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O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social e pela presença de padrões de comportamentos restritos e repetitivos.
Por isso, é muito comum ouvir sobre estereótipos relacionados ao autismo, construídos pelo coletivo, e que representam algo mais “padronizado” para identificar possíveis pessoas no espectro.
Mas, ao contrário desse pensamento, também existem alguns estereótipos que podem dificultar o acesso ao diagnóstico, justamente por ficarem longe desse imaginário social que é construído sobre o TEA.
Aqui na Genial Care, queremos desconstruir todas essas concepções falsas sobre o transtorno e trazer cada vez mais informação verdadeira para falar sobre as singularidades e possibilidades do espectro autista.
Como parte da nossa campanha de conscientização do mês de abril, chamamos alguns dos nossos convidados do 2º Congresso Extraordinário para falar sobre o tema. Continue lendo para conhecer essas pessoas e aprender cada vez mais sobre autismo!
O que são estereótipos?
Os estereótipos são generalizações, padronizações ou crenças que a sociedade constrói. Eles funcionam como ideias preconcebidas que simplificam a experiência e vivência das pessoas em determinado assunto, criando “rótulos” e padronização de comportamentos.
Dessa forma, os estereótipos podem se manifestar como ideias preconcebidas, imagens mentais ou expectativas sobre como os membros desse grupo devem se comportar, pensar ou sentir.
Essas concepções podem ser influenciadas por diversos fatores, incluindo cultura, mídia, experiências pessoais e socialização.
Os estereótipos muitas vezes podem ser prejudiciais, pois levam a discriminação, preconceito e tratamento injusto das pessoas que são alvo dessas generalizações.
E qual a ligação dos estereótipos com o autismo?
Os estereótipos estão frequentemente presentes na forma como o autismo é percebido e compreendido por muitas pessoas.
Quantas vezes você já ouviu alguém associar a imagem de autistas “em seu mundo próprio” e se balançando para frente e para trás? Ou até mesmo associar a cor azul e o gênero masculino para pessoas com TEA?
Infelizmente, esses estereótipos podem levar a uma série de equívocos e dificuldades, tanto para as pessoas com autismo quanto para suas famílias e profissionais de saúde.
Principalmente porque alguns desses estereótipos podem estar ligados a representações de ações e comportamentos que fazem parte da vida de alguém com TEA, que são as “estereotipias”.
Estereotipias e autismo
As estereotipias são movimentos repetitivos que o indivíduo faz ao longo dos dias. A presença delas de forma frequente é um dos sinais que podem indicar o TEA.
Isso porque uma das características apontadas como díade do autismo, junto a dificuldades na comunicação e interação social, é justamente a existência de padrões de comportamento restritos e repetitivos.
As estereotipias costumam acontecer quando uma pessoa está sobrecarregada por estímulos sensoriais do ambiente e usa essas ações repetitivas para se reorganizar e processar o que está sentindo.
Outro termo comum para as estereotipias é stims, do inglês, “estímulo”. Essa nomenclatura é a mais usada por pessoas autistas para se referir a esses comportamentos.
Principalmente porque elas acreditam e reforçam que o principal objetivo desses movimentos é ajudar a controlar os estímulos excessivos, que muitas vezes podem causar crises e comportamentos desafiadores.
Assim, mesmo causando estranhezas para outras pessoas, as estereotipias podem ser benéficas para pessoas com TEA, já que ajudam a aliviar a ansiedade, acalmar e concentrar.
Conheça Akin e Tio Faso e suas percepções sobre os estereótipos ligados ao autismo
Akin, tem 23 anos, é um homem trans, autista, TDAH com altas habilidades e superdotação. Ele gosta muito de música, crochê e ler livros.
Já Fábio Souza, ou Tio Faso como é mais conhecido, tem 41 anos, é autista, TDAH e superdotado, todos diagnosticados tardiamente. Ele também é pai de uma criança autista de 5 anos. Ele trabalha com desenvolvimento de software e pós-graduando em Inteligência Artificial. Ao lado da esposa, tem há mais de 15 anos uma empresa dedicada à produção de conteúdo infantil com protagonismo PCD.
Para eles, os estereótipos relacionados ao autismo tiveram alguns impactos direcionados ao diagnóstico, especialmente quando falamos das diferenças entre as idades dos dois.
Akin acredita que muitas pessoas, por muito tempo, achavam que o autismo era uma questão que afetava somente um determinado grupo.
“Nunca levavam em consideração autistas pretos, indígenas, mulheres e os demais recortes importantes que podem existir. No meu caso, isso fez com que por muito tempo nem sequer considerassem o autismo, justamente por eu não me parecer com o que associavam a um autista”.
“Infelizmente essa é a realidade de muitos autistas que fogem dos estereótipos, são invisibilizados”, afirma ele.
Já para Fábio essa ligação pode ser separada em duas fases: a infância e a vida adulta, pois para ele, a adolescência foi um momento em que “passou batido” sem ninguém suspeitar de nada.
“Na infância eu não tive diagnóstico porque as minhas particularidades (atraso na fala, atraso para andar e eu me mexer pouco) não eram reconhecidas como sinais de alerta, mas sim como “preguiça” pelos profissionais da época”.
“Já na fase adulta, por eu ser muito funcional e aparentemente estar conseguindo tocar a vida (trabalhando, ter feito faculdade, estar casado e com filho) fora encarado como coisas que nenhum autista faria, logo eu não poderia ser um”.
Existe diferença entre gerações e como os estereótipos influenciam a identidade de pessoas autistas?
Para Tio Faso o conhecimento sobre autismo foi importante, já que antes disso e até mesmo de sua suspeita ele percebeu que a busca por profissionais que acreditavam que o TEA era apenas clássico ou que era mais difícil ser diagnosticado em adultos.
Por isso é importante que outros autistas falem sobre suas experiências porque isso ajuda cada vez mais pessoas a compreenderem que talvez possa estar no espectro e, por fim, buscar avaliação profissional competente e especializada.
“Isso permite que a gente observe e se identifique. Muitos autistas que eu via na internet falam coisas com as quais eu não me identificava até cruzar com uma, a Selma Sueli, que é extremamente comunicativa, mas solta e mais velha como eu – olhei, me identifiquei e finalmente percebi que poderia MESMO ser autista”.
Akin, por outro lado, fala que para as gerações anteriores, o autismo ainda é muito tratado como tabu. “Eu tive a sorte de nascer numa época em que, por conta da tecnologia, as informações eram mais difundidas e começou-se a trabalhar pela desconstrução do estereótipo do que é um autista”.
Ele acredita que para as gerações seguintes, o acesso ao diagnóstico e as informações sobre o espectro será mais facilitado, podendo mudar o caminho e facilitar diagnósticos para muitas pessoas.
Exatamente por isso, é muito importante falarmos sobre autismo e quebrarmos mitos e informações falsas a respeito do transtorno. Assim, cada vez mais pessoas se sentiram representadas e poderão ter acessos mais rápidos a possíveis laudos.
Participe do 2º Congresso Extraordinário da Genial Care
Para continuarmos essa conversa e conseguirmos ampliar ainda mais o diálogo e amplificar a importância dessa mensagem, teremos a segunda edição do nosso Congresso Extraordinário em parceria com a Revista Autismo. O evento acontecerá no dia 25 de abril, ao vivo no canal de YouTube da Genial Care, às 19h.
Tio Faso e Kin Sá estarão em nosso segundo “Congresso Extraordinário”, uma parceria da @genialcare e @revistaautismo!
Tio Faso e Akin participaram como convidados, e continuaram conversando sobre suas percepções e jornada de diagnóstico de TEA.
Queremos você presente nesse evento para participar e construir espaços de trocas cada vez maiores em nossa sociedade. Ele será recheado de informações verdadeiras e acessíveis para todos, impactando a vida das pessoas com autismo e seus cuidadores.
Faça sua inscrição agora mesmo e garanta sua participação em um evento tão importante quanto esse. Continue a conhecer o Tio Faso, Akin e outras pessoas no espectro. Cadastre-se aqui: