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Menina com as mãos na cabeça.

O que é misofonia? Entenda essa sensibilidade aos sons e sua relação com autismo

Você sabe o que é misofonia? Muitas pessoas confundem e associam a misofonia ao autismo, por conta da sensibilidade auditiva que existe em pessoas com esse distúrbio sensorial.

Nessa síndrome existe uma forte aversão a sons específicos, criando reações emocionais e sensoriais que a pessoa não consegue controlar, algo parecido com uma crise sensorial em pessoas com TEA.

Muitos “pequenos sons”, que podem passar despercebidos por pessoas neurotípicas, como mastigação, tosses ou até mesmo o limpar de garganta, conseguem causar grande desconforto e repulsa em pessoas com misofonia.

Por isso, nessa síndrome a pessoa reage de uma forma intensa e negativa a diversos sons e estímulos do ambiente, podendo ter crises sensoriais com respostas como raiva, ansiedade, pânico e até agressividade.

Neste texto, vamos entender melhor como a misofonia está ligado com o TEA, seus sintomas e até mesmo como ela pode afetar a vida de pessoas no espectro. Confira!

O que é misofonia?

Menina com Misofonia. Ela coloca a mão direita no ouvido.

A misofonia, também é conhecida como Síndrome de Sensibilidade Seletiva do Som (4S ou SSSS), é um distúrbio neurológico de hipersensibilidade auditiva na qual a pessoa tem forte aversão a certos sons, criando respostas emocionais e sensoriais desagradáveis.

Os sons que desencadeiam a misofonia podem variar de pessoa para pessoa, mas os mais comuns incluem:

  • Sons de boca;
  • Mastigação;
  • Respiração;
  • Digitação;
  • E outros sons repetitivos.

Esses sons podem ser especialmente perturbadores para pessoas com autismo, que têm muitas vezes uma sensibilidade aumentada ao som e podem sentir que os sons são mais altos do que realmente são.

É importante entendermos que a misofonia é diferente de uma aversão normal a um som desagradável, como o som de unhas arranhando um quadro-negro.

Aqui, existe uma resposta neurológica difícil de controlar a sons específicos e que outras pessoas podem nem perceber.

Quais são os principais sintomas da misofonia?

Os principais sintomas desse distúrbio surgem quando a pessoa ouve algo que causa sensibilidade e irritação auditiva. Assim, os sinais que podem surgir são:

  • Agitação;
  • Raiva e irritabilidade excessiva;
  • Ansiedade;
  • Vontade de sair do local onde o barulho está;
  • Evitar atividades cotidianas devido a ruídos comuns;
  • Reagir exageradamente a barulhos que parecem simples;
  • Se fechar ou isolar para evitar contato com barulhos.

Conviver com a misofonia pode ser bastante incômodo até mesmo para as pessoas próximas, como famílias e amigos. Isso porque muitos dos sons que fazem parte do nosso dia a dia causam sensibilidade extrema.

Assim, a misofonia pode impactar a qualidade de vida da pessoa em atividades diárias como socialização, trabalho e estudo. Além disso, é algo que precisa de compreensão, já que é uma sensibilidade aos sons não visíveis.

Como identificar misofonia em crianças?

Nas crianças, a misofonia pode se manifestar como:

  • Reações exageradas a sons específicos;
  • Evitação de situações em que esses sons estejam presentes;
  • Irritabilidade ou crises emocionais frequentes relacionadas a sons;
  • Preferência por brincar ou estudar em ambientes silenciosos.

Se você suspeita que seu filho ou alguma criança que você conheça, apresente sinais de misofonia, procure um profissional de saúde para avaliação e orientação adequada. Somente um especialista pode confirmar o diagnóstico e indicar as estratégias e intervenções para melhorar a qualidade de vida.

O que causa a misofonia?

Assim como o autismo, a causa da misofonia ainda é desconhecida, mas estudos sugerem que ela pode estar relacionada a uma conexão hiperativa entre as áreas do cérebro que processam sons e emoções, criando uma resposta mais intensa do que o esperado.

Pesquisas sugerem que o distúrbio está relacionado ao processamento cerebral do som.

Em pessoas com misofonia, certas áreas do cérebro, especialmente aquelas associadas à emoção, parecem ser hiperativas quando expostas aos sons gatilhos. Isso pode gerar uma resposta emocional exagerada, como raiva ou ansiedade.

Estudos indicam que a misofonia pode ter um componente genético, já que muitos pacientes relatam ter familiares com o mesmo distúrbio.

Além disso, alguns pesquisadores acreditam que experiências traumáticas ou repetitivas envolvendo sons desagradáveis na infância possam contribuir para o desenvolvimento da misofonia.

Ela também pode ter uma origem neurológica relacionada a vários fatores como enxaqueca e traumas, fazendo uma conexão com a área associada a emoções, atribuindo um valor negativo a determinado estímulo.

Isso pode ser mais comum na infância, a partir dos “primeiros sons” que a criança vai ouvindo, associando aquele desconforto a uma ação específica, potencializando com o passar dos anos.

Como confirmar um diagnóstico de misofonia?

Inicialmente o Fonoaudiólogo será o profissional que fará uma avaliação para descartar alterações na percepção dos sons e também do sistema auditivo. Podem ser indicados exames como a audiometria, por exemplo.

Mas de fato, para a misofonia não existem exames laboratoriais específicos, por isso o diagnóstico geralmente é clínico, baseado nos sintomas e no histórico da pessoa.

Se os sintomas forem recorrentes e afetarem a qualidade de vida, é importante procurar a ajuda de um profissional da saúde, como um psicólogo ou otorrinolaringologista especializado em distúrbios do processamento sensorial.

Qual a relação entre misofonia e autismo?

Pelo autismo ser um transtorno do neurodesenvolvimento, que muda como as pessoas veem e interagem com o mundo, é bastante comum que a hipersensibilidade auditiva impacte suas vidas.

E como falamos, a misofonia está diretamente ligada à hipersensibilidade dos estímulos auditivos, algo bastante comum em pessoas diagnosticadas com autismo. Mas esses diagnósticos diferem por conta dos seus critérios, por isso, um não é sinal do outro.

O que acontece é que existem os transtornos de Processamento Sensorial, uma condição na qual o sistema nervoso tem dificuldade de processar informações do ambiente e dos sentidos, que pode gerar esse incômodo em pessoas autistas.

Geralmente essas dificuldades sensoriais podem ser:

  • Hipersensibilidade: aqui, a pessoa sente demais os estímulos. Por isso, os sons podem ser, por exemplo, mais altos e estímulos visuais muito fortes;
  • Hipossensibilidade: a pessoa precisa de muito esforço para sentir qualquer tipo de estimulação. Por isso é comum que pessoas com hipossensibilidade estejam sempre agitadas e em movimento.

Estudos estimam que entre 56% e 80% das pessoas no espectro do autismo apresentam a hipersensibilidade, ou seja, elas sentem demais os estímulos do ambiente, como o som.

Misofonia tem tratamento?

menina deitada na cama com fone de ouvido

Assim como o autismo, não existe uma cura para misofonia, mas sim intervenções terapêuticas e estratégias que podem ajudar a minimizar o impacto na vida de pessoas, estejam elas no espectro ou não.

Algo bastante comum e bastante eficaz é o uso de fones de ouvido com cancelamento de ruído para minimizar a exposição aos sons que desencadeiam crises.

Outra dica é fazer adaptações ambientais que proporcionem um espaço com maior oportunidades de regulação para a criança.

Isso consiste em fazer um equilíbrio entre diversos estímulos. Dois exemplos para acolher nesse momento são:

  • Diminuir ruídos e luminosidade – ficando em silêncio, ou falando em um tom mais baixo e apagando as luzes do ambiente.
  • Possibilitar maior contorno corporal – fazendo o uso de almofadas, travesseiros e bichos de pelúcia próximos à criança.

Também é muito importante que os familiares e pessoas cuidadoras sejam respeitosos e compreensivos em relação à misofonia, evitando situações que podem desencadear uma resposta ao estímulo.

Além disso, a Terapia Ocupacional é excelente aliada nesse processo, olhando para a integração sensorial e encontrando ações que melhorem a qualidade de vida e bem-estar.

Conclusão

A misofonia, apesar de semelhante em alguns aspectos com autismo, é um distúrbio diferente que também impacta a audição e sensibilidade sensorial de uma pessoa.

Compreendê-la é o primeiro passo para buscar suporte e melhorar a qualidade de vida. Se você ou alguém próximo apresenta sinais de misofonia, não hesite em buscar ajuda profissional.

Entender essas sensibilidades também é essencial para criar ambientes mais inclusivos, especialmente para pessoas neurodivergentes. Afinal, pequenas adaptações podem fazer uma grande diferença no bem-estar de todos.

Em nosso blog já temos um conteúdo sobre como a terapia ocupacional pode ajudar a diminuir a sensibilidade auditiva de crianças com autismo, acesse para ler:

Sensibilidade auditiva em crianças com TEA

Conheça nosso atendimento para autismo

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