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A Integração Sensorial é uma das práticas mais essenciais da Terapia Ocupacional, principalmente quando estamos falando de crianças com TEA e outros transtornos do processamento sensorial.
Seu principal objetivo é ajudar pessoas com dificuldades sensoriais, ou seja, auxiliar no processamento de texturas, sons, cheiros, gostos, luz e movimento, por exemplo. Isso porque, essas dificuldades podem criar barreiras na consciência corporal, execução de movimentos com o corpo e convívio com pessoas em diferentes ambientes.
Vale reforçar que a integração sensorial é uma intervenção considerada prática baseada em evidências científicas que funcionam para o autismo.
Por isso, uma avaliação precisa das dificuldades sensoriais é essencial para a elaboração de um plano de intervenção eficaz e garantir desenvolvimento correto conforme as necessidades e repertório de cada pessoa.
Uma das ferramentas mais inovadoras nesse campo é o EASI (Evaluation in Ayres Sensory Integration), desenvolvida por Zoe Mailloux.
Neste artigo, você entenderá o que é o EASI, como ele funciona, e por que ele é tão importante para a prática da Integração Sensorial. Além disso, pode acompanhar uma roda de conversa muito importante com a própria criadora. Veja até o fim para saber!
O que é EASI na Terapia Ocupacional?
O EASI (Evaluation in Ayres Sensory Integration ou Avaliação da Integração Sensorial de Ayres) é um protocolo de avaliação desenvolvido por Zoe Mailloux e seus colaboradores. Assim, ele é uma das ferramentas avaliativas da Integração Sensorial de Ayres.
O EASI foi projetado para avaliar as funções sensoriais e motoras em crianças de forma abrangente e precisa. Assim, o EASI é um conjunto de 20 testes criados para medir funções centrais da integração sensorial.
Ele foi construído como parte de uma iniciativa maior feita na Reunião Internacional de especialistas em Integração Sensorial de 2014, onde diversos profissionais fizeram esse projeto para comemorar o aniversário de 100 anos da Dra. Jean Ayres, fundadora oficial do método de IS.
Dessa forma, o EASI foi feito para medir alguns “componentes” centrais da Integração Sensorial de Ayres nas crianças, de uma maneira que minimiza as influências da cultura, compreensão da linguagem e experiências anteriores.
Portanto, fornece dados mais precisos sobre a relação do comportamento da criança com os componentes de integração sensorial.
Esses componentes avaliados são:
- Percepção sensorial: capacidade de identificar, discriminar e interpretar sensações em mais de um sistema sensorial;
- Integração Motora Postural/ Ocular/ Bilateral: capacidade de manter funções necessárias no controle postural, manter a estabilidade no tônus, manter campo visual estável e usar movimentos coordenados e dissociando em ambos os lados do corpo;
- Práxis: habilidade de criar ideias sobre como agir e interagir com o ambiente, conduzindo planos de ação ao longo do tempo, além de corrigi-los para executar ações esperadas;
- Reatividade sensorial: capacidade de organizar e ajustar reações relativas à intensidade e duração dos estímulos recebidos.
O propósito do EASI é fornecer um conjunto válido e confiável de testes para avaliar as principais funções de integração sensorial na base da aprendizagem, comportamento e participação.
Esses testes são projetados para crianças de 3 a 12 anos e duram em média de 2h a 3h. Para a aplicação, é necessário que o terapeuta ocupacional tenha formação adequada em ISA (Integração Sensorial de Ayres).
Isso garante a competência tanto na aplicação quanto na interpretação dos resultados.
Qual o diferencial do EASI?
Durante a criação do EASI, Zoe conta que foram estabelecidas algumas metas e parâmetros para garantir que o protocolo (que ainda iria ser criado) fosse algo funcional e escalável.
As 3 metas estabelecidas na criação do EASI foram:
- Avançar na pesquisa acadêmica, identificando artigos publicados, que contribuíram para a evolução da teoria da integração sensorial de Ayres, desenvolvendo padrões internacionais para treinamento.
- Garantir que as famílias de qualquer lugar do mundo tenham embasamento e qualidade clínica na intervenção da criança, para que ela possa ser reaplicada em outros ambientes.
- Permitir uma avaliação acessível para crianças em todo o mundo.
Zoe conta que quando estava desenvolvendo os testes do EASI, eles queriam garantir que as áreas do funcionamento que tinham algumas lacunas e que ainda não existiam testes, fossem consideradas no protocolo.
“Além disso, queríamos criar um conjunto de testes práticos e fáceis de usar, para todos os terapeutas que fossem habilitados na aplicação”, reforça ela.
Dessa maneira, os pontos de inovação e diferenciação do EASI incluem a medição da reatividade sensorial baseada no desempenho, novos testes para a padronização da Práxis e da percepção tátil oral.
Quem é Zoe Mailloux?
A Dra. Zoe Mailloux é parte do corpo docente do Departamento de Terapia Ocupacional da Jefferson University e é uma das líderes da iniciativa Ayres Sensory Integration 2020 Vision.
Ela tem mais de 40 anos de experiência em desenvolvimento de testes e pesquisa clínica relacionada à disfunção de integração sensorial e autismo.
Zoe foi assistente de pesquisa da Dra. Jean Ayres de 1970 a 1984 e ela também recebeu um prêmio de excelência da Fundação de Pesquisa em Autismo, Wellma West na Universidade do Sul da Califórnia, o prêmio Jean Ayres e o prêmio de excelência Virginia Escarina da Fundação Americana de Terapeutas Ocupacionais.
Zoe conta que parte da medida de fidelidade, que estava em desenvolvimento, exigia que uma avaliação abrangente fosse fornecida para crianças ou outras pessoas que iriam ter essa avaliação aplicada, antes de implementar uma abordagem usando a integração sensorial de Ayres.
Ou seja, isso faz parte da definição dessa abordagem, de que deve haver uma avaliação abrangente em vigor, antes de existir qualquer tentativa de tratamento ou intervenção.
Como funciona o processo de avaliação na Terapia Ocupacional?
A avaliação na terapia ocupacional foca em obter dados de cada pessoa e interpretá-los para poderem guiar todo o processo de intervenção. Isso é o que os profissionais chamam de método de identificação e resolução de problemas terapêuticos.
Mas, para além de um simples processo de mensuração de dados, toda a avaliação também garante resultados, recálculo de rotas e entendimento do repertório de desenvolvimento da criança.
Dessa forma, o processo de avaliação em T.O. acontece por meio da combinação da aplicação de vários procedimentos somados a um processo de pensamento e raciocínio dos profissionais sobre as informações obtidas.
Quando falamos em integração sensorial, é fundamental que essa avaliação seja feita com base em evidências científicas, como no caso do EASI.
Com isso, é possível ter uma compreensão total do indivíduo, a ponto de propor uma intervenção individualizada, focando em práticas objetivas, eficazes e que trarão o melhor benefício para qualidade de vida das crianças.
Quem precisa fazer a avaliação EASI na terapia ocupacional?
Essa avaliação de integração sensorial é feita para crianças entre 3 a 12 anos de idade que apresentam sinais relacionados com algum tipo de disfunção sensorial, muito comum em crianças com TEA.
Dessa forma, é importante que os pais ou pessoas cuidadores procurem um profissional capacitado para realizar uma avaliação, quando perceberem sinais de questões sensoriais que chamam a atenção, como, por exemplo:
- Pouca ou exagerada reação a estímulos externos (auditivos, visuais, cheiros);
- Sensibilidade a barulhos ou luzes;
- Resistência ao toque;
- Muita agitação motora que prejudica sua funcionalidade.
É muito importante lembrar que esses são apenas alguns dos sinais que podem ser observados com mais frequência. Mas cada criança é única e apresenta características diferentes relacionadas às barreiras sensoriais do ambiente.
Por isso, observe sua criança e converse com a equipe que acompanha seu desenvolvimento para entender e receber um diagnóstico mais preciso.
Assista a roda de conversa da Genial Care com Zoe Mailloux
Na Genial Care, estamos sempre buscando trazer conteúdos de qualidade e informações valiosas para apoiar pais e profissionais da saúde. Pensando nisso, fizemos uma roda de conversa bastante enriquecedora com a Dra. Zoe Mailloux, uma das principais referências em Integração Sensorial no mundo.
Usamos esse momento para reforçar sobre tópicos essenciais que os profissionais buscam quando estão aprendendo sobre avaliação de integração sensorial e o EASI, e entender melhor como trabalhar de forma assertiva com crianças que têm dificuldades sensoriais.
Zoe compartilhou nesse momento que fica muito empolgada com o potencial para pesquisas, a maneira como o EASI é estruturado como uma ferramenta de avaliação e, possivelmente, como uma medida de resultado para identificar mudanças após a intervenção.
Ela reforça que a maneira como o protocolo foi configurado, desde o programa de pontuação, seus testes e é claro, o acesso gratuito aos materiais e a pontuação depois que o treinamento tiver sido realizado, são diferenciais importantes do EASI.
“Sentimos que realmente removemos um grande obstáculo. Porque a parte da avaliação é tão importante, mas era tão caro e com todos os dados normativos e testes complicados. Então sentimos que removemos esse obstáculo agora com o EASI, e esperamos ter muito mais pesquisas”, reforça Zoe.
“Sabemos que a integração sensorial não é a única abordagem necessária, é uma de muitas, mas quando é eficaz, é muito eficaz. E queremos vê-la sendo feita, queremos vê-la sendo aplicada de maneira apropriada e de maneira profissional e precisa. Agora temos as ferramentas para isso”.
Toda essa conversa entre a Zoe e a Genial Care já está disponível no nosso canal do Youtube e você pode conferir na íntegra clicando abaixo: