menores. Ou seja, de forma simples é pegar uma habilidade complexa e dividi-la em etapas para facilitar o processo e o desenvolvimento da mesma, ou seja, quebrar a tarefa maior em pequenos pedacinhos.
Desta forma, é possível ensinar cada pedacinho desta habilidade maior, pausadamente, para a criança conseguir entender e aprender cada etapa, antes de passar para a próxima.
Você pode ler mais e continuar aprendendo sobre análise de tarefas clicando aqui!
A psicologia no autismo funciona com outras disciplinas?
É fundamental que a psicologia seja feita integrada a outras disciplinas quando falamos de intervenções para autismo. Uma equipe multidisciplinar com terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos é o que garante um tratamento individualizado e focado em todos os aspectos de desenvolvimento da criança.
Inclusive, isso pode ser um dos mitos sobre psicologia ABA no autismo, que esse é o único terapeuta que pode aplicar as intervenções, quando não é verdade. Você pode ler mais sobre outros 6 mitos e verdade clicando aqui.
O que procuramos entender e potencializar com as intervenções de psicologia e outras disciplinas são as habilidades da criança, aprimorando o repertório comportamental e também desenvolvendo cada vez mais ações funcionais para o dia a dia.
Por isso, a equipe multidisciplinar irá analisar o que a criança já apresenta e criar um plano de ação focado nas necessidades, integradamente para todas as áreas a serem trabalhadas, como comunicação, comportamental, sensorial e outras.
O que o psicólogo deve fazer ao cuidar de crianças autistas?
Escolher um bom terapeuta de psicologia faz parte do processo de famílias atípicas que buscam sucesso e qualidade nas intervenções da criança no espectro. É preciso que os pais e familiares entendam o que procurar para assim conseguir julgar a qualidade da terapia apresentada.
Assim, para que as intervenções baseadas em evidências científicas funcionem para pessoas diagnosticadas com TEA, é essencial que elas foquem no ensino de novas habilidades e também na redução de comportamentos desafiadores.
Nesse aspecto, é muito importante que os terapeutas aplicadores visem as individualidades e necessidades específicas de cada criança e que tenham:
- Formação e capacitação contínua;
- Clareza do cronograma de terapia e avaliações;
- Garantam orientações para família;
- Mantenham uma comunicação clara e constante;
- Trabalham de forma integrada com as outras especialidades.
Você pode ler cada um desses pontos com mais detalhes clicando aqui, e vendo nosso conteúdo completo sobre o assunto!
Onde psicólogos de autismo podem trabalhar?
É muito comum que os profissionais de psicologia para autismo achem que só podem trabalhar em um formato mais tradicional de consultório. Isso nem sempre é verdade! Com as evoluções da tecnologia e avanços em cuidados atípicos, é possível encontrar espaços clínicos mais acolhedores e voltados tanto para o desenvolvimento da criança como da família.
Por exemplo, trabalhar como terapeuta em uma startup é uma experiência única, empolgante e repleta de desafios e oportunidades de crescimento profissional. Isso porque, para muitos profissionais clínicos, migrar para uma healthtech é algo novo e bastante diferente do ambiente de saúde que eles estão acostumados.
Se você é um profissional de psicologia e busca uma oportunidade inovadora para fazer a diferença na vida de crianças com autismo e suas famílias, a Rede Genial é o lugar perfeito para você.
Somos uma rede de cuidado de saúde atípica, referência especializada no cuidado e desenvolvimento de crianças com TEA e suas famílias. Saiba mais sobre como é trabalhar em uma healthtech lendo nosso texto do blog.
Conclusão
É muito claro que a psicologia desempenha um papel fundamental em todo processo de desenvolvimento de pessoas autistas. A partir dessa especialidade é possível oferecer intervenções que promovem potencialização de habilidades sociais, emocionais e comportamentais.
Através de abordagens como a TCC e a ABA, os psicólogos ajudam pessoas com TEA a alcançar uma melhor qualidade de vida, sempre em colaboração com outros profissionais e com o suporte fundamental da família.
A psicologia pode, por exemplo, ajudar no hiperfoco autista e também em comportamentos estereotipados que prejudicam a rotina familiar.
Existem outras possibilidades de intervenções para crianças com TEA além da terapia ABA no autismo. Elas podem ser combinadas entre si, potencializando a evolução e desenvolvimento de quem está no espectro.
Por isso, procurar profissionais capacitados e de várias especialidades é fundamental para garantir estratégias direcionadas e pautadas pela ciência.
Você pode ler agora mesmo sobre nosso texto que fala tudo sobre a Fonoaudiologia no autismo e continuar aprendendo sobre mais uma especialidade essencial no desenvolvimento de pessoas com TEA: