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O desenvolvimento da socialização em crianças é um importante marco para o amadurecimento. Isso porque o aprendizado acontece através da interação com os pares da mesma idade e também com adultos. É através da exploração do mundo ao seu redor e vivendo experiências sociais que vão ajudá-la inclusive a se reconhecer.
Sendo um dos principais critérios diagnósticos para o autismo, a socialização é muito esperada e estimulada pelas famílias. Conhecer os marcos do desenvolvimento esperados em cada idade é essencial para ajudar a ver os sinais de alerta presentes no desenvolvimento da criança.
Neste artigo, explicamos quais são os marcos do desenvolvimento da interação social em crianças.
O que são marcos do desenvolvimento?
O Ministério da Saúde definiu um conjunto de habilidades esperadas para a criança em determinada fase de seu crescimento. Esses são os chamados marcos do desenvolvimento infantil, e acompanhá-los ajuda a identificar quando existe um atraso e buscar ajuda médica.
Vale reforçar que, apesar de cada criança ser única e se desenvolver da sua própria maneira, os marcos são essenciais para garantir que ela não está atrasada ou precisa de mais estímulos e intervenções para desenvolver uma ou mais habilidades.
Esses marcos do desenvolvimento ocorrem em diversas áreas:
- Comunicação;
- Socialização;
- Cognição;
- Habilidades motoras;
- Habilidades emocionais.
Marcos de desenvolvimento da socialização em bebês
Desde o momento em que nascem, bebês aprendem a se adaptar e responder de diferentes maneiras às pessoas ao seu redor. Assim, podemos dizer que a socialização ocorre a partir do nascimento e passa por diferentes fases.
Quando olhamos de forma mais ampla o que é esperado em cada faixa etária, considerando as interações com os pares, Alice Tufolo, conselheira clínica da Genial Care, afirma:
“No primeiro ano de vida, o outro é um estímulo — a busca pelo outro aparece, e as pessoas passam a chamar mais atenção do que os objetos. Entre 1 e 2 anos, começa a busca por outras crianças, o desejo de estar perto, mas ainda sem interações de troca de turno. Dos 2 aos 3 anos, inicia-se a brincadeira com outras crianças, envolvendo troca de turnos e pequenas negociações. A partir dos 3 anos, falamos de brincadeiras e trocas mais complexas, que envolvem regras sociais.”
Se formos olhar de forma mais minuciosa para o que é esperado mês a mês, em termos de desenvolvimento da criança, temos:
Marcos do desenvolvimento da socialização em bebês de 0 a 9 meses:
De 0 a 3 meses:
- Gostar de toques e ver sorrisos: a primeira etapa da socialização que ocorre com bebês recém-nascidos de até um mês é que eles gostam de ser tocados, segurados e embalados. Além disso, também já identificam e gostam de ver pessoas sorrindo para eles.
- Fazer caretas e imitar gestos: a partir do 1º mês de vida, eles já fazem caretas e gostam de olhar para outros rostos. Nesta fase, também surge a imitação — essa habilidade é tão importante para o desenvolvimento da fala quanto da socialização. Assim, se alguém sorri, é provável que ele já sorria de volta.
- Observar o que acontece ao redor: com dois meses, bebês já são capazes de passar os momentos em que estão acordados somente observando o que acontece ao redor. É nesta fase que surgem os “sorrisos sociais”, ou seja, eles já sorriem de verdade e com prazer.
- Início das brincadeiras de conversar: a partir dos 3 meses, o bebê já emite balbucios e sons diferentes, porém indistinguíveis. Também importante para o desenvolvimento da fala, essa etapa é essencial porque indica que o bebê já quer tentar se comunicar com você. Para estimular, responda conversando de volta.
- Brincar “cara a cara”: um importante marco da socialização nesta etapa é que a criança gosta de brincar cara a cara com as pessoas cuidadoras.
De 4 a 5 meses:
- É receptivo a desconhecidos: nesta fase, o bebê já mostra receptividade a pessoas desconhecidas. Ele pode, por exemplo, dar gritos de alegria para interagir.
- Preferência pelas pessoas cuidadoras: ele também tem uma preferência pelas pessoas cuidadoras, que naturalmente passam mais tempo ao seu lado. Por isso, as reações ao estar em contato com a família ou cuidadores são bem maiores. Esse é um sinal do vínculo afetivo, importante para o desenvolvimento.
De 6 a 9 meses:
- Vontade de interagir: nesta fase, a vontade de interagir do bebê é grande. Por isso, ele sempre vai procurar as pessoas cuidadoras ou quem estiver ao redor para estabelecer alguma forma de contato e socialização.
- Início do riso: aqui, o bebê também começa a sorrir mais e se comunica por meio do riso com outras pessoas.
- Conseguir jogar jogos simples e segurar objetos: a capacidade de jogar jogos mais simples como de “achou” e segurar objetos com as mãos também é importante para o desenvolvimento da socialização nesta etapa.
Marcos de desenvolvimento da socialização até os 2 anos
Entre 1 e 2 anos, as crianças desenvolvem a fala e a linguagem funcional. É nesse momento também que a socialização se expande: ela começa a interagir com pares da mesma idade e também com adultos, amadurecendo sua interação social.
Entre 1 e 2 anos:
- Demonstrar emoções: comunicar chateação, alegria, raiva e outras emoções é importante nesta idade. Uma emoção bastante comum nesta fase é a ansiedade de separação das pessoas cuidadoras.
- Sentimento de posse: a criança também já entende que alguns objetos são seus e demonstra possessividade em relação a eles. Apesar de causar algumas situações complicadas, essa fase é super comum em bebês, e o aprender a compartilhar é um processo.
- Aprender a fazer amigos: à medida que a comunicação se desenvolve, a criança tem vontade de fazer amigos. Por isso, ela interage com outras crianças da mesma idade ou mais velhas. Para ela, ter amigos pode ser apenas brincar ao lado do coleguinha, sem muita interação.
- Abalo ao ver outra criança chorar: com cerca de 1 ano e meio, é comum que as crianças se abalem ao ouvir o choro de outros bebês. Apesar disso, elas ainda não sabem como reagir.
- Observar e imitar outras crianças: por ter um interesse maior por outras crianças, nesta idade é comum que ela as observe por muito tempo, apenas olhando o que fazem, e também comece a imitá-las.
- Imitar comportamentos de adultos e demonstrar novas emoções: com dois anos, a criança já imita adultos e é capaz de demonstrar emoções como frustração, orgulho e carinho.
- Sinais de independência e recusa: nesta fase, a criança também apresenta o que chamamos de “sinais de independência”, como se recusar a dar a mão para as pessoas cuidadoras na rua ou fazer birra quando lhe recusam algo.
Marcos do desenvolvimento da socialização a partir dos 3 anos
A partir dos 3 anos, a criança já desenvolveu etapas importantes para a socialização. No entanto, ela continua a amadurecer esses aprendizados. Nesta fase, marcos importantes para se atentar são:
Entre os 2 e 3 anos:
- Entender o conceito de confiança e amor: essa concepção faz sentido para a criança quando ela tem entre 2 e 3 anos. Por isso, aqui ela já sabe demonstrar afeição e toma a iniciativa para dar beijos e abraços. No entanto, ainda tem dificuldade para entender as emoções de outras pessoas.
- Aprender a compartilhar: como falamos acima, a criança aprende a compartilhar objetos e brinquedos com o tempo. Isso acontece nessa fase, que também é quando ela começa a chamar outras crianças de “amigos”.
- Aprender a socializar: gostar de estar perto de outras pessoas — especialmente crianças —, entender e se relacionar com os outros, dar a vez na brincadeira e compartilhar. Esses são alguns dos aprendizados muito importantes nesta idade.
- Ter amigos preferidos: a escolha de pares que são seus “melhores amigos” também acontece a partir dos 3 anos.
Quais são os sinais de alerta na socialização de crianças?
Muitas famílias se preocupam em entender quais são os sinais de alerta na socialização de crianças que indicam a necessidade de buscar ajuda profissional.
Alguns dos principais são:
- Não olhar nos olhos: dificuldade ou ausência de fixação no olhar de outras pessoas. Pode ser percebido pelas mães no momento da amamentação ou ao longo dos dias.
- Não se direcionar para sons: muitas famílias acreditam que as crianças podem ter deficiência auditiva, mas, em alguns casos, ela ouve perfeitamente — apenas não responde aos sons ao seu redor de modo convencional.
- Não responder ao próprio nome: quando chamada, a criança parece não reconhecer o próprio nome.
- Não imitar gestos ou palavras: a criança não desenvolveu habilidades de comunicação e, por isso, não imita gestos, palavras ou sons das pessoas ao seu redor.
- Não buscar pares da mesma idade: a criança não tem interesse em se relacionar com outras crianças e prefere brincar sozinha.
Quando procurar ajuda para a socialização?
A partir do momento em que a família identifica sinais de atraso na socialização, é preciso buscar ajuda. Neste caso, o ideal é procurar profissionais da pediatria que já acompanham o desenvolvimento da criança e, se for necessário, realizar consultas com especialistas em neuropediatria ou psiquiatria infantil, a fim de investigar possíveis transtornos.
Além disso, é importante estar atento a outros marcos do desenvolvimento, como: comunicação, cognição e habilidades motoras.
Conclusão
A socialização é uma parte essencial do desenvolvimento infantil e está diretamente ligada ao bem-estar emocional, à aprendizagem e à construção de vínculos.
Observar os marcos de desenvolvimento esperados para cada fase da infância permite que famílias identifiquem precocemente possíveis dificuldades e busquem apoio especializado.
Lembrando que cada criança tem seu próprio ritmo, mas acompanhar de perto os sinais — e agir diante de atrasos — pode fazer toda a diferença na trajetória de desenvolvimento dela.
Com orientação adequada, apoio profissional e estímulo no dia a dia, é possível criar oportunidades para que a criança desenvolva suas habilidades sociais com mais segurança, autonomia e acolhimento.
Veja abaixo como estimular a socialização da sua criança: