Pesquisar
torne-se
3
especialidades
5
data-curso-360
2
5
07-curso
Dias
Horas
Min
Dias
Horas
Min
Mãe praticando psicomotricidade do filho por meio de pedido de abraço com as mãos estendidas.

O que é psicomotricidade no autismo? Entenda como esta intervenção pode ajudar

Você já ouviu falar em psicomotricidade e não sabia o que era? Essa ciência está diretamente relacionada com a percepção que temos do nosso corpo por meio dos movimentos. Isso está ligado à relação mais aprofundada que temos do nosso corpo.

Sua atuação envolve o desenvolvimento integrado das habilidades motoras, junto a aspectos emocionais e cognitivos.

Quando pensamos na psicomotricidade no autismo, essa é uma abordagem essencial, já permite que pessoas com TEA se apropriem de suas próprias imagens e esquemas corporais, ou seja, tenham consciência corporal em um ambiente ou contexto.

Mas o que exatamente é psicomotricidade, e como ela pode auxiliar no desenvolvimento dessas crianças autistas? Neste artigo, explicamos mais sobre essa ciência, as formas de atuação para pessoas no espectro e as principais atividades que podem ser trabalhadas. Confira!

O que é psicomotricidade?

Crianças pulando em local aberto e arborizado.

A psicomotricidade é uma ciência que tem como objetivo principal melhorar as expressões coordenadas do indivíduo durante uma tarefa ou atividade sequencial. Ela nasceu da neurologia, ou seja, é uma área da saúde e não da educação, como algumas pessoas pensam.

Essa ciência engloba três principais aspectos da vida humana:

  • Emocionais: como experimentamos sentimentos e emoções;
  • Cognitivos: o processamento das informações do cérebro (atenção, concentração, memórias);
  • Motores: como realizamos o movimento.

A psicomotricidade ajuda as pessoas a usarem melhor suas capacidades psíquicas, ou seja, terem maior consciência em relação ao próprio corpo, aos movimentos e o relacionamento com o mundo externo.

O que a psicomotricidade ensina?

A psicomotricidade permite às crianças uma livre expressão de seus sentimentos, conceitos, pensamentos, ideologias, bem como trabalho corporal. Além disso, ela ajuda nos processos de aprendizagem e desenvolvimento saudável ao longo da vida.

Quando pensamos na psicomotricidade no autismo, ela é uma das abordagens indicadas para pessoas com TEA, uma vez que pode auxiliar nas características sensoriais, motoras, linguagem, entre outras.

  • Coordenação motora: a capacidade de coordenar movimentos de diferentes partes do corpo é fundamental para tarefas diárias, como vestir-se ou segurar objetos. A psicomotricidade ajuda a melhorar a coordenação motora global e fina.
  • Equilíbrio e orientação espacial: entender o próprio corpo em relação ao espaço é uma habilidade que pode ser desafiadora para crianças com autismo. A psicomotricidade trabalha para melhorar o equilíbrio e a orientação espacial, auxiliando a criança a se mover com mais segurança e confiança.
  • Consciência corporal: a psicomotricidade ensina a criança a reconhecer e controlar seu corpo. Isso é particularmente importante para crianças com autismo, que têm muitas vezes dificuldades em entender onde o corpo termina e o espaço ao redor começa.
  • Expressar emoções e comunicação: através do movimento, a psicomotricidade também pode ser uma forma de expressão emocional e comunicação. Isso é vital para crianças com autismo, que podem ter dificuldades em expressar sentimentos verbalmente.

Quais são os elementos psicomotores?

A psicomotricidade é baseada em 4 elementos principais, fundamentais para o desenvolvimento integral da criança, bem como suas respectivas etapas de evolução.

Esquema corporal

O esquema corporal é a base indispensável para a formação da personalidade infantil, sendo a representação global e diferenciada que a criança tem do próprio corpo. Esse processo de construção ocorre gradualmente, à medida que a criança toma consciência das dimensões do seu corpo e o distingue do mundo exterior.

Existem três etapas nessa construção:

  • Inicialmente, a criança vive o corpo de forma sensorial e motora (até os 3 anos), onde começa a reconhecer-se por meio de sensações e imagens;
  • Na segunda etapa (dos 3 aos 7 anos), a percepção do corpo se organiza com a interiorização e maior controle dos movimentos;
  • Na última etapa (dos 7 aos 12 anos), a criança estrutura seu esquema corporal, adquirindo a noção do todo e das partes, com a descentralização do corpo como ponto de referência.

Coordenação motora

De forma geral, a coordenação motora refere-se à capacidade de integrar diferentes ações musculares, como contrações, descontração e alongamentos, para realizar movimentos com eficiência e economia de esforço.

Essa habilidade é aprimorada pela repetição dos movimentos e é influenciada por duas capacidades principais: o ritmo, que ajusta o movimento no tempo, e o equilíbrio, que mantém a postura do corpo com o mínimo de esforço.

A coordenação motora global envolve a harmonia de ações musculares e depende do controle motor e do equilíbrio postural. A marcha, por exemplo, é um processo que concede à criança independência, enquanto a coordenação motora fina envolve habilidades manuais precisas, como segurar objetos e escrever.

A escrita, por exemplo, é uma forma de expressão da linguagem que depende de um desenvolvimento motor, intelectual e afetivo adequado. Habilidades preparatórias, como o desenho, desempenham um papel fundamental nesse processo, ajudando a desenvolver a destreza necessária para a escrita.

Lateralidade

Durante o desenvolvimento infantil, ocorre uma tendência natural para o uso preferencial de um dos lados do corpo, envolvendo o olho, a mão e o pé. Isso é o que chamamos de lateralidade.

A definição da lateralidade é essencial para o desenvolvimento da criança, pois influencia a percepção de si mesma, a formação do esquema corporal e a organização espacial, permitindo que ela se localize no ambiente usando o próprio corpo como referência.

Entre os 3 e 4 anos, começa a se estabelecer a dominância lateral, geralmente concluída entre 6 e 7 anos, resultando na predominância do lado direito (destro) ou esquerdo (canhoto).

O lado dominante demonstra maior força, precisão e rapidez. Quando a dominância é consistente em todos os três níveis (olho, mão e pé), é considerada homogênea; se o uso de ambos os lados for semelhante, a pessoa é ambidestra.

E se houver dominância cruzada, como usar a mão esquerda e o olho direito, ocorre uma discordância entre os níveis.

A dominância manual é observável em atividades como recortar ou desenhar, enquanto a dominância ocular aparece quando a criança olha por um buraco de fechadura, e a do membro inferior pode ser notada ao pular em um pé só ou chutar uma bola.

Organização espacial e temporal

Durante o desenvolvimento infantil, a criança começa a tomar consciência de seu próprio corpo e de sua posição no ambiente, o que é essencial para se orientar em relação às pessoas e objetos ao seu redor.

Essa organização espacial é construída mentalmente ao longo do tempo, permitindo que a criança desenvolva noções de proximidade, ordem, separação, e interiorização.

Por exemplo, ao perceber que dois objetos estão próximos ou alinhados, a criança começa a entender as relações espaciais.

O desenvolvimento da organização espacial é essencial para atividades como leitura, escrita e matemática, e ocorre em etapas, desde a percepção intuitiva nos primeiros anos até a estruturação completa do espaço em torno dos três anos, quando a criança começa a usar seu corpo como referência para posicionar objetos no espaço.

Assim como a organização espacial, a organização temporal é uma construção mental que a criança desenvolve ao longo do tempo. À medida que cresce, a criança aprende a associar esses ritmos a eventos externos, como a hora de comer ou dormir.

No entanto, a aquisição das noções temporais pode ser desafiadora, pois o tempo é uma abstração difícil de compreender.

A criança percebe inicialmente o tempo subjetivamente, mas com a ajuda de educadores, ela aprende a lidar com o tempo objetivo, que é constante e mensurável. O desenvolvimento da organização temporal inclui a compreensão de ordem e sucessão de eventos, duração dos intervalos, ciclos repetitivos, e a noção de ritmo.

Psicomotricidade é uma prática baseada em evidências?

As práticas baseadas em evidências científicas (PBE) são as mais indicadas para o tratamento de pessoas com desenvolvimento atípico. No autismo, as principais PBEs são aquelas baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA).

Para ser considerada uma prática baseada em evidências, é preciso realizar um número aceitável de pesquisas que mostrem que aquela prática produz resultados positivos no que se propõe.

Quando falamos em psicomotricidade, é possível dizer que essa ciência ainda carece de trabalhos que possam comprovar sua eficácia.

Ainda assim, clínicos e profissionais que atuam com TEA reforçam que as práticas envolvendo a psicomotricidade no autismo têm um papel essencial na intervenção e melhoria de déficits comuns.

Como a psicomotricidade ajuda pessoas com autismo?

Os principais campos de atuação da psicomotricidade e o autismo estão relacionados às dificuldades na coordenação motora e em questões sensoriais. Essas são justamente algumas das principais características encontradas em pessoas com autismo.

De fato, estimativas de estudos científicos demonstram que:

  • 80% das pessoas diagnosticadas com TEA apresentam dificuldades de coordenação motora;
  • De 69% a 95% das crianças autistas apresentam Transtorno do Processamento Sensorial.

Para a psicomotricidade conseguir ajudar pessoas com diagnóstico de autismo é necessário trabalhar estratégias para autopercepção e interrelação com os ambientes durante as intervenções.

Por isso, a importância da psicomotricidade no autismo deve ser considerada e pode auxiliar nas seguintes questões:

  • Falta de controle de impulsos nas crianças;
  • Desorganização na forma de se expressar por meio do corpo;
  • Falta de percepção de espaço conforme o contexto e as demandas de terceiros.

Essas intervenções precisam ainda ser combinadas com outras terapias realizadas pela equipe que acompanha o desenvolvimento da criança. Isso porque o desenvolvimento da linguagem, o tratamento de comorbidades e o suporte escolar, também auxiliam em resultados positivos.

Além disso, a presença e envolvimento da família também é essencial, pois os cuidadores precisam ser orientados para poderem replicar as estratégias no ambiente doméstico

Principais atividades de psicomotricidade no autismo

É imprescindível que as intervenções psicomotoras sejam aplicadas e supervisionadas por profissionais especializados. No que diz respeito à coordenação motora, por exemplo, algumas atividades que auxiliam no desenvolvimento da criança são:

Coordenação motora global

  • Pular
  • Correr
  • Rolar
  • Mudar o lado da posição (frente e atrás).

Coordenação motora fina

  • Pegar um lápis
  • Recortar
  • Manejar objetos com precisão.

Para que essas atividades de psicomotricidade consigam ser realizadas, considerando o autismo, é necessário ainda se atentar a alguns aspectos, como:

  • Estimular o contato visual;
  • Induzir ao seguimento de comandos com mudança na tonalidade da voz;
  • Apresentar brinquedos que não utilizem texturas moles ou ásperas.

Além da psicomotricidade, existem muitas outras intervenções que beneficiam pessoas com autismo. Veja no nosso blog outros conteúdos sobre terapia, autismo e comportamentos.

Conclusão

A psicomotricidade é uma ciência muito importante quando falamos do desenvolvimento de crianças, sejam elas típicas ou atípicas.

Com base em estudos científicos e práticas terapêuticas bem estabelecidas, a psicomotricidade pode ajudar a melhorar a coordenação motora, a integração sensorial e as habilidades sociais de crianças com autismo.

Ao entender e aplicar os princípios da psicomotricidade, pais e profissionais de saúde podem proporcionar um apoio mais eficaz e completo no desenvolvimento dessas crianças.

Recentemente, conversamos com a Zoe Mailloux, responsável pela criação do EASI: protocolo avaliativo de integração Sensorial. Assista hoje mesmo!

Roda de conversa com Zoe Mailloux no Canal do Youtube da Genial Care

Conheça nosso atendimento para autismo

Esse artigo foi útil para você?

MEC: novas diretrizes para educação de crianças com autismo Just Dance + 3 jogos virtuais para conscientização da neurodiversidade Pessoas com TEA tem direito ao Benefício de prestação continuada (BPC)? 20/10 | Dia Mundial de combate ao Bullying Diagnóstico de autismo: por onde começar? Bradesco Saúde: novo plano de saúde parceiro da Genial Care Apraxia da fala: como ela impacta pessoas autistas? 4 Sinais de AUTISMO em bebês 13/10: dia do terapeuta ocupacional Dia mundial da Saúde Mental Jornada da Terapia Ocupacional – Integração Sensorial 29/10 – ONLINE Debate sobre neurodivergência na Alesp: veja como foi 21/09: Luta Nacional das Pessoas com Deficiências (PCDs) Rock in Rio: sala sensorial para pessoas autistas e com deficiências ocultas Omint: novo plano de saúde parceiro da Genial Care O que é rigidez cognitiva? Como usamos a CAA aqui na Genial Care? Dia do Psicólogo: entenda a importância do profissional no autismo Psicomotricidade: saiba o que é e qual sua relação com Autismo 3 séries sul-coreanas sobre autismo pra você conhecer! 5 atividades extracurriculares para integração social de crianças no TEA Existe reembolso para autismo pelo plano de saúde? Como ajudar crianças com TEA a treinar habilidades sociais? Câmara aprova projeto que visa contratação de pessoas autistas O que é Integração sensorial de Ayres? Olimpíadas 2024: conheça a história e atletas com TEA Dia Mundial de Conscientização da Síndrome do X Frágil Dia Nacional do Futebol: inclusão e emoções das pessoas com TEA Se o autismo não é uma doença, por que precisa de diagnóstico? Aprovado Projeto de Lei que obriga SUS aplicar a escala M-CHAT em crianças de 2 anos Dia mundial do Rock: conheça 5 bandas com integrantes autistas Como aproveitar momentos de lazer com sua criança autista? Senado: debate público sobre inclusão educacional de pessoas com TEA Emoções no autismo: saiba como as habilidades emocionais funcionam Dia do cinema nacional: conheça a Sessão Azul Por que precisamos do Dia do Orgulho Autista? Conheça o estudo retratos do autismo no Brasil 2023 | Genial Care Dia Mundial do Meio Ambiente: natureza e a interação de crianças TEA Pessoas com TEA tem direito ao Benefício de prestação continuada (BPC)? Cássio usa camiseta com número em alusão ao Autismo Marcos Mion visita abrigo que acolhe pessoas autistas no RS Existem alimentos que podem prejudicar a saúde de pessoas autistas? Escala M-CHAT fica de fora da Caderneta da Criança O que são níveis de suporte no autismo? Segunda temporada de Heartbreak High já disponível na Netflix Símbolos do autismo: Veja quais são e seus significados Dia Mundial de Conscientização do Autismo: saiba a importância da data Filha de Demi Moore e Bruce Willis revela diagnóstico de autismo Brinquedos para autismo: tudo que você precisa saber! Dia internacional das mulheres: frases e histórias que inspiram Meltdown e Shutdown no autismo: entenda o que significam Veja o desabafo emocionante de Felipe Araújo sobre seu filho autista Estádio do Palmeiras, Allianz Parque, inaugura sala sensorial Peça teatral AZUL: abordagem do TEA de forma lúdica 6 personagens autistas em animações infantis Canabidiol no tratamento de autismo Genial Care recebe R$ 35 milhões para investir em saúde atípica Autismo e plano de saúde: 5 direitos que as operadoras devem cobrir Planos de saúde querem mudar o rol na ANS para tratamento de autismo Hipersensibilidade: fogos de artifício e autismo. O que devo saber? Intervenção precoce e TEA: conheça a história de Julie Dutra Cezar Black tem fala capacitista em “A Fazenda” Dia do Fonoaudiólogo: a importância dos profissionais para o autismo Como é o dia de uma terapeuta ocupacional na rede Genial Care? O que é rigidez cognitiva? Lei sugere substituição de sinais sonoros em escolas do Rio de janeiro 5 informações que você precisa saber sobre o CipTea Messi é autista? Veja porque essa fake news repercute até hoje 5 formas Geniais de inclusão para pessoas autistas por pessoas autistas Emissão de carteira de pessoa autista em 26 postos do Poupamento 3 torcidas autistas que promovem inclusão nos estádios de futebol Conheça mais sobre a lei que cria “Centros de referência para autismo” Como a Genial Care realiza a orientação com os pais? Dia das Bruxas | 3 “sustos” que todo cuidador de uma criança com autismo já levou Jacob: adolescente autista, que potencializou a comunicação com a música! Síndrome de asperger e autismo leve são a mesma coisa? Tramontina cria produto inspirado em criança com autismo Como a fonoaudiologia ajuda crianças com seletividade alimentar? Genial Care Academy: conheça o núcleo de capacitação de terapeutas Como é ser um fonoaudiólogo em uma Healthtech Terapeuta Ocupacional no autismo: entenda a importância para o TEA Como é ser Genial: Mariana Tonetto CAA no autismo: veja os benefícios para o desenvolvimento no TEA Cordão de girassol: o que é, para que serve e quem tem direito Como conseguir laudo de autismo? Conheça a rede Genial para autismo e seja um terapeuta de excelência Educação inclusiva: debate sobre acompanhantes terapêuticos para TEA nas escolas Letícia Sabatella revela ter autismo: “foi libertador” O que é discalculia e qual sua relação com autismo? Rasgar papel tem ligação com o autismo? Quem é Temple Grandin? | Genial Care Irmãos gêmeos tem o mesmo diagnóstico de autismo? Parece autismo, mas não é: transtornos comumente confundidos com TEA Nova lei aprova ozonioterapia em intervenções complementares Dicas de como explicar de forma simples para crianças o que é autismo 5 livros e HQs para autismo para você colocar na lista! Como é para um terapeuta trabalhar em uma healthcare? Lei n°14.626 – Atendimento Prioritário para Pessoas Autistas e Outros Grupos Como fazer um relatório descritivo?