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Mãe tentando alegrar filho que é uma pessoa autista

7 coisas para não fazer com uma pessoa autista

A pessoa autista muitas vezes têm uma compreensão e entendimento específico quando pensamos na comunicação, por isso, na hora de conversar com pessoas no espectro, sejam crianças, adolescentes ou adultos, é muito importante entendermos essas dificuldades e avaliarmos nosso vocabulário.

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que muda a forma como as pessoas vêem e interagem com o mundo, tendo como uma das principais características as dificuldades na comunicação e interação social. Exatamente por isso, podem existir algumas barreiras de comunicação e dificuldades de interpretação de pessoas com TEA.

Além disso, existem muitas expressões e falas capacitistas que podem ofender ou gerar sensação de desconforto quando direcionadas para pessoas autistas. Nesse ponto, ninguém melhor que a própria pessoa autista para falar o que pode ou não ser dito para ela, e até mesmo como melhorar sua comunicação.

Convidamos algumas pessoas com TEA para trazerem sua visão e compartilharem falas e ações que não são tão legais. Fábio Sousa: ilustrador e autista comunicados do @seeufalarnaosaidireito; William Chimura: programador e YouTuber.

Como o capacitismo afeta uma pessoa autista

O capacitismo é a discriminação de pessoas com deficiência (PCD) — seja ela física ou mental — com um olhar de superioridade, como se elas fossem incapazes ou tivessem menos valor como pessoas. Lembrando que os tipos mais comuns de capacitismo são:

  • Médico: se referir a pessoa com deficiência como se ela tivesse uma doença;
  • Recreativo: que envolvem brincadeiras sobre deficiências;
  • Institucional: acontece quando empresas contratam uma cota de PCDs e não as trata com equidade em relação aos colaboradores sem deficiência;
  • Porn inspiração: é quando colocam pessoas com deficiência como motivo de inspiração e motivação.

Dessa forma, usar de falas, ações e expressões capacitistas é manifestar um preconceito social por suposição. Em nosso post do Instagram citamos algumas atitudes comuns que estão presentes no nosso dia a dia.

Essas atitudes capacitistas são uma forma de opressão e acontecem, muito mais do que se imagina, em pequenas ações do cotidiano, falas ou até mesmo gestos. Isso porque muitas pessoas ainda associam deficiências com algo negativo e ofensivo.

Quando pensamos em uma pessoa com autismo, o capacitismo pode afetar em diversas formas a vida dela. Um dos principais fatores é o fato desse preconceito estar muito presente entre profissionais da educação e saúde, aumentando diagnósticos tardios ou errados.

São muitas as ações capacitistas somadas a falta de conhecimento, que acaba invalidando ou desacreditando diagnósticos de autismo a partir de preconceitos e mitos. Além disso, a ideia de que autistas são todos iguais, não possuem empatia e são totalmente dependentes, é parte do capacitismo de profissionais que causa um mal imensurável a muitos autistas.

O que não fazer com uma pessoa autista

Uma importante reflexão é: será que alguma vez, algo que eu já disse, pensei ou fiz em relação ao TEA é realmente verdadeiro? Para ajudar nesse processo de conhecimento de informações verdadeiras e conscientização do autismo, separamos 7 atitudes para não fazer com a comunidade autista.

1. Oferecer ajuda sem necessidade

Willian contou que “às vezes algumas pessoas podem desnecessariamente te oferecer suporte, presumindo adaptações “formatadas” para os autistas.” Isso ainda é algo muito comum de acontecer, pois algumas pessoas acham que autistas são super inteligentes e não precisam de suporte e outras desacreditam de pessoas no espectro, supondo que eles precisam de ajuda o tempo todo.

Além disso, constantemente falar para uma pessoa autista que ela “não consegue algo” ou que “você pode fazer algo por ela” é uma forma de diminuir a independência e autonomia, tomando como verdadeira a premissa que ela não é capaz de algo.

2. Tocar a pessoa autista sem perguntar

Fábio trouxe que muitas vezes as pessoas sentem a necessidade de tocar a pessoa sem perguntar, o que gera um grande desconforto para as pessoas autistas. “Muitos de nós tem sensibilidade ao toque ou simplesmente não gostam de ser tocados”, explica ele.

Aqui é importante lembrar que não são somente as pessoas atípicas que podem não gostar do toque. Muitos indivíduos neurotípicos também podem ficar incomodados ou desconfortáveis com o toque de pessoas estranhas. Por isso, sempre que for ter contato físico com alguém novo, pergunte para a pessoa como ela se sente.

3. Rir ou menosprezar as stims

Fábio também trouxe outra ação que incomoda bastante pessoas no espectro. Ele pontuou que muitas vezes, as pessoas riem ou fazem chacotas das stims de quem tem TEA.

“Muitos de nós não temos controle e ficamos tristes e sempre vigilantes para coibir algo que é natural em nós”.

As stims ou estereotipias, como também são conhecidas, são os movimentos repetitivos bem comuns em pessoas com autismo.

Normalmente, elas acontecem quando a pessoa recebe muitos estímulos ao mesmo tempo, e precisa de ajuda para controlá-los e lidar com determinada situação.

4. Menosprezar a seletividade alimentar em adultos autistas

A seletividade alimentar é o ato que a pessoa tem de rejeitar alguns alimentos ou grupos alimentares, gerando, muitas vezes, desinteresse pela comida, falta de apetite ou até náuseas e vômitos. O que acontece é que ela é muito mais “aceita” e entendida quando estamos falando de crianças com TEA.

“Falar que adultos têm que comer de tudo, sabendo que o autista adulto tem seletividade alimentar” é algo que incomoda bastante Fábio, já que isso pode ser interpretado como birra de alguém.

“Não é que nós não comemos algo por birra, simplesmente a nossa mente não aceita determinados alimentos e temos reações fisiológicas a eles, como a ânsia, por exemplo”, reforça ele.

5. Padronizar a pessoa autista em um único estereótipo

Já falamos bastante em nosso blog sobre o espectro autista ser algo bem amplo e que cada pessoa é única e tem sua individualidade. Por isso, nenhum autista vai ser igual ao outro e não existe “cara de autista”.

Ser autista não é uma coisa ruim, mas sim ser diferente em alguns aspectos. Além disso, essa ideia de que todo autista é igual e distante, é totalmente errada. Cada pessoa apresentará sinais diferentes e terá seu próprio repertório social.

Por isso, Fábio reforça que é muito ruim quando alguém briga com pessoas autistas apenas por elas não agirem como esperado para um não-autista. “Não podemos padronizar e tratar todos os autistas como iguais, generalizando os nossos comportamentos. Casa autista é de um jeito”, reforça.

“A gente não pode ser o que não somos, ainda mais para agradar a terceiros. É uma violência”.

6. Não oferecer previsibilidade e mudar a rotina

Muitas pessoas com o TEA se apegam a hábitos rotineiros, sendo um instrumento muito importante para auxiliar na jornada do dia a dia. Não existe uma explicação única do porquê algumas pessoas autistas se apegam tanto à rotina, mas geralmente é pela previsibilidade que ela oferece.

Dessa forma, quando a rotina está totalmente descrita e acordada entre a pessoa com autismo e seu núcleo de familiares e cuidadores, ela não apresenta surpresas ou situações extras das quais o autista não consegue assimilar.

Então, mudar algum planejamento em cima da hora pode gerar crises ou desconfortos para pessoas no espectro, fazendo com que eles se sintam desregulados emocionalmente e precisam de um tempo para se organizarem.

7. Responder pela pessoa autista

Um dos principais objetivos das intervenções para autismo é garantir o desenvolvimento das habilidades que geram autonomia e independência. Dessa forma, quando respondemos por alguém estando supondo que essa pessoa não é capaz de falar por si só, diminuindo sua voz.

Além disso, isso pode ser ainda mais prejudicial quando pensamos em autistas que precisam de suporte no processo de comunicação. Fábio pontua que interromper a fala de alguém no espectro pode gerar uma maior barreira na comunicação e que cada interrupção pode levar a uma crise.

Essas são apenas algumas coisas para não se dizer ou fazer com uma pessoa autista. O importante é sempre observar cada pessoa e conversar com ela, entendendo quais são as características marcantes da sua conduta e o que ela gosta ou não.

Quanto menos julgamento existir e mais espaço para diálogo houver, melhor será a interação e convivência entre pessoas típicas e atípicas.

Em nosso canal do Youtube temos vários conteúdos que podem ajudar você a entender melhor sobre o Transtorno do Espectro Autista, inclusive outras falas importantes do Fábio Sousa e do Willian Chimura. Vale a pena assistir aos nossos vídeos e se inscrever no canal:
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