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Práticas baseadas em evidências: a Instrução e intervenção mediada por pares

Esse conteúdo passou por revisão clínica de Alice Tufolo, Psicóloga e Conselheira clínica da Genial Care | CRP 06124238


Muitas vezes, a inclusão de alunos autistas é um desafio para educadores, que, mesmo com os marcos legais no Brasil, precisam entender melhor quais alternativas de intervenção no contexto escolar podem garantir resultados.

Como muitas pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentam dificuldades no desenvolvimento acadêmico e de comunicação, além de restrições nas habilidades e interações sociais, é preciso utilizar terapias para o autismo focadas em desenvolver tais capacidades.

Uma das formas de suporte e desenvolvimento de habilidades para as crianças no ambiente escola é a Instrução e Intervenção Mediadas por Pares (PBII), uma estratégia que faz parte do conjunto de práticas baseadas em evidências.

A PBII tem por objetivo a troca por meio de pares de crianças com TEA — colegas da mesma idade, que irão dar modelo para a criança autista, assim como podem dar instruções, fazer comentários, com o adulto mediando indiretamente.

Neste texto, você vai entender como a Instrução e Intervenção Mediadas por Pares funciona para crianças no espectro e seus resultados na aprendizagem social e escolarização dessas pessoas.

O que é uma prática baseada em evidências?

Antes de falarmos da PBII, precisamos voltar um pouco e entender o que são as práticas baseadas em evidências (PBEs) e por que elas funcionam no desenvolvimento de pessoas autistas.

Esse termo é usado para definir um conjunto de procedimentos ou estratégias que passaram por um número aceitável de pesquisas científicas prévias e mostraram resultados positivos para crianças, jovens e adultos com TEA.

Ou seja, nada de “achismo”, mas sim métodos comprovados cientificamente.

Na prática, essas estratégias serão usadas durante as intervenções feitas pelos terapeutas, funcionando como ferramentas para atingir a evolução das habilidades de um indivíduo, sempre focadas nas necessidades e no repertório previamente conhecidos.

Segundo o último report oficial do The National Clearinghouse, foram descritas 28 principais práticas baseadas em evidência. O estudo analisou 20 anos de intervenção com um total de 972 artigos para chegar nas 28 práticas, muitas delas correlacionadas com a Análise do Comportamento Aplicada (ABA).

Dessas 28 PBEs analisadas, 23 são baseadas nos princípios da ABA, incluindo a Instrução e Intervenção Mediadas por Pares.

O que é a Instrução e Intervenção mediada por pares?

A Instrução e Intervenção Mediadas por Pares (Peer-Mediated Intervention) é uma estratégia que promove o desenvolvimento de habilidades sociais e acadêmicas em crianças, podendo ser de grande auxílio nas crianças que necessitam de mais suporte para seu desenvolvimento.

Com ela, os pares contribuem diretamente para as relações sociais das crianças com autismo, além de outros objetivos individuais de aprendizagem.

O adulto organiza o contexto social — como grupos de brincadeiras e interações em sala — e, quando necessário, oferece suporte (como sugestões e reforços) para que a criança com autismo possa interagir com os colegas.

É importante lembrar: ao falarmos de “pares”, estamos nos referindo a outras crianças da mesma faixa etária, com desenvolvimento típico. Esses colegas atuam como agentes da intervenção, servindo de modelos comportamentais e mediadores de aprendizagem.

Isso estimula a criança no espectro a desenvolver e aprimorar seu repertório de habilidades, tanto sociais quanto acadêmicas. A escolha dos colegas é geralmente feita pelo professor, com base em critérios como:

  • Empatia;
  • Domínio das habilidades-alvo a serem mediadas;
  • Faixa etária próxima.

Em relação às habilidades, é importante que o par não esteja muito à frente no desenvolvimento em comparação à criança com TEA, para evitar frustrações ou desmotivação de ambos.

A idade também deve ser próxima, já que as crianças costumam compartilhar a mesma turma e interesses — como jogos, brincadeiras e personagens.

A Instrução e Intervenção mediada por pares como forma de inclusão

A intervenção mediada por pares demonstra resultados significativos no desenvolvimento de habilidades de crianças com TEA. Entre os comportamentos ensinados estão: fazer convites para brincar, demonstrar afeto, oferecer ajuda, orientar atividades, entre outros.

É fundamental que esses momentos aconteçam em contextos lúdicos, com base nos interesses da criança, priorizando o engajamento e a motivação.

Uma das principais vantagens dessa intervenção é a possibilidade de aplicação em ambientes naturais, como sala de aula, recreio, lanche coletivo e parquinho.

Esses espaços têm atuação direta de professores e proporcionam interações espontâneas, favorecendo a aprendizagem, na prática do dia a dia. Por isso, a PBII se diferencia de práticas clínicas mais controladas e estruturadas, sendo uma Prática Baseada em Evidência com aplicação direta no contexto escolar.

“As crianças aprenderem uma com as outras é um processo natural de desenvolvimento. Para além de fazer mais sentido o modelo e compartilhamento vir de outra criança, o processo de aprendizagem por PBII leva a uma criança do grupo se tornar referência para a criança autista, fortalece chances naturais de aprendizagem futuras entre elas. Isso faz com que a criança passe a aprender mais pelo grupo do que individualmente com o adulto” Comenta Alice Tufolo, conselheira clínica da Genial Care.

Além disso, os benefícios não são exclusivos para o aluno com autismo. Os colegas que participam da intervenção também tendem a ampliar seus conhecimentos sobre o espectro e desenvolver atitudes mais empáticas e inclusivas — o que contribui para a construção de uma sociedade mais consciente e acolhedora.

Como toda prática baseada em evidência, a Instrução e Intervenção Mediadas por Pares deve ser adaptada às necessidades específicas da criança, respeitando seus interesses e limites. Por isso, é essencial realizar uma avaliação inicial e garantir o acompanhamento contínuo por profissionais capacitados.

Conclusão

A Instrução e Intervenção Mediadas por Pares é uma poderosa ferramenta de inclusão no ambiente escolar.

Como prática baseada em evidências, ela não apenas promove o desenvolvimento de habilidades sociais e acadêmicas em crianças com autismo, como também fortalece os laços entre os colegas e constrói um ambiente mais empático, colaborativo e respeitoso.

Ao envolver outras crianças no processo de aprendizagem e interação, essa estratégia valoriza o protagonismo de todos e amplia as oportunidades de convivência real e significativa para os alunos no espectro.

Com o acompanhamento adequado de profissionais qualificados e o envolvimento da escola, é possível transformar a rotina escolar em um espaço mais acessível, inclusivo e afetuoso — onde todas as crianças, com ou sem deficiência, possam aprender e crescer juntas.

Aqui na Genial Care temos uma equipe multidisciplinar focada em desenvolver e potencializar as habilidades de pessoas com autismo, criando cada vez mais qualidade de vida para elas. Clique no botão e conheça nossos serviços:

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