Índice de Conteúdos
O mês de agosto traz consigo um significado especial para muitas mães ao redor do mundo: é o Agosto Dourado, um período destinado a promover e incentivar a prática do aleitamento materno.
Em meio a essa celebração, é importante também reconhecer as complexidades e diversas perspectivas que cercam mães e crianças com autismo, que muitas vezes enfrentam desafios únicos na jornada de aleitamento materno.
Esse é um período bastante sensível e difícil para as mães da comunidade do autismo, sejam elas mães atípicas dentro do espectro ou mãe típicas que têm filhos com TEA.
Para as mães autistas, a jornada da amamentação pode trazer desafios únicos relacionados às suas sensibilidades sensoriais e às características do autismo. Já para mães com filhos atípicos, que podem não criar o vínculo que esperavam com seus filhos e perceberam possíveis sinais que o momento da amamentação pode oferecer em relação ao desenvolvimento do espectro autista.
Neste artigo, exploraremos como o autismo e o aleitamento materno se entrelaçam e podem gerar dificuldades para as diversas mães atípicas. Acompanhe na leitura!
Aleitamento materno e as mães de crianças atípicas
Um ponto da amamentação que muitas mães típicas relatam é que esse momento também pode fornecer pistas valiosas sobre o desenvolvimento do espectro autista.
A falta de contato visual e o desafio de manter o vínculo durante a amamentação podem servir como sinais que merecem atenção. Durante o aleitamento materno, muitos bebês com TEA podem não buscar o seio materno, ou até mesmo não demonstrarem tanta fome assim.
A interação visual é uma maneira primordial pela qual os bebês estabelecem conexões com suas mães, aprendendo a ler expressões faciais e gestos sutis.
A ausência desse contato visual, embora possa ser atribuída a várias razões, pode indicar uma dificuldade na interação social da criança, o que poderia ser um sinal precoce de autismo.
Por isso, se notar qualquer sinal de atraso no desenvolvimento cognitivo do bebê ou essa falta de contato mais recorrente, não deixe de procurar ajuda profissional de um pediatra, para conversar e ter uma visão especializada.
Vale lembrar que não são todos os bebês com autismo que apresentam todos os sinais e muitos que não estão no espectro também podem apresentar alguns deles. Assim, a avaliação profissional é indispensável!
Dificuldades sensoriais e o desafio da amamentação para mães autistas
Todo o processo de gravidez pode ser bastante desgastante e difícil para mães neurotípicas, sendo ainda mais complicado quando falamos do aleitamento materno e a troca entre mãe e filho na amamentação.
Esse é um momento de muito contato físico e visual, o que pode gerar desconfortos e até mesmo desregulação sensorial para mães que têm hiper ou hipossensibilidade, que são:
- Hipersensibilidade: aqui, a pessoa sente demais os estímulos. Por isso, os sons podem ser mais altos e estímulos visuais muito fortes;
- Hipossensibilidade: já no caso da hipossensibilidade, a pessoa tem dificuldades em sentir os estímulos do ambiente. Assim, ela pode se cortar e não sentir a mesma for que pessoas sem a condição sentiriam.
A sensibilidade sensorial, um aspecto frequentemente associado ao autismo, pode tornar a experiência da amamentação intensa e desafiadora para essas mães.
Durante o aleitamento materno existem muitos estímulos do corpo, do ambiente e da troca com o bebê, que pode não aceitar o peito na primeira tentativa, chorando, gritando e até mordendo o local do corpo.
As texturas, os sons e as sensações envolvidas podem ser amplificados, criando um ambiente sobrecarregando, que interfere na capacidade de estar naquele momento e estabelecer um vínculo parental.
Aleitamento materno é sinal de contato físico intenso para mães neurotípicas
Apesar de falarmos muito sobre mulheres autistas e os diagnósticos tardios nessa população, ainda damos pouca atenção ao que diz respeito à maternidade em mulheres adultas autistas.
No estudo britânico “A comparative study of autistic and non-autistic women’s experience of motherhood” de 2020, pesquisadores identificaram que existem várias razões que explicam a baixa taxa de mulheres com TEA amamentando seus filhos.
Isso porque, para muitas delas, ser mãe e passar pelo aleitamento materno significa ter menos controle sobre a rotina e seus corpos, aumentando o risco de ansiedade e até mesmo depressão nessa jornada.
Outro estudo do mesmo ano, da professora de enfermagem Jane Wilson, de Palm Beach Atlantic University, especialista em saúde materna e infantil, feito com 23 mães autistas, respondendo sobre suas experiências durante a amamentação.
A maioria das mulheres contou que o contato físico durante o aleitamento materno era muito grande para elas. Algumas só sentiam dores quando os mamilos já estavam sangrando e outras, com sinais corporais hiperativos, sentiam dores extremas com qualquer toque.
Conclusão
O aleitamento materno é um momento de grande troca entre mães e filhos, mas que mostra as diversas realidades. É essencial lembrar que cada experiência de amamentação é única e que as mães enfrentam suas próprias jornadas com seus filhos.
Para as mães autistas, a jornada da amamentação pode trazer desafios únicos relacionados às suas sensibilidades sensoriais e às características do autismo. Assim, o apoio de profissionais de saúde, terapeutas e familiares pode desempenhar um papel vital na superação dos desafios associados à amamentação.
Estratégias de adaptação sensorial e técnicas que promovam a interação mãe-filho podem ser incorporadas para garantir que o processo seja gratificante e benéfico para ambos.
Por meio de apoio, compreensão e estratégias adaptativas, as mães autistas podem encontrar maneiras significativas de nutrir seus filhos, promovendo o desenvolvimento saudável de ambos os lados dessa relação única.
Aqui em nosso blog, temos um conteúdo que fala mais sobre o vínculo parental e como esse laço ajuda no desenvolvimento infantil, vale muito a pena ler:
A ligação entre o vínculo parental e a aprendizagem infantil