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Você já ouviu dizer que todo autista é introvertido, uma pessoa isolada, muito quieta e que sempre prefere ficar sozinho? Apesar desse mito ser muito conhecido por aí, ele representa um estereótipo de pessoas autistas que, na maioria das vezes, é falso.
Ainda é bastante comum que as pessoas pensem no autista como alguém naturalmente introvertido e que vive em seu mundo. O que acontece é que, pessoas no espectro enfrentam desafios sociais com maior frequência, o que pode ser, falsamente, associado com alguém não tão aberto para conversas.
O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que muda como as pessoas veem e interagem com o mundo, caracterizado pelas dificuldades na comunicação e interação social.
Por isso, é mais difícil para autistas se comunicarem em diferentes contextos sociais. Mas isso não significa que todo autista é introvertido e vive isolado em seu próprio mundo!
Neste artigo, vamos explorar a relação entre autismo e introversão, desmistificando conceitos e trazendo informações valiosas para pais, profissionais de saúde e qualquer pessoa interessada no tema. Confira para aprender!
O que é ser introvertido?
Uma pessoa introvertida é aquela que tem uma personalidade mais quieta, calma e que pode ter um pouco mais de dificuldade para expressar ou verbalizar seus sentimentos. Dessa forma, o introvertido se sente mais confortável em atividades mais solitárias.
Importante pontuar que: ser introvertido não significa não gostar de outras pessoas! O introvertido apenas se sente mais confortável e seguro em ambientes com menos interação social ou com pessoas que ele já tem uma conexão maior.
Pessoas introvertidas podem ser altamente sensíveis a estímulos externos e, por isso, evitam situações que consideram socialmente desgastantes, “desgastando a bateria social” mais rápido.
Introvertidos levam um tempo maior para construir amizades e laços com outras pessoas, mas também gostam de interagir socialmente, apenas de formas menos intensas ou regulares.
O que é introversão?
Introversão não é sinônimo de timidez, apesar de muitas vezes serem confundidas. Uma pessoa introvertida pode ser perfeitamente capaz de interagir socialmente, mas pode preferir evitar certos tipos de interações que exigem muita energia.
A introversão é vista como um espectro, com algumas pessoas sendo mais introvertidas que outras. É importante entender que introversão é uma característica normal e não uma desordem.
Cada pessoa tem seu tempo, suas características e desejos, e a introversão é da mesma forma. Sejam pessoas típicas ou atípicas, tudo bem ser introvertido e levar seu tempo para construir relações sociais.
A introversão no autismo
Embora a introversão e o autismo possam compartilhar algumas características, como a preferência por ambientes tranquilos e a aversão a interações sociais extensas, são conceitos diferentes.
Apesar do conceito de todo autista ser introvertido reforçar alguns estereótipos comuns no TEA, existem alguns estudos científicos para entender melhor a relação entre autismo e introversão.
Em 2010 Jennifer Grimes publicou o artigo “Introversion And Autism: A Conceptual Exploration Of the Placement Of Introversion On The Autism Spectrum” que aprofunda sobre a relação entre introversão, extroversão e autismo.
Ela defende que, de fato, existe uma relação maior entre pessoas com TEA e introversão, principalmente pela dificuldade de comunicação e interação social, mas que isso não exclui a extroversão.
Assim, é preciso olhar individualmente e entender as características de cada pessoa. Nem todo autista é introvertido, assim como nem toda pessoa introvertida é autista.
Enquanto a introversão se refere a uma preferência de personalidade, o autismo é um espectro que varia de pessoa para pessoa e que pode impactar a maneira como alguém percebe o mundo e se comunica com ele.
Mas então, autistas são mais introvertidos?
Pelo autismo ser um transtorno do neurodesenvolvimento com dificuldade na interação e comunicação social, como falamos, pessoas no espectro podem ter mais barreiras para trocas sociais.
Mas essas características podem ser sutis ou extremamente evidentes, por isso não temos como afirmar que todos os autistas são mais introvertidos. Alguns exemplos comuns de situações que podem levar à introversão no autismo são:
- Leitura de expressões;
- Formação de respostas;
- Gestos físicos e corporais;
- Reprodução de comportamentos;
- Sensibilidade;
- Tópicos de conversação;
- Pistas sociais.
Assim, a questão da introversão ou extroversão é algo mais associado ao ambiente e aos estímulos que a pessoa recebe. Como cada pessoa é única, é importante entender que o “ser introvertido” pode mudar de contexto para contexto
Existe autista sociável?
Sim, existem autistas que são sociáveis. Como falamos, o autismo é um espectro e cada pessoa é única. Quando você conhece um autista, você não conhece o autismo inteiro. O que pode ser mais fácil para um, pode ser mais difícil para outros.
Apesar do estereótipo de que pessoas autistas são sempre reservadas ou introvertidas, a realidade é que o autismo se manifesta de maneiras muito variadas.
Alguns autistas são extrovertidos, gostam de estar em companhia e podem até buscar ativamente interações sociais. No entanto, como se expressam e interagem pode ser diferente, o que pode levar à ideia equivocada de que todos os autistas são introvertidos.
Dicas e estratégias para ajudar autistas introvertidos
Algumas estratégias e ações podem auxiliar na rotina de pessoas introvertidas. Além disso, é importante lembrar que a busca por equilíbrio entre solidão e companhia é algo único e que pode ser mais ou menos difícil para determinada pessoa.
- Crie um ambiente de conforto e segurança: ofereça espaços tranquilos onde a pessoa possa se retirar quando precisar de um tempo sozinha.
- Respeite o tempo de recarga: assim como qualquer introvertido, uma pessoa autista pode precisar de tempo sozinha após interações sociais intensas para se regular emocionalmente.
- Facilite interações menores: em vez de grandes encontros sociais, promova interações em pequenos grupos ou encontros individuais.
- Apoie a comunicação: forneça ferramentas que auxiliem na comunicação, como dispositivos assistivos ou alternativas de comunicação, até mesmo na comunicação gestual ou não verbal.
Conclusão
Ficou claro que nem todo autista é introvertido e isso é um estereótipo social bastante conhecido. O autismo é um espectro que abrange uma ampla variedade de características e comportamentos.
Assim como qualquer outra pessoa, autistas podem ser introvertidos, extrovertidos ou qualquer coisa entre esses dois extremos. O mais importante é reconhecer e respeitar as individualidades de cada pessoa autista, oferecendo suporte de acordo com suas necessidades específicas.
A compreensão e o suporte adequados podem fazer uma grande diferença na vida de uma pessoa autista, ajudando-a alcançar seu máximo potencial.
Inclusive, em nosso blog temos um texto que fala sobre a importância de deixar a criança autista brincar sozinha. Você pode continuar a leitura para aprender mais: