Pesquisar
torne-se
3
especialidades
5
data-curso-360
2
5
07-curso
Dias
Horas
Min
Dias
Horas
Min
Mulher sofrendo com disfunções sensoriais. Ela está de olhos fechados e com a mão esquerda sobre a testa.

Será que existe relação e diferença entre agitação, desatenção e disfunções sensoriais?

Muitas crianças com autismo têm algum tipo de distúrbio de processamento sensorial. Ou seja, uma condição neurológica que faz com que o cérebro e o sistema nervoso tenham dificuldades para processar, receber e interpretar os estímulos internos e externos.

Dessa forma, é muito comum que as disfunções sensoriais sejam um desafio para pais, pessoas cuidadoras e até mesmo profissionais da saúde que estão buscando informações a respeito do tema.

Nesse caminho, existem alguns comportamentos relacionados, como a agitação, desatenção e disfunções de integração sensorial que podem gerar confusão e dúvidas. Por isso, para responder a essa pergunta precisamos entender as partes sobre esse processo.

Neste texto, vamos falar um pouco sobre quais são as possíveis disfunções sensoriais que interferem em aspectos de atenção e de agitação. Confira!

O que são as disfunções sensoriais?

Menino com disfunção sensorial em meio aos seus amigos

Primeiro, precisamos lembrar que a Teoria da Integração Sensorial de Ayres entende que, para percebermos o mundo, nosso cérebro entrelaça diferentes impressões sensoriais.

Na qual cada informação sensorial é integrada com outra e o produto dessa integração é a percepção do que está acontecendo no ambiente ou mesmo no próprio corpo.

Por isso, essa abordagem desenvolveu uma teoria que explica a relação entre déficits na interpretação das sensações do corpo e do ambiente com dificuldades com o aprendizado acadêmico e motor.

Assim, as disfunções sensoriais podem ser entendidas como a dificuldade em processar e interpretar informações sensoriais, que interferem na habilidade de uma pessoa em registrar e processar o tipo, quantidade e intensidade da sensação oferecida pelo ambiente.

Essa dificuldade pode resultar em comportamentos e sentimentos que podem ser organizados ou não.

Isso quer dizer que, quando falamos em comportamentos desorganizados, nos referimos a respostas incomuns ou desproporcionais a estímulos sensoriais, como toque, som, movimento, cheiro ou sabor.

Essa dificuldade pode impactar diversas áreas da vida diária, incluindo habilidades sociais, acadêmicas e ocupacionais.

A relação entre disfunções sensoriais e o comportamento

As disfunções sensoriais interferem diretamente na forma como organizamos o nosso comportamento. Ou seja, alguns padrões de disfunções podem apresentar sinais de desatenção e agitação.

Isso porque a forma como processamos as informações sensoriais do ambiente permite com que a gente dê relevância e/ou iniba certos grupos de estímulos.

Para ilustrar como isso ocorre ao nível atencional (de atenção) se imagine em um restaurante.

Nesse cenário, inclua o som de pessoas conversando, de talheres sendo utilizados, barulho da TV ou mesmo de uma música ambiente. Incluindo mais elementos nesta situação, pense em pessoas passando constantemente de um lado para outro, o abrir e fechar de porta, o sol refletindo em algum espaço do restaurante.

Quando você está neste contexto, você olha para o cardápio, seleciona o que quer comer, chama o garçom e comunica a ele, certo?

Você fez tudo isso por que seu cérebro entendeu que, para que você escolhesse o que quer comer e fazer o pedido, você precisaria não dar atenção para estes outros tantos estímulos que estavam acontecendo.

Quando falamos em alguns padrões de disfunções sensoriais, esse processo de inibição não ocorre, o que faz com que estejamos alerta e atentos a tudo do ambiente.

Agitação e desatenção relacionadas com as disfunções sensoriais

Em relação à agitação, podemos considerar um outro cenário muito relacionado à necessidade de movimento.

Esse comportamento pode estar relacionado tanto a um padrão de disfunção sensorial como também a forma como a pessoa processa os estímulos do ambiente, que não necessariamente apresenta um impacto funcional em seu aprendizado ou participação social.

