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A apraxia da fala (AFI) é um distúrbio motor da fala caracterizado pela dificuldade de planejar e programar as sequências dos movimentos da fala, criando erros de produção de sons.
Apesar de ser um transtorno bastante comum em crianças, muitas pessoas ainda não conhecem a apraxia da fala ou confundem seus sinais e características com o autismo, já que ambos podem impactar a comunicação de uma pessoa.
Dessa forma, entender as diferenças entre apraxia da fala e autismo é bastante importante para encontrar um diagnóstico correto, além de receber intervenções e tratamento adequado para cada transtorno.
Tanto a AFI quanto o TEA são transtornos do neurodesenvolvimento, mas possuem diferenças. Porém, é muito comum ver crianças no espectro também terem diagnóstico diferencial de apraxia da fala como uma comorbidade.
Neste artigo, você entenderá melhor o que é a apraxia da fala, quais as diferenças e relações com autismo e dicas de alguns exercícios fonoaudiólogos que podem auxiliar as crianças a se comunicarem melhor no dia a dia. Leia até o final para aprender!
O que é a apraxia da fala?
A apraxia da fala (AFI) é um distúrbio neurológico que afeta a condição motora da fala, dificultando a pronúncia de palavras, sílabas e sons.
É como se existisse um envio errado das informações para o cérebro organizar e executar as ações da boca, criando uma desordem na comunicação funcional.
Apesar do raciocínio por trás estar correto, as pessoas com esse distúrbio não conseguem articular corretamente os músculos envolvidos no ato de falar, apresentando grande dificuldade na comunicação e interação social.
Ou seja, a criança sabe o que quer comunicar, mas o cérebro falha ao planejar e programar a sequência certa de movimentos/gestos motores dos lábios e língua para produzir os sons das palavras, frases ou sílabas.
A impressão é que a pessoa não sabe o que fazer com a boca durante a verbalização.
A apraxia da fala pode ser dividas em duas formas diferentes de manifestação, que são:
- Apraxia Adquirida: ela surge em qualquer idade, fazendo com que a pessoa fique incapaz de falar como já está acostumada e/ou aprendeu a fazer;
- Apraxia de Desenvolvimento: a pessoa já nasce com ela e apresenta dificuldade na capacidade de formar sons e palavras desde sempre.
Quais são os sintomas da apraxia da fala?
Na maioria das vezes, pessoas com AFI apresentam dificuldades na hora de fazer movimentos necessários para fala, variando em formas e intensidade. Para alguns pode ser difícil mover a mandíbula, já para outros, pode ser impossível mexer os lábios.
Assim, pessoas com apraxia da fala sabem frequentemente o que querem dizer, mas têm dificuldade em mover os músculos da fala para formar palavras. Isso pode resultar em distorções, omissões ou substituições de sons.
Alguns dos sintomas de apraxia da fala mais conhecidos são:
- Dificuldade em movimentar a língua corretamente;
- Dificuldade na pronúncia de letras;
- Discurso limitado em palavras;
- Distorção de sons;
- Fala atrasada;
- Fala com difícil compreensão;
- Pausas constantes entre palavras ou sílabas;
- Quietude e pouca comunicação.
Lembre-se que cada criança é única e pode expressar diferentes formas de apraxia da fala, assim, nem todas vão apresentar os mesmos sinais.
Por isso, apesar de listarmos alguns sintomas aqui, não podemos esquecer que a subjetividade também é um dos fatores que pode dificultar o diagnóstico. Dessa forma, é essencial procurar profissionais especializados e capacitados para isso.
Qual a diferença entre o autismo e a apraxia de fala?
A apraxia da fala é mais comum em crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Estudos indicam que a apraxia pode estar presente em até 64% das crianças com TEA, sugerindo uma forte correlação entre os dois transtornos.
Dessa forma, muitas crianças no espectro apresentam essa condição como uma comorbidade no TEA, já que a capacidade de se comunicar verbalmente é um dos aspectos que merecem atenção quando pensamos em pessoas atípicas.
