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Menina autista brincando em terapia comportamental. Ela segura uma colher e usa brinquedos que parecem panelas de comida.

Terapia comportamental no autismo: como ela pode ajudar?

Já falamos aqui em nosso blog que o autismo não é uma doença, e por isso não existe cura. Assim, o que existem são intervenções e estratégias adequadas para uma pessoa conseguir desenvolver suas habilidades e diminuir comportamentos desafiadores.

Quando pesquisamos sobre terapias para autismo, a terapia cognitiva comportamental, ou TCC como é conhecida, é uma linha bastante utilizada da psicologia. Essa frente de terapia é amplamente buscada por pessoas que querem entender seus comportamentos, mesmo que não sejam atípicas.

Dessa forma, a terapia comportamental é amplamente reconhecida como uma abordagem eficaz para auxiliar pessoas autistas a desenvolverem habilidades sociais, comunicativas e comportamentais.

No artigo de hoje, vamos explicar mais sobre a terapia comportamental no autismo, como ela funciona e os cuidados a se tomar antes de iniciar essa intervenção. Leia para aprender tudo sobre essa linha da psicologia!

O que é terapia comportamental?

A terapia comportamental é uma abordagem terapêutica que foca em mudar comportamentos por meio de estratégias de aprendizado. Essa terapia se baseia nos princípios filosóficos e científicos da Análise do Comportamento e é bastante indicada para auxiliar no desenvolvimento de pessoas autistas.

Dessa forma, a terapia comportamental como intervenção psicológica visa modificar comportamentos inadequados ou desafiadores, promovendo comportamentos positivos por meio de técnicas específicas.

No contexto do autismo, essas terapias são adaptadas para atender às necessidades individuais, focando no desenvolvimento de habilidades sociais, comunicação e redução de comportamentos desafiadores.

Isso porque a Análise do Comportamento pode intervir nos comportamentos mais desafiadores do autismo, que é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta como a pessoa vê e interage com o mundo.

É importante que as terapias para a pessoa com TEA sejam baseadas em evidências científicas. Assim, podemos garantir que as estratégias foram validadas cientificamente e realmente funcionam.

O que é análise do comportamento?

A análise do comportamento é uma ciência e abordagem teórica e metodológica da Psicologia. Essa abordagem é sustentada pela produção filosófica e científica de B. F. Skinner e tem como foco o estudo do comportamento – sendo esse compreendido como a relação entre indivíduo e ambiente.

Dessa forma, essa ciência tem instrumentos para observar, analisar e criar estratégias para intervir no comportamento do indivíduo. Assim, ela pode ajudar tanto na aprendizagem de novos comportamentos, como na redução de comportamentos desafiadores, como as crises.

Segundo Tourinho (2003) essa ciência é dividida em três áreas que estão interligadas:

1 – Behaviorismo radical: a filosofia da Análise do Comportamento, ou seja, os princípios nos quais essa ciência se baseia;

2 – Análise experimental básica do comportamento: incumbida de investigar processos comportamentais básicos. Ou seja, foca em investigar as leis que controlam o comportamento humano;

3 – Análise experimental aplicada do comportamento: é a vertente que pesquisa intervenções aplicadas a contextos socialmente relevantes. Assim, é possível afirmar que os procedimentos que temos hoje na ABA passaram antes por anos de pesquisas até serem validados cientificamente.

As intervenções baseadas nesta ciência podem ser usadas em diversas situações e para todos os tipos de pessoas, inclusive aquelas com desenvolvimento típico – neurotípico.

O que é terapia comportamental para autismo?

No autismo, a terapia comportamental envolve a aplicação de princípios e técnicas para ajudar os indivíduos a adquirir habilidades funcionais e reduzir comportamentos problemáticos. As abordagens mais comuns incluem:

  • Análise do Comportamento Aplicada (ABA): foca na aplicação de princípios de aprendizagem para promover comportamentos desejados e reduzir os indesejados.
  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): ajuda os indivíduos a identificar e modificar padrões de pensamento negativos que influenciam comportamentos.
  • Intervenção Comportamental Intensiva Precoce (EIBI): destinada a crianças pequenas, visa melhorar habilidades cognitivas, linguísticas e sociais por meio de ensino estruturado.

Como funciona a terapia comportamental no autismo?

Quando falamos em autismo, as intervenções baseadas na Análise do Comportamento Aplicada têm dois propósitos principais:

1 – Reduzir comportamentos desafiadores (crises);

2 – Ensinar novos comportamentos mais adequados e funcionais a cada situação.

Dentro desta abordagem, a Análise do Comportamento Aplicada, conhecida pela sigla em inglês ABA (Applied Behavior Analysis), contempla o maior número de intervenções e estratégias cientificamente validadas para as intervenções no autismo.

Para avaliar o sucesso destas intervenções para o TEA, o manual Evidence Based-Medicine (Manual de Medicina Baseada em Evidências), publicado em 2014, analisou 20 anos de intervenções para TEA relacionadas à ABA.

Dentre aquelas que cumpriram todos os critérios propostos pela revisão, foram identificadas 28 práticas baseadas em evidências para o autismo. Destas, 23 eram baseadas nos princípios da Análise do Comportamento Aplicada.

Qual a terapia mais indicada para autismo?

A escolha da terapia depende das necessidades específicas de cada pessoa no espectro. Principalmente porque cada pessoa é única e terá um repertório diferentes, além de necessidades de suporte variadas para as atividades de vida diária.

A ABA é frequentemente recomendada devido à sua eficácia comprovada em diversos estudos. Um estudo publicado no Journal of Clinical Child | Adolescent Psychology demonstrou melhorias significativas em habilidades adaptativas em crianças que receberam intervenção ABA intensiva.

No entanto, a TCC também tem mostrado benefícios, especialmente para indivíduos com autismo de alto funcionamento, auxiliando na gestão de ansiedade e comportamentos repetitivos. Uma pesquisa no Journal of Autism and Developmental Disorders indicou redução na ansiedade após intervenções baseadas em TCC.

Não existe um certo ou errado quando falamos de terapia comportamental no autismo. O importante é que as estratégias sejam baseadas em evidências científicas e que levem em consideração o perfil de cada pessoa.

Por isso é tão importante que exista um alinhamento multidisciplinar entre toda a equipe que acompanha o desenvolvimento infantil, já que assim, cada profissional pode oferecer visões complementares e trabalhar integradamente no bem-estar da criança.

Qual a diferença entre terapia comportamental e ABA?

Embora ambas sejam terapias comportamentais, a ABA e a TCC diferem em abordagem e aplicação:

  • ABA: envolve a análise e modificação de comportamentos por meio de reforço positivo, sendo altamente estruturada e frequentemente utilizada em crianças pequenas.
  • TCC: foca na relação entre pensamentos, sentimentos e comportamentos, auxiliando os indivíduos a reconhecer e alterar padrões de pensamento negativos. É mais utilizada em adolescentes e adultos com autismo.

Sendo assim, podemos chamar de ABA todas as intervenções socialmente relevantes que seguem os princípios da Análise do Comportamento (AC). Ou seja, qualquer estratégia, procedimento ou terapia baseada na ciência do comportamento é chamado de ABA.

Para serem criadas estratégias que vão auxiliar no desenvolvimento da pessoa com autismo, essa abordagem se baseia em vários princípios, entre eles o conhecido como “ABC” do comportamento. Também da sigla em inglês, que significa “Antecedent – antecedente”, “Behavior – comportamento” e “Consequence – consequência”.

Por meio desta estratégia, o profissional observa e analisa o comportamento do indivíduo, destrinchando-o entre essas três etapas para conseguir, a partir daí, criar estratégias que serão efetivas naquele caso para atingir o que chamam de comportamento alvo.

Conclusão

A terapia comportamental tem um papel muito importante no apoio a pessoas com autismo, oferecendo ferramentas e estratégias para melhorar e desenvolver a comunicação, interação social e comportamentos adaptativos.

Lembre-se: a escolha da abordagem terapêutica da criança deve ser individualizada. Não existe uma abordagem única que funcione para todas as pessoas com autismo.

A intervenção mais eficaz é aquela personalizada, considerando as necessidades, habilidades e desafios específicos de cada pessoa. Além das terapias mencionadas, a integração de outras intervenções, como terapia ocupacional e fonoaudiologia, são extremamente benéficas.

Para continuar a ler mais sobre o ABC do comportamento nas crises em pessoas com autismo, acesse o texto do nosso blog que fala sobre esse assunto:

Fonoaudiologia no autismo

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