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O hiperfoco no autismo acontece quando pessoas no espectro apresentam um interesse intenso e altamente focado, em um ou mais assunto. Isso pode durar a vida toda ou mudar com o tempo.
Os interesses são os mais variados: arte, música, jardinagem, animais, números e outros. Muitas crianças com autismo gostam de dinossauros ou personagens específicos de desenhos animados.
Apesar de o hiperfoco ser algo predominante entre pessoas no espectro ou com déficit de atenção, essa não é uma característica exclusiva para pessoas atípicas.
Neste artigo, você vai entender melhor como funciona o hiperfoco no autismo e encontrar informações para trabalhá-lo no dia a dia.
O que é hiperfoco?
Podemos definir o hiperfoco como uma forma intensa de concentração em determinado assunto, tarefa ou tópico. Ele acontece quando uma pessoa fica em absorção total em determinada atividade ou informação.
Muitas vezes, pessoas cuidadoras ou a família acham que o indivíduo se desliga completamente do seu redor e tem a atenção voltada apenas para o que está sendo focado. Em geral, o hiperfoco é uma atividade que dá prazer e diverte as pessoas, e por isso, é tão poderoso.
Precisamos entender que, o hiperfoco em si é muito mais um estado mental do que uma condição de fato, já que as habilidades de atenção estão ora em seu estado máximo, ora quase que inexistentes.
É importante pontuar que existem diferentes formas de se gostar de algo, cada uma delas com mecanismos distintos e que mudam de acordo com o interesse de uma pessoa. Nem todas elas podem ser chamadas de hiperfoco.
O hiperfoco no autismo
Quando pensamos no hiperfoco no autismo, estamos falando de uma espécie de “fascínio” ou “fixação momentânea” sobre determinado assunto. É um interesse tão grande em algo, que as coisas que estão acontecendo em volta não importam.
Neste aspecto, até mesmo pausas para comer, tomar banho ou realizar outras atividades da vida diária podem ser esquecidas pelas pessoas com TEA, já que elas geram um afastamento daquele assunto de interesse.
É assim que o hiperfoco no autismo se difere do interesse comum, por exemplo. Já que pessoas neurotípicas apresentam maior facilidade em se desligar de um tema momentaneamente e depois retornar para o estado que estavam antes.
Isso porque, o cérebro autista é diferente do cérebro de uma pessoa neurotípica. Para pessoas com TEA, esse órgão é hiperexcitado, fazendo com que o hiperfoco seja um refúgio durante situações estressantes, atuando até mesmo como regulador emocional.
Como trabalhar o hiperfoco no autismo?
Existem aspectos positivos em se trabalhar o hiperfoco no autismo, desde que isso seja feito corretamente. Ele pode ajudar a desenvolver novas habilidades ou até mesmo se tornar a profissão da pessoa, como acontece na série da Netflix “Uma advogada extraordinária”, onde a personagem Woo Young Woo apresenta seu hiperfoco em baleias e também no direito.
Diversos profissionais e até mesmo educadoras usam esse aspecto das crianças com TEA a favor da sua educação e aprendizagem. Isso porque, o cérebro incorpora novos aprendizados por meio das redes neuronais de preferência, que vão se juntando através das experiências vividas e/ou repetidas.
Assim, essa pode ser uma estratégia para agregar sentido nessa formação de redes, trazendo novas informações e ampliando o interesse e conhecimento desses indivíduos. É importante lembrar que, isso precisa ser feito sempre através de atividades de interesse da criança, respeitando seu repertório e aplicando motivação.
Algumas maneiras de usar o hiperfoco de forma positiva são:
- Para começar uma nova conversa: O hiperfoco pode ser uma ótima ferramenta para diminuir a dificuldade que pessoas no espectro sentem ao começar uma nova conversa ou interação social;
- Para manter a calma durante situações estressantes: Criar esse foco em um interesse especial ajuda a trazer uma sensação de ordem e calma em momentos imprevisíveis e desafiadores;
- Para se divertir: Essa também é uma ótima maneira de se divertir e relaxar fazendo algo que gosta, sendo uma forma de respirar e até mesmo recarregar as energias.
Porém, nunca podemos usar o hiperfoco no autismo como uma estratégia para deixar a criança quieta, entretida e longe de contexto social. Isso pode restringir ainda mais o repertório de interesses, acabando com oportunidades de aprendizagem em outros temas e atividades.
Quando o hiperfoco é um sinal de alerta?
Apesar do hiperfoco poder ser usado como algo positivo e até mesmo ajudar no desenvolvimento de novas habilidades, é preciso ficar atento, já que ele pode deixar de ser saudável e se tornar uma obsessão.
Isso pode criar complicações para pessoas no espectro, afetando seu bem-estar e capacidade de aprender. Por isso, pessoas cuidadoras e as famílias precisam ficar atentas a esses comportamentos.
- Esse comportamento está deixando a pessoa com TEA infeliz, mesmo ela tendo dificuldade de parar?
- Esses momentos estão causando situações desafiadoras com outras pessoas, como irmãos ou amigos?
- O hiperfoco está minando a capacidade da pessoa aprender, tirando a concentração em momentos de ensino, como na escola?
- Isso está limitando a habilidade de conhecer novas pessoas ou assuntos?
Essas são algumas perguntas que podem ajudar a família a analisar a situação, procurando um especialista para conversar sobre o assunto e expor as preocupações. Assim, é possível investigar melhor o comportamento e encontrar as estratégias corretas para ajudar.
Essa capacidade de hiperfocar em algum tópico pode ser positiva e ajudar a desenvolver conhecimentos e habilidades genuínas para a vida. Por isso, não se desespere.
Esse é o momento para procurar as informações e pessoas que vão ajudar, encontrando maneiras de aumentar a qualidade de vida da pessoa com TEA. Aqui na Genial Care trabalhamos com as práticas baseadas em evidências e elas podem ajudar a trabalhar o hiperfoco de maneira correta.
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Prática baseada em evidências para o autismo