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Personagem da peça de teatro infantil Azul sentado na praia. Ele constrói um castelo de areia com as mãos.

Conheça a peça de teatro “Azul” que fala de forma lúdica sobre o TEA entre irmãos

A chegada de um bebê traz muitos sentimentos, dúvidas e questionamento para a família, principalmente se já existe um filho mais velho. Quando falamos de irmãos de crianças atípicas, isso pode ser ainda mais difícil.

É sobre isso que a peça de teatro “Azul” fala. Com Violeta, personagem principal da peça, a história se desenrola e muda de rumo quando ela descobre que o irmão caçula é uma pessoa neurodivergente.

Emocionante e educativa, esta produção encantadora aborda de forma lúdica o Transtorno do Espectro Autista (TEA) entre irmãos, proporcionando uma experiência única e enriquecedora para toda a família.

Conversamos com o dramaturgo Gustavo Bicallho, da Artesanal Cia. de Teatro, companhia responsável pela peça de teatro  “Azul”. Leia e conheça mais!

“Azul”, uma peça de teatro para todos os públicos

Boneco utilizado na peça infantil de teatro 'Azul'

“Azul” é uma obra teatral que estreou com grande destaque no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), conquistando crianças e adultos com sua abordagem sensível sobre o TEA.

Com uso de bonecos e máscaras e uma trilha sonora que mistura blues, marchinhas e música erudita, essa peça de teatro infantil está cativando o público ao tratar, de forma lúdica e sensível, o Transtorno do Espectro Autista.

Gustavo conta que “Azul” surgiu em 2016, quando ele e Andrea Batitucci estavam escrevendo outro texto. Na época, a Andrea era madrasta de uma menina com autismo e comentou um fato que a criança havia feito, que havia causado um grande embaraço com outra pessoa, no elevador, mas que era engraçado e genuíno ao mesmo tempo.

A partir dessas nuances que crianças geralmente têm, independentemente de serem típicas ou atípicas, eles começaram a escrever algo a respeito do tema.

Ambos foram estudando mais sobre o TEA, até que em 2020, surgiu a possibilidade de montarem essa peça de teatro pela CCBB — Centro Cultural Banco do Brasil — do Rio, que só foi possível em 2022, com CCBBs de demais estados, como São Paulo, Distrito Federal e Minas, como patrocinadores.

Dividida em 3 atos, a peça de teatro  conta primeiro sobre Violeta com 4 anos, quando o irmão Azul chega e ela quer de todo jeito se livrar dele. Depois, com 7 anos, quando a família descobre o diagnóstico do irmão mais novo. Por fim, no terceiro ato, todos acham que Azul sumiu, e Violeta se encontra com Tempo, para explicar que cada coisa tem seu próprio ritmo.

Bicallho também fala que a montagem é toda inclusiva e com volume baixo, sem sons e barulhos inesperados. Além disso, também sempre há um tempo “dilatado” para que o público neurodiverso consiga compreender melhor.

Artesanal Cia. de Teatro é a responsável pela peça

Pessoas reunidas para uma fotografia. São os atores e atrizes que fazem a peça 'Azul'

A Artesanal Cia. de Teatro foi criada no Rio de Janeiro em 1995 e tem, como foco principal, a produção de espetáculos de teatro para os públicos infanto-juvenil e jovem adulto.

Já são mais de 29 anos de trajetória com cerca de 17 espetáculos de teatro produzidos. E apesar de serem um grupo de origem carioca, a Artesanal é uma companhia que se apresenta em diversos Estados brasileiros e, também, já coleciona algumas apresentações internacionais, como na Alemanha e China.

“Azul é filho dos 29 anos da Artesanal, dos anos que a Andrea Batitucci e eu estamos nos dedicando à escrita, da constante pesquisa de toda nossa equipe, que sempre traz novidades e outras inquietações. De coração, desejamos que Azul tenha uma vida longa e que possa alcançar o maior número de pessoas possível”, pontua o dramaturgo.

Violeta e Azul e o papel dos irmãos no desenvolvimento de crianças atípicas

Narrada através dos olhos de Violeta, a peça de teatro “Azul” começa com a menina ansiosa e animada para a chegada do seu novo irmãozinho. O que ela não imagina, é que o bebê ocupará um espaço inesperado na vida da família, trazendo à tona sentimentos de ciúme e tristeza para ela.

Isso é algo muito comum na realidade de famílias atípicas, onde o núcleo familiar precisa entender e ajustar a rotina sobre as diversas possibilidades de uma pessoa no espectro, onde filhos neurotípicos podem se ver em uma nova configuração, sem saber como comunicar ou demonstrar o que estão sentindo.

“Há uma questão na peça que é colocada de forma bastante sutil, mas Azul não é o irmão que Violeta esperava ganhar. A família precisa descobrir formas de se comunicar com o menino”.

Bicallho conta que, o primeiro ato fala sobre os ciúmes da irmã mais velha, que perde seu espaço de centralidade, em função do bebê que chega. Isso é uma vivência comum em toda a família que tem mais de um filho.

“O segundo ato, não só apresenta o fato de Azul estar no TEA, mas trabalha o amadurecimento de Violeta como irmã, quando ela compreende que Azul faz parte da sua centralidade e estabelece uma relação de troca com o irmão”, continua ele.

“Já o terceiro ato, apenas nos mostra que Violeta cresceu, ela já entendeu que faz parte da experiência de vida dela, a coexistência com esse irmão — e é nesse ato que ela descobre a relação de afeto que há com ele.”

É importante frisar que para construir os personagens, a companhia teve a parceria da Cris Muñoz, pessoa autista e também mãe de autista, além de consultora de Acessibilidade e Inclusão.

Ela acompanhou todo o processo e sempre trouxe sua experiência como pessoa no espectro e também mãe de uma adolescente autista. Gustavo afirma que “ela foi fundamental para ajudar a encontrar o tom narrativo da encenação”.

Peça de teatro sobre TEA ajuda na representatividade e informação

O dramaturgo afirma que o teatro é um espaço que permite uma comunicação direta entre atores e espectadores, por isso ele é uma ferramenta tão poderosa quando queremos potencializar uma ideia e transmitir diversas perspectivas.

“Azul transcende a questão do TEA. Ele funciona, também, como espetáculo. Ele entretém. Ele possibilita diversas camadas de leitura, desde uma mais superficial a outras mais profundas. Ou melhor dizendo, “Azul” não propõe nenhuma resposta, apenas uma reflexão”.

Dessa forma, “Azul” é uma forma educativa de abordar sobre o TEA e desafios comuns na vida de famílias atípicas. Com elementos de imersão com bonecos, máscaras e até mesmo a música, é possível comunicar as várias individualidades do espectro.

Além disso, por vermos toda a história pelas percepções de Violeta, podemos nos aproximar dos pensamentos e compreensões de uma criança, que diferente de um adulto, precisa de muito mais suporte para entender as coisas ao seu redor.

“Acho que a primeira coisa a se fazer é tratar a diversidade como algo normal. O fato é que somos todos diferentes. Cada indivíduo carrega seu próprio universo interno e sua forma de compreender o mundo”.

Conclusão

“Azul” é mais do que uma peça de teatro infantil, é uma celebração da diversidade, uma lição de empatia e uma jornada inesquecível para toda a família.

Ao explorar o TEA entre irmãos, a produção destaca a importância do entendimento, informação e suporte na jornada de toda a família, por várias perspectivas.

O espetáculo está em cartaz em São Paulo no CCBB entre os dias 05/01/24 a 25/02/24. Depois segue para o Rio de Janeiro onde fica disponível até o dia 06/08/24.

Assim como em “Azul” é importante olharmos para as relações familiares sob várias perspectivas. Por isso, em nosso blog já temos um conteúdo sobre desafios, feito com irmãos de pessoas atípicas, vale a pena ler:

Habilidades sociais no autismo

Conheça nosso atendimento para autismo

4 respostas para “Conheça a peça de teatro “Azul” que fala de forma lúdica sobre o TEA entre irmãos”

  1. Gostei muito da história, sou aluno de Psicologia e gostaria tanto de fazer uma peça como essa no dia 2 de abril desse ano aqui em minha cidade, poder mostrar com artes um pouco da realidade de muitas familias que acabram de receber um novo membro muito especial em suas familias, se eu pudesse ter contato com o autores e pegar algumas dicas ficaria muito feliz.

    • Olá, Namor. Como vai? Esperamos que muito bem.

      Primeiramente, gostaríamos de agradecer pelo comentário. É muito legal saber que mais e mais pessoas querem expandir o conhecimento sobre o espectro. E a arte é um dos ambientes mais acolhedores para isso.

      Namor, fale com o pessoal pelo instagram: https://www.instagram.com/artesanalciadeteatro/

      Se possível, comente que viu sobre a peça aqui na Genial Care.

      Esperamos ter ajudado.

      Abraço.

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