No entanto, a apraxia da fala pode ser diagnosticada independentemente do autismo, e nem todas as crianças com TEA terão apraxia da fala.
A principal diferença entre a AFI e TEA está na relação da dificuldade de comunicação. Na apraxia da fala, a pessoa não consegue falar por conta das dificuldades na motricidade oral.
Já no autismo, essas barreiras muitas vezes estão associadas à interação social ou não verbalização das palavras, o que não está necessariamente ligada às dificuldades de abrir ou fechar a boca, por exemplo.
Como é feito o tratamento da apraxia da fala?
Como esse distúrbio pode ser causado por diversos motivos, somente um neuropediatra poderá informar qual o caminho mais adequado para aliviar os sintomas e agregar qualidade de vida.
Os tratamentos começam geralmente com sessões de terapia da fala adaptadas à gravidade da apraxia que a pessoa apresenta. Durante essas intervenções são feitos exercícios para prática de sílabas, palavras, frases e outros.
Por isso, é fundamental que a família procure atendimento terapêutico individualizado para a criança, olhando progressos e resultados ao longo da vida. Somente o fonoaudiólogo especializado poderá ajudar durante esse processo.
O fonoaudiólogo é o profissional responsável por criar estratégias de desenvolvimento para pessoas com apraxia da fala. Esse terapeuta trabalha com a criança para melhorar a coordenação motora da fala por meio de repetição e prática dos movimentos necessários para formar sons e palavras.
Dada a complexidade da apraxia da fala, especialmente quando associada ao autismo, uma abordagem multidisciplinar que envolva fonoaudiólogos, neurologistas, terapeutas ocupacionais e psicólogos é indicada.
Esse time de profissionais pode ajudar a abordar os desafios de comunicação e desenvolvimento de forma holística.
Dicas e estratégias para apraxia da fala
Além dessa intervenção clínica, a família também pode auxiliar na escola e em casa, estimulando sempre que a criança desenvolva a fala nas atividades da vida diária. Para isso, foque em:
- Acolher e aceitar sua criança, assim ela se sente segura e confiante de aprimorar suas habilidades;
- Criar rotinas adequadas com exercícios focados para cada necessidade, já que quanto mais estímulos ela tiver, melhor será a resposta ao tratamento;
- Praticar as palavras e sílabas indicadas pelo profissional ao longo do dia;
- Pedir repetições quando não compreender a criança, estimulando frases simples e curtas;
- Fornecer pistas visuais que ajudem como expressões e gestos faciais na hora de pronunciar cada palavra;
- Buscar formas de comunicação complementar, como pinturas, desenhos, gestos ou escrita.
- Seja paciente: A comunicação pode ser frustrante para crianças com apraxia, então é importante ser paciente e oferecer apoio contínuo e não criar pressão sobre a criança
- Pratique em casa: reforçar as técnicas aprendidas na terapia fonoaudiológica em casa pode acelerar o progresso.
- Incentive a comunicação: elogie todas as tentativas de comunicação da criança, mesmo que não sejam perfeitas.
- Envolva-se na terapia: participar ativamente nas sessões de terapia pode ajudar a entender melhor as necessidades da criança e como apoiar seu desenvolvimento.
Apesar da apraxia da fala comprometer a capacidade de comunicação, ela não interfere no entendimento da pessoa, por isso, é muito importante buscar acompanhamento profissional quanto antes e estimular a evolução dessa criança.
Conclusão
Como vimos, o distúrbio de apraxia da fala (AFI) exige tratamento por meio de terapias e acompanhamento neuropediátrico. É sempre importante saber sobre para conseguir auxiliar mesmo no ambiente familiar.
No contexto do autismo, os desafios de comunicação podem ser ainda maiores, exigindo uma abordagem cuidadosa e bem planejada. Com diagnóstico precoce e intervenção adequada, as crianças com apraxia da fala podem fazer progressos significativos, melhorando sua capacidade de se comunicar e interagir com o mundo ao seu redor.
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