Ou seja, de forma geral, nosso cérebro precisa de informações sensoriais para funcionar e diante de cada experiência damos um sentido e um significado a estas experiências.

É a partir delas, que criamos uma bagagem de vivências que moldam a forma como organizamos os comportamentos e respondemos ao meio.

Por isso, quando olhamos para comportamentos de desatenção e agitação, precisamos entender se existe uma relação com disfunções sensoriais ou não.

Transtorno de Modulação Sensorial

A modulação sensorial é um processo neurológico que envolve o ajuste de informações sensoriais relacionadas a sua intensidade, frequência e duração, sendo este processo que permite que uma pessoa perceba os estímulos que são relevantes e filtre os irrelevantes.

Este padrão de disfunção pode ser dividido em três categorias:

  • Hiperresponsividade
  • Hiperresponsividade
  • Busca Sensorial

Cada uma dessas categorias, pode envolver alterações sensoriais que resultam em comportamentos de desatenção e agitação

Quando há disfunção de modulação sensorial, a criança pode apresentar comportamentos de buscar quantidade excessiva ou mesmo de aversão a determinados estímulos.

Este padrão de disfunção pode ser dividido em três subcategorias: hiperresponsividade, hiperresponsividade e busca sensorial.

1. Hiperresponsividade

Pessoas hiperresponsivas apresentam dificuldades em ajustar a intensidade, frequência e duração do estímulo, ou seja, uma pequena quantidade de estímulos é suficiente para que a pessoa perceba rapidamente aquela informação.

Um exemplo de comportamento hiperresponsivo é quando uma pessoa pode se assustar quando alguém fala alto próximo a ela ou mesmo quando há desconforto em utilizar algum tecido de roupa específico.

Neste padrão, torna-se difícil manter-se, por exemplo, atento a uma mesma tarefa. Isso porque o cérebro da criança não consegue inibir ou ignorar certas sensações, direcionando a atenção a diversos estímulos ao mesmo tempo.

Neste caso, podemos dizer que existe sim uma relação importante entre padrão de disfunção de modulação sensorial com a desatenção.

2. Hiporresponsividade

Diferente da hiperresponsividade, o hiporresponsivo necessita de muito estímulo para perceber e processar certos grupos de informações sensoriais.

É muito comum vermos este padrão relacionado a estímulos vestibulares, ou seja, de movimento. A criança precisa estar em constante movimento para que ela possa perceber informações do ambiente.

E neste caso, temos uma relação direta entre um padrão de disfunção sensorial com comportamentos de agitação e, consequentemente, de atenção.

Uma vez que a necessidade de precisar de estímulos interfere em seu nível de alerta, engajamento e tempo de permanência durante uma atividade.

3. Busca Sensorial

Uma criança que apresenta características de buscador sensorial apresenta comportamentos similares ao de hiperresponsividade sensorial, isso por que parece querer ou precisar de mais informações sensoriais que outros.

Porém, diferente do hiporresponsivo, o buscador pode parecer insaciável, não importa o quanto você dê oportunidade do estímulo que ele busque, a necessidade da sensação não cessa.

Muitas vezes, para este padrão de disfunção, a criança pode apresentar comportamentos desafiadores, em que o coloquem em risco, pode ficar bravo quando precisa manter-se sentado ou parar o que está fazendo e até demonstrar dificuldades em se regular.

E, como consequência, comportamentos de desatenção e agitação podem também estar presentes em crianças que apresentam padrão de busca sensorial

Como identificar padrão de disfunção sensorial?

