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Nos Estados Unidos, a prevalência do autismo agora é de que 1 em cada 36 pessoas estão no espectro autista. Esse dado vem do relatório do CDC (Center of Deseases Control and Prevention – Centro de Controle e Prevenção de Doenças, em tradução livre).
O monitoramento feito através do CDC, conta com pesquisa da Rede de Monitoramento de Deficiências de Autismo e Desenvolvimento (ADDM), um programa financiado pelo CDC para coletar dados para entender melhor o número e as características de crianças com transtorno do espectro do autismo (TEA) e outras deficiências de desenvolvimento que vivem em diferentes áreas dos Estados Unidos.
Os objetivos da Rede ADDM são:
- Descrever a população de crianças com TEA;
- Comparar quão comum é o TEA em diferentes áreas do país;
- Medir o progresso na identificação precoce do TEA;
- Identificar mudanças na ocorrência de TEA ao longo do tempo, e
- Entender o impacto do TEA e condições relacionadas nas comunidades dos EUA.
Para entender como esses dados são coletados e validados, e qual a relação da prevalência do autismo no Brasil, continue nesse texto.
COVID-19 influenciou nos dados da prevalência do autismo
De acordo com o CDC, a pandemia de COVID-19 trouxe interrupções na identificação precoce do TEA entre crianças pequenas. Essas interrupções podem ter efeitos duradouros, como resultado de atrasos na identificação e também no início das intervenções.
Em 2020, as crianças nascidas em 2016 tinham 1,6 vezes mais chances do que as crianças nascidas em 2012 de serem identificadas como tendo TEA aos 48 meses de idade. Isso é importante, pois quanto mais cedo uma criança for identificada com TEA, mais cedo as pessoas cuidadoras podem procurar por intervenções que ajudem a desenvolver de forma saudável.
Uma análise comparando o número de avaliações e identificações de TEA antes e depois do início da pandemia de COVID-19 descobriu que, antes da pandemia, crianças de 4 anos recebiam mais avaliações e identificações do que crianças de 8 anos.
No entanto, essas melhorias na avaliação e no diagnóstico de TEA foram “pausadas” a partir de março de 2020, por conta da pandemia.
De 2016 até o início de 2020, crianças de 4 anos tiveram mais avaliações e identificações do que crianças de 8 anos (quando tinham 4 anos) de 2012 a 2016. | Gráfico elaborado pelo CDC.
O TEA foi identificado com taxas mais altas em alguns grupos de crianças do que em anos anteriores
Em outro texto do blog prevalência do autismo, divulgamos o relatório de pesquisa anterior, onde a prevalência apontada era de que 1 em cada 44 pessoas eram autistas nos Estados Unidos. O relatório foi feito em 2018 também pelo CDC e divulgado em 2021.
Pela primeira vez, os dados do ADDM descobriram que a porcentagem de crianças negras de 8 anos (2,9%), hispânicas (3,2%) e asiáticas ou das ilhas do Pacífico (3,3%) com TEA era maior em comparação com crianças de 8 anos. Crianças brancas (2,4%). Isso é o oposto das diferenças raciais e étnicas observadas em relatórios anteriores de ADDM.
Por exemplo, no artigo de prevalência de autismo nos EUA, há diferença nos resultados entre os grupos raciais e étnicos, pois as crianças americanas/nativas do Alasca, representaram um resultado muito maior de crianças com TEA, do que as brancas-não hispânicas. E em vários locais, as crianças hispânicas apresentaram menor prevalência de TEA do que crianças brancas e crianças negras não hispânicas.
Além disso, pela primeira vez, a porcentagem de meninas de 8 anos identificadas com TEA foi superior a 1%, mas os meninos tiveram quase 4 vezes mais chances de serem identificados com TEA do que as meninas.
O ADDM observou que:
- Cerca de 1 em cada 36 crianças foi identificada com transtorno do espectro do autismo (TEA), de acordo com estimativas da Rede de Monitoramento do Transtorno do Espectro Autista e Desenvolvimento (ADDM) do CDC.
- O TEA ocorre em todos os grupos raciais, étnicos e socioeconômicos.
- O TEA é mais de 4 vezes mais comum entre os meninos do que entre as meninas.
- Cerca de 1 em cada 6 (17%) crianças de 3 a 17 anos foram diagnosticadas com deficiência de desenvolvimento, conforme relatado pelos pais, durante o período de estudo de 2009-2017. Estes incluíram autismo, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, cegueira e paralisia cerebral, entre outros.
Qual o impacto desses números?
Além de serem significativos, os resultados divulgados contribuem de forma científica, fazendo com que mais estudos sejam realizados sobre o TEA. Assim, é possível descobrir mais sobre o transtorno e investigar suas causas, que hoje são apontadas como genéticas e ligadas a fatores ambientais.
Além disso, segundo o artigo do CDC, provedores de serviços, como organizações de saúde e sistemas escolares, pesquisadores e formuladores de políticas, podem usar as descobertas da Rede ADDM para oferecer planejamento de serviços de suporte para as pessoas autistas e suas famílias.
Isso impacta também as políticas que promovem melhores resultados nos cuidados de saúde e educação, e na orientação de pesquisas sobre fatores de risco e proteção para TEA.
O diagnóstico precoce continua sendo o foco principal da ADDM Network do CDC, pois é uma das ferramentas mais importantes que as comunidades têm para ajudar a fazer a diferença na vida de crianças com TEA.
De acordo com o CDC, o rastreio continua, e as características de crianças com TEA e trabalhando para entender os fatores associados aos resultados entre crianças e adolescentes com TEA à medida que envelhecem e fazem a transição para a idade adulta.
Qual a prevalência de autismo no Brasil?
De acordo com a OMS, estima-se que dentre 200 milhões de habitantes, cerca de 2 milhões de autistas, mas essas informações estão desatualizadas. Dessa forma, como a população total no país é de 200 milhões de habitantes, significa que 1% da população estaria no espectro.
Vale lembrar que, a princípio, a OMS classificou o transtorno como doença em 1993. Hoje, sabemos que o autismo não é uma doença, por isso não tem cura. Mas foi somente em 2013 que o TEA passou a constar na nova Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, a CID (ICD na sigla em inglês para International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems).
Para comprovar esse número, e entender qual é a prevalência do autismo no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), colocou – pela primeira vez – o autismo no radar das estatísticas, com o objetivo de mapear quantas pessoas vivem com o transtorno autista e quantas podem ter, mas ainda não receberam o diagnóstico.
Esse dado foi incluído após a sanção da Lei 13.861/19, que obriga o IBGE a inserir perguntas sobre o autismo no Censo de 2020. Esses dados deveriam ter sido mapeados em 2020, mas foram adiados para 2022 por conta da pandemia da COVID-19.
Entretanto, ainda não há um relatório que especifique a prevalência de autismo no Brasil. Continue a aprender sobre autismo no nosso blog.