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A coordenação motora é algo fundamental no desenvolvimento humano. Ela faz parte do nosso cotidiano e da maneira como percebemos e descobrimos o mundo ao nosso redor.
Conforme a criança vai crescendo, muitos movimentos passam a ser automatizados e feitos inconscientemente, algo que é apenas realizado sem muito pensamento. Mas nesse aspecto do desenvolvimento infantil, é importante ficar atento a alguns sinais de disfunção motora, como a dispraxia, por exemplo.
Também conhecida como Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) ou Transtorno da Coordenação do Desenvolvimento (DCD), a dispraxia é uma condição neurológica que afeta a capacidade de planejar e executar movimentos coordenados ao longo da vida.
Muitas vezes, ela é confundida com outras dificuldades motoras ou até mesmo com o autismo e TDAH, o que pode gerar ainda mais confusão e até mesmo incertezas sobre um possível diagnóstico.
Neste artigo, exploramos o que é dispraxia, seus sinais e causas, e sua relação com o TEA. Continue a leitura para aprender muito!
O que é dispraxia?
A dispraxia é um transtorno neurológico que causa dificuldades para coordenar os movimentos do corpo intencionalmente. Essa disfunção impede que o cérebro consiga planejar corretamente os movimentos, fazendo com que nem todas as mensagens cheguem adequadamente.
Isso significa que, mesmo que a pessoa saiba o que quer fazer, pode ter dificuldades em coordenar os movimentos necessários para a execução de determinadas ações que podem ser consideradas simples.
Ela é comumente diagnosticada na infância, onde muitas vezes a criança é tida como “desajeitada” ou “desastrada”, pois costuma tropeçar muito, cair sem motivo aparente ou até mesmo quebrar objetos.
Dessa forma, é muito comum que crianças com dispraxia tenham dificuldades em manter o equilíbrio e postura, e em alguns casos, até mesmo de fala. Além disso, apresentam barreiras em atividades simples do cotidiano, como segurar uma caneta, amarrar os sapatos ou praticar esportes.
Quais são os sinais e sintomas da Dispraxia?
Os sinais da dispraxia podem variar de pessoa para pessoa. Além disso, eles também podem mudar conforme a classificação de dispraxia, que pode ser:
Dispraxia motora
- Dificuldades em realizar tarefas motoras finas, como escrever ou desenhar;
- Dificuldade para coordenar os músculos;
- Problemas de coordenação motora grossa, como correr, pular ou equilibrar-se;
- Desorganização e dificuldade em planejar movimentos sequenciais;
- Dificuldades em aprender novas habilidades motoras.
Dispraxia da fala
- Dificuldades em desenvolver a linguagem verbal;
- Erros na pronúncia das palavras;
- Fala quase imperceptível em determinados momentos.
Dispraxia postural
- Fadiga devido ao esforço necessário para realizar movimentos simples;
- Dificuldade em manter postura correta;
- Dificuldade em manter-se em equilíbrio;
- Movimentos pouco ritmados e sem fluidez.
Qual a causa da dispraxia?
Assim como autismo, esse transtorno não possui uma causa bem definida, no entanto, de acordo com estudos e pesquisas sobre o assunto, pode existir uma relação de alteração genética que faz com que as células nervosas precisem de mais tempo para desenvolvimento.
Além disso, a dispraxia também pode acontecer ao longo da vida de uma pessoa, por conta de possíveis lesões e traumas cerebrais, como traumatismos e AVCs, algo mais frequente em adultos.
O diagnóstico é normalmente feito por um neurologista com base em exames clínicos e também uma avaliação neurológica. Além disso, podem participar outros profissionais no processo diagnóstico, como pediatras e fonoaudiólogos.
Quem tem dispraxia tem autismo?
Embora seja muito comum que pessoas com TEA também apresentem dificuldades na coordenação motora e planejamento motor, além de desenvolvimento da fala, nem todas as pessoas com dispraxia têm autismo e vice-versa.
Um estudo publicado pela Journal of Autism and Developmental Disorders indicou que cerca de 50% das crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) também apresentam sinais de dispraxia.
Assim, os transtornos podem aparecer como comorbidade nos diferentes casos. No entanto, a sobreposição de sintomas, como dificuldades motoras e de planejamento de tarefas, podem dificultar o diagnóstico diferencial.
Enquanto o autismo impacta a comunicação social e o comportamento repetitivo, a dispraxia se concentra nas dificuldades motoras. No entanto, a coexistência das duas condições exige uma abordagem multidisciplinar ao longo do desenvolvimento infantil.
Como melhorar a dispraxia?
Da mesma forma que o autismo, a dispraxia também não é uma doença, por isso, não existe uma cura para ela. O que existem são várias estratégias e intervenções que podem ajudar a melhorar a coordenação e a independência da pessoa.
A terapia ocupacional é uma das principais abordagens, focando em atividades que desenvolvem habilidades motoras e promovem a autonomia. Além disso, a fonoaudiologia e a fisioterapia podem ajudar tanto os aspectos físicos quanto psicológicos.
É muito importante que exista um plano de intervenção multidisciplinar e individualizado que envolva estratégias com brincadeiras, desenhos, pinturas e outros. O apoio escolar também é essencial para garantir que a pessoa com TDC consiga aprender da melhor forma possível.
Tudo será feito para potencializar o ritmo de aprendizagem conforme o repertório existente e respeitando o processo de cada criança. Algumas tarefas também podem servir como exercício em casa, como amarrar o caderno, abotoar botões e escrever.
Conclusão
Entender a dispraxia é uma das maneiras de fornecer o suporte adequado para as crianças e adultos que têm essas dificuldades. É importante lembrar que mesmo próxima do TEA, os transtornos não são a mesma coisa e nem sempre estão no mesmo diagnóstico.
Profissionais de saúde e pais devem trabalhar em conjunto para identificar as melhores estratégias para cada indivíduo, baseando-se em evidências científicas e abordagens terapêuticas eficazes.
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