Menino sentado ao chão, de olhos fechados e com as mãos nos ouvidos. Ele passa por uma disfunção sensorial

Para saber se a sua criança apresenta alterações de processamento sensorial que justifiquem comportamentos de desatenção e agitação você deve:

  • Observar o comportamento da sua criança: como ela reage aos sons altos? Será que tem alguma textura que ele esquiva ou se afasta? Ele é uma criança que sempre que tem oportunidade, fica de cabeça para baixo? Dá cambalhotas ou balança?
  • Comportamentos repetitivos e ritualísticos: a criança costuma definir fazer a mesma coisa do mesmo jeito? Você observa que a criança busca fazer algum movimento de forma repetitiva, como balançar-se ou movimentar as mãos?
  • Comportamentos de desatenção e agitação são uns dos sinais de disfunção sensorial, mas não são os únicos: por isso, observe quais são as atividades que estão sendo impactadas por esses comportamentos:
    • A criança apresenta dificuldade de seguir instruções comuns a ela, mesmo quando está em um contexto controlado, como em sua casa?
    • A criança brinca bastante de atividade e brinquedo, demonstrando dificuldade de permanecer na mesma brincadeira por alguns minutos?
    • Ele se movimenta constantemente, mas responde quando você chama por ele ou faz o que é solicitado?

Se você respondeu sim para a maioria das perguntas, talvez valha a pena levar a sua criança para uma avaliação específica com um terapeuta ocupacional com certificação de integração sensorial.

É importante lembrar que a disfunção sensorial pode se manifestar de maneiras diferentes em cada pessoa e pode variar em intensidade ao longo do tempo.

Uma avaliação cuidadosa e uma abordagem individualizada são essenciais para compreender e atender às necessidades específicas de cada indivíduo.

Conclusão

Comportamentos de desatenção e agitação podem, sim, ter relação com disfunções sensoriais, mas não são as únicas causas.

É importante que seja avaliado características de outras neurodivergências, como, por exemplo, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), alteração do Processamento Auditivo Central (PAC), etc.

O importante é que você compreenda que o Transtorno de Modulação Sensorial pode interferir diretamente no foco atencional e no nível de atividade.

Isso porque estes padrões de disfunções estão diretamente relacionados a alteração do nível de alerta.

Para saber mais sobre o nível de alerta, acesse nosso texto sobre:

Níveis de alerta na integração sensorial

Conheça nosso atendimento para autismo

Esse artigo foi útil para você?

MEC: novas diretrizes para educação de crianças com autismo Just Dance + 3 jogos virtuais para conscientização da neurodiversidade Pessoas com TEA tem direito ao Benefício de prestação continuada (BPC)? 20/10 | Dia Mundial de combate ao Bullying Diagnóstico de autismo: por onde começar? Bradesco Saúde: novo plano de saúde parceiro da Genial Care Apraxia da fala: como ela impacta pessoas autistas? 4 Sinais de AUTISMO em bebês 13/10: dia do terapeuta ocupacional Dia mundial da Saúde Mental Jornada da Terapia Ocupacional – Integração Sensorial 29/10 – ONLINE Debate sobre neurodivergência na Alesp: veja como foi 21/09: Luta Nacional das Pessoas com Deficiências (PCDs) Rock in Rio: sala sensorial para pessoas autistas e com deficiências ocultas Omint: novo plano de saúde parceiro da Genial Care O que é rigidez cognitiva? Como usamos a CAA aqui na Genial Care? Dia do Psicólogo: entenda a importância do profissional no autismo Psicomotricidade: saiba o que é e qual sua relação com Autismo 3 séries sul-coreanas sobre autismo pra você conhecer! 5 atividades extracurriculares para integração social de crianças no TEA Existe reembolso para autismo pelo plano de saúde? Como ajudar crianças com TEA a treinar habilidades sociais? Câmara aprova projeto que visa contratação de pessoas autistas O que é Integração sensorial de Ayres? Olimpíadas 2024: conheça a história e atletas com TEA Dia Mundial de Conscientização da Síndrome do X Frágil Dia Nacional do Futebol: inclusão e emoções das pessoas com TEA Se o autismo não é uma doença, por que precisa de diagnóstico? Aprovado Projeto de Lei que obriga SUS aplicar a escala M-CHAT em crianças de 2 anos Dia mundial do Rock: conheça 5 bandas com integrantes autistas Como aproveitar momentos de lazer com sua criança autista? Senado: debate público sobre inclusão educacional de pessoas com TEA Emoções no autismo: saiba como as habilidades emocionais funcionam Dia do cinema nacional: conheça a Sessão Azul Por que precisamos do Dia do Orgulho Autista? Conheça o estudo retratos do autismo no Brasil 2023 | Genial Care Dia Mundial do Meio Ambiente: natureza e a interação de crianças TEA Pessoas com TEA tem direito ao Benefício de prestação continuada (BPC)? Cássio usa camiseta com número em alusão ao Autismo Marcos Mion visita abrigo que acolhe pessoas autistas no RS Existem alimentos que podem prejudicar a saúde de pessoas autistas? Escala M-CHAT fica de fora da Caderneta da Criança O que são níveis de suporte no autismo? Segunda temporada de Heartbreak High já disponível na Netflix Símbolos do autismo: Veja quais são e seus significados Dia Mundial de Conscientização do Autismo: saiba a importância da data Filha de Demi Moore e Bruce Willis revela diagnóstico de autismo Brinquedos para autismo: tudo que você precisa saber! Dia internacional das mulheres: frases e histórias que inspiram Meltdown e Shutdown no autismo: entenda o que significam Veja o desabafo emocionante de Felipe Araújo sobre seu filho autista Estádio do Palmeiras, Allianz Parque, inaugura sala sensorial Peça teatral AZUL: abordagem do TEA de forma lúdica 6 personagens autistas em animações infantis Canabidiol no tratamento de autismo Genial Care recebe R$ 35 milhões para investir em saúde atípica Autismo e plano de saúde: 5 direitos que as operadoras devem cobrir Planos de saúde querem mudar o rol na ANS para tratamento de autismo Hipersensibilidade: fogos de artifício e autismo. O que devo saber? Intervenção precoce e TEA: conheça a história de Julie Dutra Cezar Black tem fala capacitista em “A Fazenda” Dia do Fonoaudiólogo: a importância dos profissionais para o autismo Como é o dia de uma terapeuta ocupacional na rede Genial Care? O que é rigidez cognitiva? Lei sugere substituição de sinais sonoros em escolas do Rio de janeiro 5 informações que você precisa saber sobre o CipTea Messi é autista? Veja porque essa fake news repercute até hoje 5 formas Geniais de inclusão para pessoas autistas por pessoas autistas Emissão de carteira de pessoa autista em 26 postos do Poupamento 3 torcidas autistas que promovem inclusão nos estádios de futebol Conheça mais sobre a lei que cria “Centros de referência para autismo” Como a Genial Care realiza a orientação com os pais? Dia das Bruxas | 3 “sustos” que todo cuidador de uma criança com autismo já levou Jacob: adolescente autista, que potencializou a comunicação com a música! Síndrome de asperger e autismo leve são a mesma coisa? Tramontina cria produto inspirado em criança com autismo Como a fonoaudiologia ajuda crianças com seletividade alimentar? Genial Care Academy: conheça o núcleo de capacitação de terapeutas Como é ser um fonoaudiólogo em uma Healthtech Terapeuta Ocupacional no autismo: entenda a importância para o TEA Como é ser Genial: Mariana Tonetto CAA no autismo: veja os benefícios para o desenvolvimento no TEA Cordão de girassol: o que é, para que serve e quem tem direito Como conseguir laudo de autismo? Conheça a rede Genial para autismo e seja um terapeuta de excelência Educação inclusiva: debate sobre acompanhantes terapêuticos para TEA nas escolas Letícia Sabatella revela ter autismo: “foi libertador” O que é discalculia e qual sua relação com autismo? Rasgar papel tem ligação com o autismo? Quem é Temple Grandin? | Genial Care Irmãos gêmeos tem o mesmo diagnóstico de autismo? Parece autismo, mas não é: transtornos comumente confundidos com TEA Nova lei aprova ozonioterapia em intervenções complementares Dicas de como explicar de forma simples para crianças o que é autismo 5 livros e HQs para autismo para você colocar na lista! Como é para um terapeuta trabalhar em uma healthcare? Lei n°14.626 – Atendimento Prioritário para Pessoas Autistas e Outros Grupos Como fazer um relatório descritivo?