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Fonoaudiologia atendendo criança com possui transtornos motores da fala. Ambos apontam os dedos indicadores para a boca

O que são transtornos motores da fala? Saiba tudo sobre esse tema

Você já ouviu falar em transtornos motores da fala (TMF)? TMF são transtornos que impactam a capacidade de uma pessoa de coordenar os movimentos necessários para produzir sons da fala.

Isso porque, para transmitir uma mensagem por meio da fala, precisamos definir o conteúdo a ser passado, com isso, o cérebro então envia os comandos para a boca e os movimentos musculares devem acontecer no tempo-espaço adequado.

Quando existe um déficit nesta sequência decorrente de uma “incoordenação” dos movimentos necessários para falar, podemos estar diante de um transtorno motor da fala.

Neste artigo, vamos explicar o que são os transtornos motores da fala, suas características e como podem ser tratados. Confira!

O que são transtornos motores da fala?

Fono praticando CAA com criança. Isso faz parte do ensino de habilidades comunicativas.

Segundo a American Speech-Language-Hearing Association (ASHA), os transtornos motores da fala são dificuldades na coordenação e planejamento dos movimentos necessários para a produção da fala.

Um transtorno motor da fala pode ser considerado quando:

  • A produção da fala não ocorre como esperado, de acordo com a idade e o estágio de desenvolvimento da criança;
  • Há sinais de frustração ou ansiedade ao tentar se comunicar devido às dificuldades de fala;
  • Existe uma tendência a usar gestos ou expressões faciais para complementar ou substituir a fala.

Isso porque, a fala está relacionada às condições anatômicas e fisiológicas do corpo para produzir sons por meio de determinados órgãos, como a língua, os lábios, os dentes, as bochechas e até mesmo o fluxo de ar da respiração.

Para transmitir uma mensagem precisamos definir o conteúdo a ser passado, o cérebro então envia os comandos para a boca e os movimentos musculares devem acontecer no tempo espaço adequado, por isso a fala é definida como o ato motor que expressa a linguagem.

Quando algo atrapalha este ato motor, podemos estar diante de um transtorno motor da fala (TMF).

Crianças com transtornos motores da fala podem apresentar, substituições, omissões e distorções de sons da fala, posteriores à da idade aguardada para as superações destes erros.

Além disso, a inteligibilidade da sua fala geralmente está prejudicada e isso acontece porque a criança tem dificuldades relacionadas com o planejamento, a produção do movimento e/ou a organização dos sons da fala, além dos aspectos prosódicos, que envolvem o ritmo, a velocidade de fala, a entonação, entre outros.

Em outras palavras, podemos dizer que a criança tem intenção comunicativa e sabe exatamente o que precisa ser dito, mas regiões do cérebro não enviam adequadamente os comandos para as estruturas envolvidas na fala.

Os transtornos motores podem aparecer de forma isolada ou associado a outros transtornos do desenvolvimento, como nos casos das nossas crianças com TEA. Portanto, é muito importante falarmos sobre este tema, visto que o diagnóstico diferencial, além de muito importante, tem um impacto significativo no planejamento e evolução do caso.

Quais são os transtornos motores da fala?

Os transtornos motores da fala podem ser classificados em:

Apraxia de fala na infância (AFI)

É caracterizada pela falha no planejamento e/ou programação dos movimentos de fala.

Ou seja, a criança sabe o que quer comunicar, mas seu cérebro falha ao planejar e programar a sequência de movimentos/gestos motores da mandíbula, dos lábios, da língua e de outros articuladores, responsáveis por produzir os sons que formam sílabas, palavras e frases.

Por isso, nos casos de apraxia “puras”, ou seja, não associada a outros diagnósticos, é muito comum que a sua compreensão sobressaia a sua expressão.

Entre as principais características da afasia da fala temos:

  • Trocas inconsistentes na fala;
  • Tateio articulatório (tentativas de articular um som);
  • Erros de vogais;
  • Incoerência na sílaba tônica;
  • Ressonância nasofaríngea.

Atraso motor de fala (AMF)

É caracterizado por falha na execução neuromotora, atraso na maturação do sistema motor da fala, dificultando na precisão articulatória, estabilidade da fala, voz e prosódia.

Os critérios de avaliação ainda são por exclusão, sendo que o mais evidente é que tais crianças não atendem os critérios padrões para incluí-las nos quadros de Apraxia de Fala na Infância e Disartria.

Além disso, este atraso não é necessariamente um transtorno permanente, mas pode impactar o desenvolvimento da comunicação e linguagem se não for abordado adequadamente.

Entre as principais características do atraso motor de fala temos:

  • Dificuldade em controlar a abertura da mandíbula;
  • Deslizamento/lateralização da mandíbula durante a fala;
  • Dificuldade em protruir (colocar para fora) e retrair os lábios com precisão
  • Movimentos retraídos excessivos dos lábios superiores

Disartria infantil (DI)

É caracterizada por falhas nos mecanismos de execução da fala, constituem-se em distúrbios de fala que abrangem alteração do controle muscular devido a lesões neurológicas. Dentre as causas congênitas (presentes desde o nascimento) a principal causa é a Paralisia Cerebral.

Entre as principais características da disartria infantil temos:

  • Lentidão;
  • Fraqueza;
  • Imprecisão e incoordenação dos movimentos dos músculos da fala — Podendo levar a pobre regulação da intensidade vocal;
  • Capacidade respiratória reduzida (duração e número de sílabas);
  • Distorções de consoantes e vogais;
  • Erros de sonoridade (fonemas surdos x sonoros);
  • Uso compensatório de estruturas.

Por serem transtornos motores relacionados ao desenvolvimento da fala, o profissional qualificado para avaliar, diagnosticar e elaborar o plano de tratamento é o fonoaudiólogo.

Esse especialista deve ter experiência e conhecimento nas áreas de linguagem infantil, motricidade orofacial e distúrbios motores da fala.

Como é o tratamento dos transtornos motores da fala?

Fono tratando transtorno motores da fala de uma menina. No caso, Apraxia da fala (AFI)

A atuação fonoaudiológica junto aos TMF, tem o objetivo de avaliar, diagnosticar e tratar o transtorno por meio da elaboração de um plano terapêutico individual.

Uma avaliação multidisciplinar, e uma terapia fonoaudiológica diagnóstica para coletar os dados e observar as respostas da criança frente aos estímulos oferecidos pode ser necessária para um diagnóstico diferencial.

O tratamento dos transtornos motores da fala pretende auxiliar a programação dos órgãos fonoarticulatórios e o planejamento motor envolvido na fala, para obter a coarticulação precisa das palavras e frases, e assim efetivar a comunicação por este meio.

Alguns autores evidenciaram sucessos em intervenções utilizando os princípios da aprendizagem motora.

Pesquisas em torno dos princípios da aprendizagem motora descrevem oito princípios que facilitam a aquisição e a retenção das habilidades motoras, que são elas:

  1. Pré-Prática;
  2. Distribuição da prática;
  3. Número de tentativas;
  4. Esquema de prática;
  5. Variabilidade da prática;
  6. Frequência do feedback;
  7. Tipos de feedback e
  8. Momento do feedback.

Vale ressaltar também, que a literatura a respeito do tratamento AFI e AMF recomenda a prática intensiva de emissões-alvo como um componente essencial para o progresso da terapia. E evidenciam a importância de uma maior frequência de sessões terapêuticas. Enquanto no tratamento na disartria, o enfoque é nos subsistemas da fala – trato vocal, respiração, prosódia, ressonância, articulação.

O tratamento dos transtornos motores da fala exigem treinamento, repetição e persistência. Por isso é muito importante que toda a equipe se envolva no treino de palavras alvos, assim como a família.

5 dicas para ajudar pessoas com transtornos motores da fala

Ajudar uma pessoa com transtornos motores da fala envolve uma abordagem integral que inclui apoio emocional, avaliações e terapias específicas e criação de um ambiente de apoio e encorajamento contínuo.

Além disso, quando necessário, é importante considerar o uso da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), visto que crianças que têm dificuldades de se comunicar por meio da fala se beneficiam do uso de recursos de comunicação.

A colaboração com outros profissionais de saúde, como neurologistas, foniatras, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, pode ser essencial para abordar todas as necessidades do paciente e otimizar os resultados do tratamento.

Algumas dicas importantes que podem ajudar são:

  1. Seja paciente. Não desista de entender a criança, é muito frustrante saber o que se quer falar, mas não conseguir se expressar da forma que deseja.
  2. Lembre-se que o tratamento da AFI e do AMF exige treinamento, repetição e persistência. Foque em palavras alvos e engaje a equipe e família no treino de fala da criança.
  3. Incentive a família a fazer uma lista do vocabulário da criança, com palavras alvos baseada no contexto em que ela vive.
  4. Quando necessário, implemente o uso da Comunicação Aumentativa e Alternativa, crianças que têm dificuldades de se expressar pela fala se beneficiam do uso de sistemas de CAA. Lembre-se, a comunicação é multimodal!
  5. Converse com os professores e equipe escolar, informe-os sobre as dificuldades da criança, buscando incentivar o apoio e a aceitação dela em sala de aula.

Conclusão

Os transtornos motores da fala são complexos e exigem um tratamento intensivo e direcionado.

Identificar as características específicas de cada transtorno é fundamental para um diagnóstico preciso e um plano de intervenção eficaz.

Envolver toda a equipe e a família no processo terapêutico, bem como utilizar recursos de CAA, quando necessário, fará toda diferença no desenvolvimento da comunicação dessas crianças.

Se você quer saber mais sobre como lidar com transtornos motores da fala e outras questões relacionadas, confira nosso artigo sobre Comunicação Aumentativa e Alternativa e o segundo episódio do podcast “Podfalar, terapeuta!”,

Nele, a Victória Girão, fonoaudióloga, fala sobre diferentes tipos de transtornos do desenvolvimento, como, por exemplo, a apraxia da fala na infância:

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