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O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social e pela presença de padrões de comportamentos restritos e repetitivos.
Assim, ele muda a forma como as pessoas veem e interagem com o mundo, o que pode ser confundido com outros transtornos de desenvolvimento ou de aprendizagem, como é o caso da dislexia.
Assim, muitas pessoas podem ficar com dúvidas sobre possíveis diagnósticos ou até mesmo achar que sempre existe uma relação direta entre dislexia e autismo, como se obrigatoriamente, a pessoa precise ter esses dois laudos.
Além disso, como os sinais podem ser parecidos, pessoas cuidadoras também podem ter dificuldades de entender as diferenças. Para ajudar, neste texto você vai aprender o que é dislexia e qual a sua relação com o TEA. Continue lendo para entender melhor!
O que é dislexia?
A dislexia é um transtorno de aprendizagem de origem neurobiológica, ou seja, que impacta diretamente os processos cerebrais relacionados à aprendizagem, como escrita, leitura e soletração.
Segundo a Associação Brasileira de Dislexia, esse transtorno está presente entre 5% a 17% da população mundial, podendo até mesmo impactar nas áreas visual e auditiva.
Assim, pessoas disléxicas também podem ter dificuldades em lembrar e processar as informações que veem ou ouvem, algo similar ao que falamos sobre autismo.
O principal impacto da dislexia é a criação de barreiras de aprendizagem no processo de alfabetização de uma pessoa. Quando falamos de dislexia, existem 3 tipos mais comuns:
- Dislexia visual: aqui as dificuldades maiores são em diferencial os lados direito e esquerdo e ter erros na leitura devido à má visualização de palavras;
- Dislexia auditiva: acontece quando existe uma dificuldade na percepção dos sons, o que também pode dificultar a fala;
- Dislexia mista: é a união dos tipos anteriores, fazendo com que a pessoa tenha dificuldades visuais e auditivas ao mesmo tempo.
Qual o comportamento de quem tem dislexia?
O que acontece no cérebro de uma pessoa com dislexia é que ele interpreta determinada palavra, frase ou até som, de uma forma diferente. Algo muito comum de acontecer é a leitura trocada de alguma palavra, onde a pessoa com dislexia não “enxerga” determinada letra e pula ela durante a leitura, confundindo com outra palavra.
Também é importante lembrar que existem diferentes “graus” de dislexia, que vão do leve, moderado e severo. Assim, quanto maior a dificuldade de uma pessoa em aprender esses processos, maior poderia ser seu “grau” do transtorno.
Os primeiros sinais de dislexia são vistos na primeira infância, que é quando a criança está iniciando o processo de alfabetização. Com isso, é possível ver alguns atrasos no desenvolvimento da linguagem.
Dificuldades em reconhecer diferentes sons das palavras, aprender palavras novas, fazer cópias do que está sendo passado e até aprender leitura e escrita, são comportamentos bastante comuns em pessoas disléxicas.
Outros sintomas que podem estar presentes são:
- Atraso no desenvolvimento da fala;
- Dificuldades em formar palavras corretas e trocar a ordem dos sons;
- Confundir palavras semelhantes;
- Erros na pronúncia com trocas, substituições, adições e mistura de fonemas;
- Dificuldades em nomear cores, números e letras;
- Erros na hora de reconhecer palavras, mesmo as usadas com frequência;
- Compreensão prejudicada de textos;
- Vocabulário reduzido;
- Leitura devagar ou incorreta conforme a idade e escolaridade;
- Erros de soletração e ortografia;
- Substituição, inversões ou omissão de letras e sílabas durante a escrita.
Apesar de ser algo diagnosticado com maior facilidade em crianças, é comum ver adultos sendo diagnosticados tardiamente.
Para isso, existem alguns comportamentos bastante comuns quando falamos de dislexia em adultos, como demorar muito tempo para ler um livro, saltar palavras, dificuldades em pensar o que escrever e realizar sequências mentais.
Quem tem dislexia tem autismo?
É muito comum que pessoas autistas também tenham outros diagnósticos como dislexia e TDAH, isso é o que chamamos de comorbidades. Mas isso não é uma regra, por isso, não significa que sempre que uma pessoa tenha dislexia ela tenha TEA, ou vice-versa.
Vimos que existem diversas semelhanças entre dislexia e autismo, o que pode confundir e até mesmo gerar dúvidas tanto em pessoas no espectro ou disléxicas, como em familiares.
Embora os dois transtornos envolvem dificuldades na aprendizagem e na comunicação, eles possuem suas diferenças. O principal é que a dislexia é um transtorno de aprendizagem, enquanto o autismo pode levar a transtornos de aprendizagem.
Crianças com dislexia e autismo têm padrões cognitivos, de memória e percepção distintos, embora possam enfrentar desafios acadêmicos semelhantes, como dificuldades na escrita.
Crianças com autismo podem ter dislexia ou “hiperlexia” – habilidade de ler precocemente e sem instrução formal. Muitas crianças autistas enfrentam desafios na compreensão da leitura, sendo essencial auxiliar no foco do entendimento do que está sendo lido.
Como saber se a criança com autismo tem dislexia?
Assim como no autismo, o diagnóstico de dislexia é feito de forma avaliativa pelo próprio especialista. Não existe nenhum tipo de exame ou procedimento que consiga detectar esse transtorno.
São feitas avaliações psicológicas e/ou psicopedagógicas, exames de audiometria, exames oftalmológicos e até mesmo avaliações e testes de desempenho cognitivo para conseguir fechar um diagnóstico.
Dessa forma, quando a família perceber alguns sinais comuns e notar atrasos no desenvolvimento da linguagem, é indicado procurar um profissional médico especialista, como neurologista ou fonoaudiólogo, para começar o processo avaliativo.
Em todo esse processo, é fundamental envolver uma equipe multidisciplinar de profissionais, incluindo psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e educadores, para fornecer um suporte integrado.
Adaptar as intervenções e estratégias de ensino são o melhor caminho para garantir que pessoas com transtornos possam desenvolver suas habilidades e ter um futuro com mais autonomia e independência.
Conclusão
Embora dislexia e autismo sejam transtornos distintos, elas podem coexistir, com dificuldades significativas de aprendizado para uma criança. Entender as diferenças e semelhanças entre esses transtornos é fundamental para desenvolver intervenções eficazes e oferecer o suporte necessário.
Com diagnóstico precoce, intervenções personalizadas e um ambiente de aprendizagem inclusivo, é possível ajudar crianças com dislexia e autismo a alcançar seu máximo potencial.
Para pais e profissionais da saúde, a chave está em buscar informações precisas, envolver-se ativamente no processo de intervenção e colaborar com uma equipe ampla para fornecer o melhor suporte possível.
Outro distúrbio neurológico bastante comum em pessoas com TEA é a apraxia da fala. Você já ouviu falar nele? Temos um conteúdo completo em nosso blog para você continuar aprendendo. Leia agora mesmo: