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“Vacinas causam autismo”. Qualquer pessoa cuidadora de uma criança com autismo já ouviu esta afirmação alguma vez. O assunto surgiu após a publicação de um estudo nos anos 1990 e repercute até os dias atuais.
Para entender mais sobre esta história e se existe relação entre a vacinação infantil e o desenvolvimento do autismo, continue lendo o artigo.
Por que dizem que as vacinas causam autismo?
Nos anos 1990, a revista de medicina The Lancet – uma importante revista científica da área – trouxe nas suas páginas o estudo Retraction–ileal-lymphoid-nodular hyperplasia, non-specific colitis, and pervasive developmental disorder in children, cuja autoria principal era do médico e pesquisador Andrew Jeremy Wakefield.
De acordo com a publicação, 12 crianças que receberam a vacina contra a tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) desenvolveram comportamentos que caracterizavam o autismo e inflamação intestinal grave. Resumidamente, a teoria era a seguinte:
- Após a vacina, as crianças tinham problemas gastrointestinais;
- Esses problemas resultaram em uma inflamação cerebral;
- Esta inflamação resultou no desenvolvimento do autismo.
A pesquisa, então, reforçava a existência de um vínculo causal entre a vacina e o autismo. Ou seja, as crianças foram vacinadas e, por isso, desenvolveram autismo. Wakefield, obviamente, admitia que esta era apenas uma hipótese, não uma conclusão sobre o assunto.
Estudo ainda impacta a decisão de famílias em vacinar crianças
A publicação continua até hoje sendo um dos sinais de alerta para pais e cuidadores no mundo todo optarem por não vacinar crianças com medo de que elas se tornem autistas. Para começar, em 1992 a Dinamarca retirou a vacina contra a tríplice viral da lista de composição de vacinas necessárias para crianças.
Ainda segundo dados da BBC, uma epidemia de sarampo infectou pelo menos 500 pessoas no primeiro trimestre de 2017. Como resposta a isso, países como Itália e Alemanha iniciaram discussões para definir punições direcionadas a famílias que deixassem de vacinar as crianças.
Até mesmo em países como o Brasil a ideia de que vacinas podem causar autismo ainda é impedimento para imunizar crianças contra doenças. A discussão voltou a tomar forma quando o governo federal liberou a vacinação contra a Covid-19.
Uma reportagem do G1 publicada em fevereiro de 2022, por exemplo, conta que apenas 18,8% das crianças com idades entre 5 e 11 anos haviam recebido a primeira dose do imunizante.
Para combater essa ação, o governo de São Paulo emitiu um comunicado informando que a apresentação da carteira de vacinas seria obrigatória para o retorno das aulas nas escolas estaduais.
Afinal, vacinas causam autismo?
Só existe uma resposta para esta pergunta: não, vacinas não causam autismo. Ainda em 2004, o Instituto de Medicina dos Estados Unidos concluiu que não existem provas de que a vacina cause autismo. No caso da Dinamarca, por exemplo, mesmo sem a vacina no calendário oficial, os diagnósticos de TEA se tornaram mais prevalentes.
Outra descoberta também ajuda a esclarecer, de uma vez por todas, esse mito de que vacinas causam autismo. Na época em que publicou o estudo na The Lancet, Wakefield havia entrado com um pedido de patente para uma vacina contra o sarampo, que seria concorrente direta da tríplice viral. Ou seja, provar que a vacina contra a tríplice causava autismo era interessante para ele no novo negócio.
Além disso, um dos pesquisadores que ajudou no estudo veio a público desmentir o rumor. De acordo com ele, nenhuma das crianças analisadas apresentava vestígios do vírus do sarampo, como Wakefield havia afirmado.
O que aconteceu depois?
Depois que toda história veio à tona, Wakefield perdeu a licença para praticar medicina em 2010 e foi chamado de “irresponsável, antiético e enganoso” pelo Conselho Geral de Medicina do Reino Unido.
No mesmo ano, a The Lancet fez uma retratação do assunto, e afirmou que as informações anteriormente divulgadas eram “totalmente falsas”.
Qual a importância de negar este mito?
Mesmo que toda essa história tenha sido esclarecida, ainda hoje é comum ver pais e cuidadores com o receio de que vacinar as crianças pode causar autismo. É preciso tranquilizá-los e informar que novas vacinas, como a da Covid-19, por exemplo, também não podem causar TEA.
Embora as causas do autismo ainda não tenham sido completamente esclarecidas, é importante dizer que vários estudos realizados já demonstram que a genética tem um papel fundamental no desenvolvimento do TEA, assim como os fatores ambientais.
As vacinas, por outro lado, além de não causarem autismo, ainda são essenciais para garantir a segurança e saúde de crianças em todo mundo. Entenda outros mitos e verdades sobre o autismo e dissemine informações de qualidade com ajuda do nosso blog
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