Estamos no quinto volume da série sobre o protocolo RUBI de treinamento parental; material que visa principal capacitar pais e cuidadores no manejo de comportamentos desafiadores de seus filhos no espectro.
Falamos anteriormente sobre as seis primeiras sessões e as informações foram organizadas da seguinte forma nos artigos anteriores:
- Sessões 1 e 2, que têm como foco introduzir os princípios comportamentais, como o modelo A-B-C de registro e análise de comportamentos e apresentar estratégias de prevenção para os comportamentos desafiadores.
- Sessões 3 e 4, que cobrem a importância da organização de uma rotina diária e a introdução do conceito de reforço.
- Sessões 5 e 6, que se aprofundam no conceito de reforço e no ignorar de maneira planejada, enquanto estratégia para potencializar o desenvolvimento saudável de crianças com TEA.
Esse texto apresenta os objetivos principais das sessões 7 e 8, que focam respectivamente na cooperação e comunicação funcional. Assim, pessoas cuidadoras interessadas e especialmente profissionais da área podem conhecer essa intervenção.
RUBI – Sessão 7: Cooperação
O principal objetivo da sétima sessão é apresentar o procedimento de 4 passos para promover comportamentos de cooperação da criança no espectro, incluindo instruções de como a pessoa cuidadora pode manejar episódios de não cooperação.
Dentro dos temas abordados nessa etapa do treinamento parental, estão:
- Conceito de cooperação;
- Passos para o ensino de comportamentos de cooperação;
- Identificar em vídeos o uso correto e incorreto de procedimentos para o desenvolvimento desses comportamentos;
- Desenvolver um plano de intervenção para comportamentos de cooperação;
- Role play do uso correto dessas intervenções.
Ao contemplar essas habilidades, o RUBI capacita familiares e pessoas cuidadoras a lidar com comportamentos da criança que podem atrapalhar o seu desenvolvimento saudável. Inclusive, por isso, parte da sétima sessão é apresentar um passo a passo para o desenvolvimento dessas habilidades.
A seguir seguem os 4 passospara o ensino de comportamentos de cooperação, descritos no manual:
- Garanta que a criança está prestando atenção em você, chamando-a pelo nome ou se aproxime fazendo com que ela olhe para você.
- Diga a ela o que ela deve fazer com uma instrução clara (por exemplo: coloque o lápis azul na mesa). É importante que a instrução seja dada uma única vez!
- Ao mesmo tempo que você dá a instrução para a criança, a guie fisicamente para que a orientação seja seguida. Sempre use o mínimo de ajuda necessário para que a tarefa seja completa.
- Quando a criança cooperar, imediatamente a elogie. Destaque exatamente o que ela fez que você gostou (por exemplo: Gostei que você pegou o lápis quando eu pedi). Você deve fazer isso mesmo que a criança tenha necessitado de ajuda para realização da tarefa. Seu objetivo é ensinar que comportamento de cooperação resulta em reforço imediato.
Os comportamentos de cooperação, como, por exemplo: seguir instruções, são extremamente importantes, já que são necessários para a criança aprender qualquer outra habilidade importante para sua vida e adquirir autonomia nas atividades de vida diária.
Uma dica importante para profissionais e pessoas cuidadoras: sempre tente retirar gradualmente a ajuda oferecida para a realização da tarefa, só assim incentivamos sua independência.
E não se esqueça que se for dada ajuda física ou intrusiva de alguma forma, é preciso ser feita de maneira cuidadosa e ética com a criança.
RUBI – Sessão 8: Comunicação funcional
A oitava sessão tem foco na introdução do conceito de comunicação funcional, que possibilita o ensino de comportamentos alternativos a comportamentos desafiadores e mais efetivos do ponto de vista da comunicação.
São abordados alguns dos seguintes temas:
- Conceito de comunicação funcional;
- Passo a passo para o ensino da comunicação funcional;
- Revisar vídeos que ilustram o ensino dessas habilidades;
- Desenvolver um plano de ensino de comunicação funcional para a criança.
A ideia central por trás do ensino de habilidades de comunicação funcional é a seguinte: muitas vezes, comportamentos vistos como desafiadores estão a serviço da criança autista comunicar algo. Dessa forma, ensinar a criança uma alternativa de comunicação mais saudável e efetiva pode, além de aprimorar sua linguagem, diminuir alguns desses comportamentos prejudiciais.
Abaixo seguem alguns passos destacados como importantes para o ensino desse conjunto de habilidades:
- O comportamento alternativo deve funcionar rápido para a criança. Um problema dos comportamentos desafiadores é justamente o fato de algumas situações a criança precisar insistir muitas vezes em um comportamento para ter o que precisa. Se o comportamento alternativo produzir o que ela precisa de maneira rápida, a criança irá aprender que se comunicar funcionalmente é uma forma mais rápida de conseguir o que quer.
- O comportamento alternativo deve funcionar todas às vezes. Especialmente no início, o novo comportamento deve produzir a consequência reforçadora todas às vezes, em todas as situações e com todos os adultos que convivem com ela.
- O novo comportamento deve ser menos custoso do que o comportamento desafiador! Se a criança conseguir ter o que precisa de uma forma mais simples e menos custosa do que se comportando de maneira desafiadora, haverá mais chance do comportamento alternativo voltar a ocorrer no futuro.
Para você saber mais sobre como o RUBI funciona, fique de olho no nosso blog. O próximo texto da sequência vai apresentar as sessões 9 e 10: Ensinando habilidades 1 e 2.