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O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social e pela presença de padrões de comportamentos restritos e repetitivos.
Por isso, é muito comum ouvir sobre estereótipos relacionados ao autismo, construídos pelo coletivo, e que representam algo mais “padronizado” para identificar possíveis pessoas no espectro.
Mas, ao contrário desse pensamento, também existem alguns estereótipos que podem dificultar o acesso ao diagnóstico, justamente por ficarem longe desse imaginário social construído sobre o TEA.
Aqui na Genial Care, queremos desconstruir todas essas concepções falsas sobre o transtorno e trazer cada vez mais informação verdadeira para falar sobre as singularidades e possibilidades do espectro autista.
Continue lendo para conhecer essas pessoas e aprender cada vez mais sobre autismo!
O que são estereótipos?
Os estereótipos são generalizações, padronizações ou crenças que a sociedade constrói. Eles funcionam como ideias preconcebidas que simplificam a experiência e vivência das pessoas em determinado assunto, criando “rótulos” e padronização de comportamentos.
Dessa forma, os estereótipos podem se manifestar como ideias preconcebidas, imagens mentais ou expectativas sobre como os membros desse grupo devem se comportar, pensar ou sentir.
Essas concepções podem ser influenciadas por diversos fatores, incluindo cultura, mídia, experiências pessoais e socialização.
Os estereótipos muitas vezes podem ser prejudiciais, pois levam a discriminação, preconceito e tratamento injusto das pessoas que são alvo dessas generalizações.
E qual a ligação dos estereótipos com o autismo?
Os estereótipos estão frequentemente presentes na forma como o autismo é percebido e compreendido por muitas pessoas.
Quantas vezes você já ouviu alguém associar a imagem de autistas “em seu mundo próprio” e se balançando para frente e para trás? Ou até mesmo associar a cor azul e o gênero masculino para pessoas com TEA?
Infelizmente, esses estereótipos podem levar a uma série de equívocos e dificuldades, tanto para as pessoas com autismo quanto para suas famílias e profissionais de saúde.
Principalmente porque alguns desses estereótipos podem estar ligados a representações de ações e comportamentos que fazem parte da vida de alguém com TEA, que são as “estereotipias”.
Estereotipias e autismo
As estereotipias são movimentos repetitivos que o indivíduo faz ao longo dos dias. A presença delas frequentemente é um dos sinais que podem indicar o TEA.
Isso porque uma das características apontadas como díade do autismo, junto a dificuldades na comunicação e interação social, é justamente a existência de padrões de comportamento restritos e repetitivos.
As estereotipias costumam acontecer quando uma pessoa está sobrecarregada por estímulos sensoriais do ambiente e usa essas ações repetitivas para se reorganizar e processar o que está sentindo.
Outro termo comum para as estereotipias é stims, do inglês, “estímulo”. Essa nomenclatura é a mais usada por pessoas autistas para se referir a esses comportamentos.
Principalmente porque elas acreditam e reforçam que o principal objetivo desses movimentos é ajudar a controlar os estímulos excessivos, que muitas vezes podem causar crises e comportamentos desafiadores.
Assim, mesmo causando estranhezas para outras pessoas, as estereotipias podem ser benéficas para pessoas com TEA, já que ajudam a aliviar a ansiedade, acalmar e concentrar.
Existe diferença entre gerações e como os estereótipos influenciam a identidade de pessoas autistas?

Para Tio Faso, programador, ilustrador, pós-graduando em Inteligência Artificial, pai de uma criança autista e também autista, o conhecimento sobre o espectro foi transformador. Antes mesmo de suspeitar sobre seu diagnóstico, ele já enfrentava obstáculos ao buscar profissionais que enxergavam o autismo apenas sob a ótica clássica, dificultando o reconhecimento em adultos.
Na sua visão, é essencial que mais pessoas autistas compartilhem suas vivências. Isso amplia as referências e ajuda outras pessoas a se reconhecerem no espectro, dando um primeiro passo importante: buscar uma avaliação profissional especializada e respeitosa.
“Ao me deparar com outras pessoas autistas online, muitas falas não faziam sentido pra mim, até que encontrei Selma Sueli. Comunicativa, espontânea e mais velha, como eu. Foi nesse encontro que me vi, de verdade, como alguém autista.”

Já Akin, homem preto, trans, autista e ativista pelos direitos das pessoas com deficiência, acredita que as barreiras geracionais ainda marcam a forma como o autismo é percebido.
“Para gerações anteriores, o autismo ainda é um tabu. Eu tive a sorte de nascer em uma época em que, graças à tecnologia, essas informações estão mais acessíveis e os estereótipos começaram a ser desconstruídos.”
Ele reforça que, para as próximas gerações, o diagnóstico e o acesso a informações devem ser cada vez mais facilitados, o que pode encurtar caminhos e transformar realidades.
É por isso que falar sobre autismo com responsabilidade e sensibilidade importa tanto. Quanto mais mitos são desfeitos, mais pessoas se veem representadas e têm acesso a diagnósticos mais rápidos e assertivos.
Como os estereótipos podem dificultar o diagnóstico para pessoas com TEA?
Os relatos de Tio Faso e Akin mostram como os estereótipos ainda moldam como o autismo é percebido. A visão restrita de que o TEA se apresenta sempre da mesma maneira, geralmente associada a um “perfil clássico”, faz com que muitos profissionais desconsiderem sinais em pessoas adultas, mulheres, pessoas negras ou mais comunicativas.
Essa falta de diversidade na representação do espectro acaba atrasando diagnósticos e pode levar a experiências de invisibilidade. Para algumas pessoas autistas, o reconhecimento só acontece quando encontram outras histórias com as quais realmente se identificam.
Por isso, ampliar as narrativas sobre o autismo é tão importante: quanto mais experiências são compartilhadas, mais evidente se torna a pluralidade do espectro, permitindo que profissionais e a própria sociedade reconheçam manifestações diferentes do TEA e ofereçam avaliações mais assertivas.
Conclusão
Falar sobre autismo não é somente trocar informações, mas abrir caminhos de reconhecimento e pertencimento. Quando pessoas autistas compartilham suas experiências, outras podem enxergar nelas um reflexo de si mesmas, e isso muda tudo.
Esse processo fortalece a autoestima, combate estigmas e cria condições para que diagnósticos deixem de ser uma barreira e passem a ser um recurso de apoio e cuidado.
Mais do que rótulos, o que está em jogo é o direito de cada pessoa ser vista em sua singularidade e ter acesso ao suporte necessário para viver todo o seu potencial.



