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Sabe aquele momento em que você pergunta para o terapeuta ABA: “mas como você sabe o que é para fazer nessa situação?”. Se você já perguntou isso, ou já foi questionado, com certeza esse artigo é para você.
Esse ponto de compreender o que fazer no momento, se relaciona totalmente com a função do comportamento e com a consequência que essa resposta teve, como por exemplo, uma criança que chorou e então recebeu o Ipad para aliviar — o Ipad funciona como consequência pelo choro dela.
Para compreender esta função, recorremos à avaliação funcional, uma das Práticas Baseadas em Evidência. Ela é uma intervenção que foi estudada e baseada em pesquisas, e aponta resultados positivos quando implementada.
Quando falamos de análise do comportamento, é impossível não pensar naquela famosa tríplice contingência, onde definimos o comportamento, e então avaliamos o antecedente e a consequência que o mantém. Essa última parte é crucial: a consequência.
Todo analista do comportamento já ouviu a famosa frase “um comportamento só é mantido porque é reforçado”, e é exatamente nesse ponto que eu pretendo chegar.
Quando um comportamento é reforçado, ele atinge a sua função. E qual seria ela? É isso que determinamos quando tratamos de avaliação funcional.
O que é Prática Baseada em Evidências?
Para começar, vamos entender o que é uma prática baseada em evidências. Elas são um conjunto de procedimentos estudados por vários pesquisadores e que tiveram, na prática, resultados positivos para as crianças, jovens e adultos com TEA.
Assim, podemos dizer que a utilização desses resultados de pesquisas, por exemplo, servem como ferramenta na hora de atingir a evolução das habilidades e necessidades de uma pessoa.
Então, a avaliação funcional é uma intervenção que faz parte do relatório Evidence Based Medicine (EBM), lançado em 2015 pela Associação para Ciência no Tratamento do Autismo (ASAT). Essa pesquisa analisou 20 anos de intervenções para o autismo nas diversas áreas relacionadas à ABA — Análise do Comportamento Aplicada.
O que é a avaliação funcional?
Inicialmente proposta por Iwata em 1982, a análise funcional tinha como objetivo determinar a função de um comportamento, para entender o porquê ele se mantinha. Ou seja, é uma forma sistemática de determinar a função ou motivo de um comportamento para que um plano de intervenção eficaz possa ser desenvolvido.
O experimento condiz em expor o indivíduo que está emitindo esta resposta a quatro diferentes condições e determinar em qual delas ele continuará se comportando da mesma forma, sendo elas:
- estar sozinho no ambiente;
- estar acompanhado mas com atenção controlada (para ignorar);
- a apresentação de uma tarefa;
- apresentação de um item de alto interesse (comestível ou não).
Essas quatro condições vão então sinalizar quatro possíveis funções para o comportamento, sendo elas:
- Atenção: o indivíduo irá se comportar desta forma para chamar a atenção de alguém;
- Esquiva ou fuga de demanda: nesse caso, as duas são diferentes. A esquiva é quando a tarefa ainda não foi apresentada, e o indivíduo tenta ‘atrasar’ a apresentação da tarefa. E na fuga a tarefa já foi apresentada;
- Tangível: o comportamento está ocorrendo com o objetivo de ganhar o item que desejado;
- Automático: nesse caso, o indivíduo se comporta para eliminar ou atingir uma sensação física.
Quando a análise é encerrada, é possível determinar qual a função do comportamento, e então planejar uma função em torno disso.
E lembra daquela tríplice contingência que falamos lá no começo? Então! Nesse momento que montamos ela, conseguimos determinar uma possível função para o comportamento, de uma forma mais ágil, mas sempre com a necessidade de garantir se essa possibilidade é realmente verídica.
Como ela funciona?
Mas será que é só isso? Não! Isso foi só o começo da análise funcional.
Apesar de ser uma pesquisa extremamente importante, que deu início a essa compreensão da função dos comportamentos, hoje em dia existem outras discussões a respeito deste procedimento e seus resultados.
Atualmente, pesquisas feitas por Gregory Hanley desenvolveram a Análise Funcional Prática (PFA) que tem por objetivo, além de determinar a função do comportamento, não expôr tanto o indivíduo às condições em que o comportamento se repete. Pois, muitas vezes, isso pode ser perigoso e até mesmo antiético.
Mais do que isso, essa nova maneira de realizar o procedimento de análise funcional também trouxe um grande questionamento para a Análise do Comportamento: um mesmo comportamento pode ter mais de uma função.
Se uma criança chora porque a mãe mandou ela sair do parque para tomar banho, esse choro tem a função de fuga de demanda, mas também de acesso ao item, nesse caso, o parque.
Tendo isso em mente, com uma análise funcional mais complexa é possível planejar uma intervenção para diversos públicos, principalmente dentro do TEA, que englobe todas as funções e auxilie esse indivíduo a atingir uma qualidade de vida melhor, se comportando de outras formas para ter acesso ao que deseja.
Quando falamos de autismo, é sempre importante estar a par de pesquisas e intervenções mais recentes, e que busquem algo em comum: o bem-estar de quem está recebendo esse serviço, assim como o da sua família.
Aqui na Genial estamos sempre à procura do que há de mais recente, além de sempre basear nossas intervenções nas práticas baseadas em evidências. E aí? Gostou de saber mais sobre esse tema? Aqui no nosso blog, sempre trazemos o que tem de mais novo por aí, fiquem ligados!