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É muito comum que crianças, adolescentes e adultos com TEA tenham algum tipo de dificuldade quando vão se alimentar. A ligação entre autismo e alimentação é algo que pode gerar angústia em muitas famílias, que não sabem ao certo o que fazer para garantir uma alimentação correta para seus filhos.
Seja por seletividade alimentar ou dificuldades com texturas e sabores, é muito comum encontrar pessoas autistas que comem pouca variedade de alimentos ou gostam apenas de comer algo específico várias vezes na semana ou dia.
Especialmente na infância, a alimentação pode ser algo muito estressante para crianças. Ensinar os pequenos a ingerir uma variedade de opções e garantir os nutrientes corretos é algo que muitas famílias buscam ao longo da jornada de desenvolvimento infantil.
Neste conteúdo, vamos abordar as principais questões sobre a relação entre o autismo e a alimentação, com dicas práticas baseadas em pesquisas científicas e estratégias desenvolvidas por especialistas. Acompanhe e descubra como lidar com essas dificuldades na rotina!
Qual a relação do autismo com a alimentação?
O processo de alimentação de qualquer criança exige cuidado e atenção, e isso é ainda mais importante no caso de crianças com Transtorno do Espectro Autista.
É comum observar alguns comportamentos específicos, como uma forte preferência por certos alimentos, uma repetição constante e uma grande resistência às mudanças na dieta.
Além disso, muitos autistas apresentam uma seletividade e apego à rotina, o que pode dificultar ainda mais a inserção de novas experiências alimentares. Outro ponto é que crianças atípicas precisam de observação mais cuidadosa em relação aos alimentos, muitas vezes ligadas à capacidade de consumir determinadas porções ou texturas.
Um estudo publicado no Journal of Autism and Developmental Disorders identificou que entre 46% e 89% das crianças com TEA apresentam algum tipo de dificuldade alimentar, como seletividade extrema, aversão a certas texturas ou preferência por alimentos de cores específicas.
Essas questões alimentares podem surgir por diferentes razões, como:
- Hipossensibilidade ou Hipersensibilidade Sensorial: muitas pessoas com autismo experimentam estímulos sensoriais de maneira diferente. Isso significa que certos sabores, texturas e cheiros de alimentos podem ser percebidos como extremamente desagradáveis ou, por outro lado, quase imperceptíveis.
- Dificuldades motoras orais: algumas crianças têm dificuldade em mastigar e engolir, o que pode resultar em uma preferência por alimentos fáceis de consumir, como purês e líquidos.
- Comportamentos repetitivos e preferências fixas: o comportamento repetitivo é uma característica comum no autismo, e isso pode se refletir na alimentação, com a criança preferindo comer os mesmos alimentos diariamente.
Qual a melhor alimentação para o autista?
É essencial lembrar que cada criança é única. Nem todas as crianças com TEA enfrentam dificuldades significativas. Alguns, mesmo com comportamentos rígidos em outras áreas, conseguem manter uma alimentação adequada.
Por isso, não existe nenhuma dieta específica, que seja feita para todas as pessoas com autismo ou que ajude mais ou menos pessoas no espectro. O que existem são alimentações específicas e alinhadas com profissionais da saúde, que podem ajudar a manter uma saúde equilibrada e conforme o quadro de cada um.
Algumas abordagens dietéticas, como a dieta sem glúten e caseína (SGSC), são adotadas por algumas famílias e difundidas por aí como algo ‘obrigatório’ para pessoas autistas.
Já fizemos um texto completo sobre esse assunto em nosso blog e que pode ajudar você a entender melhor a introdução de uma dieta sem glúten para crianças autistas. Clique para ler!
Lembre-se: consultar um nutricionista especializado e um fonoaudiólogo pode ajudar a identificar deficiências nutricionais e desenvolver um plano alimentar adequado.
Quem tem autismo tem dificuldade para comer?
Em uma pesquisa realizada na Holanda em 2015, foram descritos dados de que 46% da população geral de crianças apresenta algum tipo de seletividade alimentar. Enquanto, uma a cada dez crianças apresenta padrões de restrição severos.
Quando pensamos em crianças com autismo, estima-se que 70% a 90% delas enfrentam algum tipo de dificuldade alimentar. Por isso, é muito comum encontrar pessoas no espectro com dificuldades para comer, seja por questões sensoriais, gastrointestinais ou repertório alimentar.
Assim, fica mais claro entender que a ligação entre autismo e alimentação pode resultar em dietas desequilibradas ou até mesmo deficiências nutricionais que geram outras questões de saúde.
5 estratégias e dicas para ajudar com autismo e alimentação
Lidar com as dificuldades alimentares no autismo pode ser desafiador, mas algumas estratégias têm mostrado ser eficazes para melhorar esse processo e fortalecer a ligação entre autismo e alimentação que existe na rotina de muitas famílias.
Abaixo, separamos as principais dicas e recomendações de especialistas para ajudar pais e cuidadores a melhorar a alimentação de crianças com autismo:
1. Respeite as preferências sensoriais da pessoa autista
Como muitas crianças com autismo são sensíveis a texturas e sabores, é importante respeitar essas preferências e não forçar o consumo de alimentos que causam desconforto.
Introduzir novas texturas e sabores gradualmente pode ajudar a expandir o paladar da criança.
2. Ofereça opções variadas de alimentos e texturas
Oferecer uma variedade de alimentos saudáveis e adaptados às preferências da criança pode ajudar a garantir uma ingestão equilibrada de nutrientes. Varie entre diferentes grupos alimentares, como frutas, vegetais, proteínas e grãos.
Também lembre-se de encontrar novas texturas para alimentos que a pessoa evita. Por exemplo, a pessoa não gosta muito de abacate in natura, mas pode ser que uma vitamina com a fruta batida seja uma textura mais agradável e ajuda no processo de expansão do repertório alimentar.
Além disso, tente cortar os alimentos de formas diferentes, alterar as cores ou usar pratos e talheres que a criança goste. Pequenas mudanças visuais podem facilitar a aceitação.
3. Crie uma rotina alimentar constante e estruturada
Crianças com TEA costumam responder bem a rotinas. Estabelecer horários fixos para refeições e lanches pode ajudar a reduzir a ansiedade em torno da alimentação. Além disso, a previsibilidade pode ser reconfortante para a criança.
4. Use reforços positivos e presentes no repertório da criança
Utilize o reforço positivo ao introduzir novos alimentos. Elogios, recompensas simbólicas ou até mesmo jogos que já são do interesse da criança podem ajudar a tornar a experiência mais agradável.
No entanto, evite usar alimentos favoritos como forma de chantagem. Não queremos criar nenhum tipo de relação negativa ou pressão na relação entre autismo e alimentação. Não force nenhum tipo de ingestão, isso pode apenas intensificar a recusa.
5. Tenha o apoio de uma equipe especializada
Se a seletividade alimentar estiver comprometendo a nutrição da criança, consulte um profissional de saúde especializado para ajudar a identificar possíveis deficiências nutricionais e sugerir suplementos ou alternativas alimentares.
Além disso, a equipe que acompanha o desenvolvimento da criança também pode ajudar. Fonoaudiólogos e Terapeutas ocupacionais podem ajudar a melhorar a aceitação de alimentos, trabalhando com a criança para desenvolver habilidades motoras orais e superar aversões sensoriais.
A integração sensorial é uma abordagem usada para auxiliar a criança a se sentir mais confortável com diferentes estímulos alimentares. Clique aqui para ler sobre dietas sensoriais!
Conclusão
A relação entre autismo e alimentação é bastante ampla, envolvendo diversas barreiras sensoriais, além de aspectos comportamentais e nutricionais. Com o apoio profissional correto e a abordagem adequada, é possível desenvolver hábitos alimentares mais equilibrados ao longo da vida.
O mais importante é saber sobre seletividade alimentar e porque ela acontece na rotina de pessoas no espectro. Já temos um texto completo em nosso blog sobre o assunto, que aborda em detalhes estratégias específicas para lidar com a seletividade alimentar em crianças com TEA. Leia agora mesmo e continue aprendendo: