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A equoterapia – terapia assistida com cavalos – tem sido estudada como uma prática que pode ajudar no desenvolvimento de crianças com o diagnóstico de autismo. Entre seus benefícios, está a socialização e integração emocional e educacional de quem está no espectro.
Mesmo não sendo considerada uma prática baseada em evidências científicas, a equoterapia para autismo tem sido indicada por muitos especialistas para promover o aprendizado e auxiliar em áreas de dificuldade. Neste artigo, explicamos mais sobre esse modelo de intervenção e os estudos realizados sobre ele.
O que é equoterapia e para que serve?
Chamamos de equoterapia a prática terapêutica assistida com a presença de cavalos com o objetivo de promover aprendizado emocional, criar vínculo e também auxiliar na socialização e interação da criança. Assim, o animal em questão tem participação em um método terapêutico e educacional de abordagem interdisciplinar.
Neste tipo de intervenção, o cavalo atua como um agente promotor de ganhos tanto no nível físico quanto no psíquico. Além disso, é uma atividade que envolve a participação de todo corpo, o que ajuda a desenvolver áreas como:
- Força muscular;
- Relaxamento;
- Conscientização do próprio corpo;
- Aperfeiçoamento da coordenação motora;
- Aperfeiçoamento do equilíbrio.
Nesta terapia, a criança recebe o movimento do cavalo o tempo todo, o que contribui para estimular sua movimentação ativa. Sua indicação é para pessoas em tratamento para os mais diversos tipos de comprometimentos motores, como paralisia cerebral, problemas neurológicos, ortopédicos, posturais); mentais (Síndrome de Down), autismo, esquizofrenia.
Além disso, pessoas com deficiência visual, auditiva, atenção, percepção, fala e linguagem, assim como pessoas com TDA, TDAH e com problemas de postura, insônia ou estresse também podem se beneficiar desta intervenção.
Quais profissionais trabalham com equoterapia?
Assim como acontece com profissionais que atendem crianças com autismo de modo geral, a equoterapia também é aplicada por uma equipe multidisciplinar. Assim, profissionais que normalmente atuam nessa intervenção são das áreas de:
- Psicologia;
- Fisioterapia;
- Instrutores de equoterapia.
O profissional da psicologia desempenha um papel muito importante dentro da equipe, uma vez que uma de suas responsabilidades é estimular seus pacientes durante a prática. Além disso, é também dever de quem atua na psicologia:
- Identificar as habilidades e dificuldades do paciente;
- Proporcionar mecanismos que possibilitam a aproximação do indivíduo com o cavalo;
- Ajudar na conscientização corporal;
- Ajudar na autoconfiança;
- Desenvolver noção de limite;
- Desenvolver funções cognitivas.
Por último, é o suporte da família e ajuda a orientar demais membros da equipe para contribuir com maior eficácia no atendimento das dificuldades do praticante.
Quais são os benefícios da equoterapia no autismo?
Como já falamos anteriormente, a equoterapia não é considerada uma prática baseada em evidências científicas para o autismo. Ainda assim, seus benefícios têm sido estudados em pessoas no espectro que são submetidas a esse modelo de intervenção.
Um desses é o estudo “Fonoaudiologia no contexto da equoterapia: um estudo neurolinguístico no atendimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista”, conduzido pela fonoaudióloga Paloma Rocha Navarro na UNICAMP.
Ela conduziu a pesquisa por meio da observação de quatro crianças que faziam a terapia e concluiu que o cavalo teve um papel importante nos pacientes, que ia além de ser um simples instrumento para ser o próprio agente terapêutico transformador na intervenção.
Em seu artigo, ela pontuou que a presença do animal trouxe benefícios do ponto de vista da aquisição de linguagem e sobre a percepção e o reconhecimento do próprio corpo pela criança. Além disso, ela ainda percebeu ganhos em áreas como:
- Estimulação ao tato;
- Estimulação ao sistema vestibular (responsável pela manutenção do equilíbrio);
- Compreensão do próprio corpo.
Assim como ela, as autoras Bender e Guarany fizeram uma publicação sobre os efeitos da equoterapia em pessoas com autismo em 2017 na Revista de Terapia Ocupacional da USP.
De acordo com elas, a intervenção promove resultados positivos em relação ao autocuidado, práticas alimentares e as de higiene pessoal, estimuladas pelos terapeutas ocupacionais. O que também reflete nos cavalos, uma vez que os pacientes alimentam, escovam e participam do banho desses animais durante a terapia.
Além disso, elas também pontuaram ganhos da estimulação de habilidades motoras, como caminhar, correr e pular.
Minha criança deve fazer equoterapia?
Claro que a dúvida de muitas famílias é entender se a criança deve ou não fazer equoterapia. Vale ressaltar que essa intervenção tem um custo elevado por sessão, o que pode não ser viável para muitas pessoas cuidadoras.
No entanto, havendo a possibilidade de fazer a intervenção, é interessante avaliar essa alternativa com a equipe que atua com a criança, para entender quais seriam os benefícios no caso dela e para que esses profissionais avaliem os resultados e apresentem para a família.
Para conhecer mais sobre intervenções para autismo, leia nosso blog.