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Para muitas famílias, receber o diagnóstico de autismo de uma criança, pode ser uma experiência muito difícil e repleta de sentimentos. Em meio a essa jornada, uma variedade de emoções complexas e desafiadoras podem surgir, incluindo ansiedade, culpa e a busca por aceitação.
Se você está lutando para aceitar e lidar com as emoções associadas ao diagnóstico de autismo do seu filho, saiba que não está sozinho. É importante lembrar que essas emoções estão ligadas a uma quebra de expectativa, mas isso não significa que o futuro da sua criança será ruim, ele será apenas diferente do imaginado.
Está tudo bem se sentir assim nesse primeiro momento. Mas é importante que você aprenda a lidar com essas emoções, para conseguir se autorregular e também promover um ambiente de compreensão e apoio para você, sua família e criança.
Neste artigo, entenderemos melhor a ansiedade e todas essas emoções, oferecendo informações fundamentadas e estratégias para ajudar os pais a enfrentar e compreender melhor esses desafios emocionais. Vamos aprender juntos!
O que é ansiedade?
Antes de mais nada, precisamos lembrar que a ansiedade é uma resposta natural do corpo ao estresse e medo vivido por diversas situações. É um sentimento de medo ou apreensão sobre o que está por vir.
No entanto, para algumas pessoas, a ansiedade pode ser intensa, persistente e interferir na vida diária. Dessa forma, ela pode se tornar uma condição psicológica, que pode desencadear um transtorno que leva às crises com sintomas físicos e mentais.
Quando falamos sobre TEA, a ansiedade é uma das emoções mais comuns enfrentadas por pais de crianças com autismo. A incerteza em relação ao futuro, preocupações com o bem-estar do filho e o estresse diário podem contribuir para sentimentos intensos de ansiedade.
É totalmente natural que em meio a esse processo os pais precisem lidar com alguns sentimentos difíceis, como a ansiedade, a culpa e a dificuldade em aceitar.
Se você já sentiu ou sente alguma dessas emoções, saiba que não está sozinho e que está tudo bem em se sentir assim. Muitos pais se perguntam se o diagnóstico de autismo de seus filhos é culpa deles
, e isso pode gerar ainda mais ansiedade.
Lembre-se que não, os pais não têm nenhum tipo de culpa sobre o diagnóstico das crianças!
Medo e ansiedade são a mesma coisa?
O medo é uma reação natural do nosso organismo diante de algumas situações, ambientes e até mesmo objetos específicos, que representam qualquer tipo de ameaça. Já a ansiedade, como falamos, é uma resposta a esse medo ou estresse, como um sentimento de antecipação do futuro, que gera tensão interna.
As duas sensações são bastante naturais e próximas, mas não são a mesma coisa. O medo é como um alerta do corpo diante do desconhecido, e ansiedade uma preocupação do que esse desconhecido pode causar ou ser.
É preciso ficar de olho para que, tanto o medo quanto a ansiedade, não se tornem maiores do que são e comecem a prejudicar a rotina e ações cotidianas, podem paralisar ou até mesmo criar reações excessivas.
Quais são os sintomas da ansiedade?
Os sintomas da ansiedade podem variar de pessoa para pessoa e podem se manifestar de diferentes maneiras. Reconhecer esses sintomas é um passo importante para identificar qualquer dificuldade e buscar ajuda profissional se necessário.
Alguns dos sintomas mais comuns da ansiedade são:
- Preocupação excessiva;
- Inquietação;
- Tensão muscular;
- Fadiga;
- Dificuldade de concentração;
- Irritabilidade;
- Distúrbios do sono.
Sintomas físicos como palpitações cardíacas, sudorese, tremores, falta de ar, náuseas e desconforto gastrointestinal.
O que a ansiedade faz com a mente?
É importante lembrar que a ansiedade é uma resposta natural do corpo a situações de estresse, perigo ou incerteza. É uma emoção que todos experimentamos em algum momento de nossas vidas.
No entanto, quando a ansiedade se torna persistente, intensa e interfere nas atividades diárias, pode ser um sinal de um transtorno de ansiedade, impossibilitando que a pessoa viva o presente e esteja sempre presa em sua cabeça se preocupando com o futuro.
O acúmulo de ansiedade pode ter um impacto significativo na mente e no bem-estar emocional de uma pessoa.
Quando não gerenciada adequadamente, pode levar a uma série de consequências negativas, como:
- Pensamentos catastróficos;
- Ruminação de pensamentos repetitivos;
- Autoconsciência excessiva;
- Evitação de situações desafiadoras;
- Diminuição da qualidade de vida.
Por isso, entender a origem da ansiedade e aprender estratégias eficazes de gerenciamento pode ajudar os pais a lidar melhor com esse aspecto desafiador do diagnóstico.
Nesse caminho, aprender a se regular é um importante passo para encontrar a maturidade emocional e lidar melhor com os sentimentos.
No caso de quem convive com uma criança com autismo, é também o ponto inicial para garantir o desenvolvimento dela. Isso porque, se você não está bem, a criança também não está.
Não consigo controlar minha ansiedade, o que eu faço?
A ansiedade é um sentimento natural, especialmente quando estamos vivenciando algo completamente novo e temos incertezas quanto ao futuro. No caso de quem convive diariamente com o autismo, essa realidade é ainda mais frequente.
De acordo com a Scielo, pais de crianças com autismo estão mais propensos a sofrerem com transtornos de ansiedade, humor e sintomas obsessivos do que pais de crianças consideradas neurotípicas.
Um estudo realizado pelo grupo de pesquisas com pais de pessoas no espectro do autismo na cidade de Salvador (BA) mostrou que 26,7% tinham depressão; 33, 7% sofria com ansiedade e 18,9% tinha os dois transtornos. Falando da população em geral, estima-se que 5% tenha depressão e 4,5% ansiedade.
Saiba que existem várias estratégias que os pais podem empregar para ajudar seus filhos a lidar com a ansiedade, sejam deles mesmo ou da criança, entre elas:
- Estabelecer rotinas consistentes;
- Criar um ambiente confortável para o aprendizado e autorregulação;
- Ensinar e aprender habilidades de enfrentamento e oferecer apoio emocional;
- Procurar ajuda profissional para cuidar de sua saúde mental;
- Ter grupos de apoio para conversar sobre a jornada e dividir experiências;
- Ter acesso a conteúdos de orientação parental para aprender a lidar com comportamentos desafiadores.
Sinto culpa pelo diagnóstico de autismo do meu filho, e agora?
A culpa é outra emoção comum que os pais podem experimentar após o diagnóstico de autismo de seus filhos. Saber que seu filho está no TEA não é fácil. E mesmo nas famílias em que o diagnóstico não é mais recente, a culpa pode ser um sentimento frequente.
Estudos também mostram que a culpa, além da baixa autoestima, perda de confiança no futuro, estresse conjugal, problemas de sono e redução de renda família também podem surgir em algum momento.
Os sentimentos de culpa podem surgir de várias fontes, incluindo a busca por respostas sobre as possíveis causas do autismo, preocupações sobre o impacto do ambiente familiar no desenvolvimento da criança e a sensação de não estar à altura das expectativas sociais e culturais.
Mas respire fundo e saiba que um passo importante é quando os pais reconhecem que a culpa é uma resposta natural a uma situação desafiadora.
Para superar sentimentos de culpa, os pais podem se beneficiar praticando o perdão, tanto para si mesmos quanto para os outros. Isso envolve reconhecer que ninguém é perfeito e que todos estão fazendo o melhor que podem em circunstâncias difíceis.
Além disso, cultivar a aceitação do autismo como parte integrante da identidade de seu filho pode ajudar os pais a abraçar sua jornada única e a valorizar suas qualidades e conquistas únicas.
Entender que você não poderia ter feito nada de diferente, e que o fato da criança ter um transtorno não é sua culpa é essencial para conseguir driblar esse sentimento e encontrar estratégias de desenvolvimento para um futuro com mais qualidade de vida, autonomia e independência.
Estou tendo dificuldades em aceitar o diagnóstico do meu filho
Muitas famílias, quando relatam a sensação de ouvir pela primeira vez que o filho está no espectro do autismo, comparam a situação à vivência de uma espécie de luto em vida.
Segundo psicólogos explicam, esse sentimento é comum devido à idealização que os pais fazem normalmente com os filhos.
Por isso, receber o diagnóstico – ou mesmo lidar com a suspeita – de autismo traz uma série de receios e incertezas de como prosseguir dali para a frente. Este é um sentimento genuinamente natural.
No livro Autismo, não espere, aja logo, Paiva Junior comenta sobre essa sensação:
“A descoberta de que há algo errado com seu filho. É como se o chão sumisse sob seus pés momentaneamente. Um susto. A reação logo a seguir é a de negar, duvidar e achar que tudo que indica esse problema está errado”, conta.
Passar pelo processo de negação é completamente natural. Mas se ela parece durar mais do que o habitual e te consumir, é hora de procurar ajuda com profissionais especializados e que podem te ajudar a construir um caminho mais confortável ao longo dos aprendizados.
Você não precisa negar seus sentimentos, como ansiedade e culpa, mas é preciso criar uma maneira de fazê-los não serem um peso tão grande ao longo da vida.
Uma possibilidade é que, ao invés de se concentrar nas dificuldades associadas ao autismo, os pais podem adotar uma abordagem centrada nas habilidades, celebrando a diversidade e o desenvolvimento de seus filhos.
Na Genial Care, dizemos que uma excelente forma de lidar com esse sentimento difícil é focar nos aprendizados e potenciais da criança, e não naquilo que ela não consegue fazer.
Todos podem aprender, e uma criança tem milhares de possibilidades, na qual a estimulação é o melhor caminho para que toda a família consiga trilhar um caminho singular e extraordinário.
Como lidar com emoções difíceis?
O primeiro passo para lidar com estas emoções difíceis talvez seja algo que você já fez: aceitá-las. A partir daí, é importante notar o que você consegue mudar sozinha e o que precisará de ajuda para enfrentar.
Quando cuidamos de uma criança com autismo, a demanda de entender mais sobre o TEA, encontrar profissionais adequados e resolver as situações do dia a dia podem nos sobrecarregar e nos deixam sem tempo de cuidar de nós mesmos.
Esta é, aliás, uma necessidade dos cuidadores: 48% alegam falta de tempo para descansar e cuidar de si.
Saiba que os pais desempenham um papel essencial na promoção de uma cultura de aceitação e inclusão para seus filhos autistas. Isso envolve educar a família, os amigos, os professores e a comunidade em geral sobre o autismo e suas características únicas.
Incentivar a empatia, a compreensão e o respeito mútuo pode ajudar a criar um ambiente de apoio e aceitação para crianças autistas.
Buscar ajuda profissional também é uma forma de autocuidado. Em muitos casos, fazer terapia ou ter um serviço de orientação parental a seu dispor é essencial para que você compreenda e lide melhor com estas inseguranças e sentimentos difíceis.
Conclusão
Enfrentar emoções difíceis ligadas ao diagnóstico de autismo pode ser uma jornada desafiadora e emocionalmente exigente para os pais.
No entanto, ao compreender e abordar a ansiedade, a culpa e a busca pela aceitação de maneira positiva e construtiva, os pais podem ajudar a criar um ambiente de amor, compreensão e apoio para seus filhos autistas.
Ficamos muito felizes de você chegar até aqui, saiba que a ansiedade é normal e você pode melhorar sua relação com ela. Para que você continue aprendendo e saiba como aceitar cada vez mais o diagnóstico do seu filho, recomendamos que leia o texto a seguir.
Esse é um conteúdo focado na aceitação do diagnóstico de uma criança autista, com várias dicas e estratégias práticas que podem ajudar você e toda a família nesse momento: