Pesquisar
Neurodiversidade: crianças estão sentadas em um banco e observam um campo verde a frente delas

Neurodiversidade: o que é e relação com o autismo?

O termo neurodiversidade tem se popularizado muito nos últimos anos e sido usado cada vez mais, inclusive na comunidade do autismo. De uma forma resumida, movimentos ligados a esse conceito têm como principal objetivo reconhecer e respeitar as diferenças neurológicas que fazem parte da vida de muitas pessoas.

Assim, uma das primeiras relações entre a neurodiversidade e o autismo é justamente o fato do TEA não ser mais considerado uma doença e, portanto, não existir uma cura para esta condição. O mesmo ocorre com outros casos que incluem a neurodiversidade, como dispraxia, TDAH, síndrome de Tourette e outras.

Neste artigo, explicamos mais sobre como surgiu esse movimento, qual sua importância, qual sua com o autismo e os principais desafios da neurodiversidade no Brasil.

O que é neurodiversidade?

O primeiro registro de uso do termo “neurodiversidade” ocorreu em 1988. Nesta ocasião, a socióloga australiana Judy Singer, que também tinha o diagnóstico de Síndrome de Asperger, afirmou que uma conexão neurológica atípica não era o mesmo que uma doença a ser tratada ou curada.

Ao contrário disso, ela acreditava que essas diferenças humanas deveriam ser respeitadas. Essa visão era bem diferente daquela que pais e profissionais tinham anteriormente sobre a busca por uma possível cura para o autismo e outras condições. Mas apesar de Singer ter sido a primeira a usar o termo, a discussão sobre neurodiversidade acontecia bem antes.

Um exemplo disso é a atuação de Jim Sinclair, um homem no espectro do autismo que fundou uma associação chamada Autism Network International. Durante uma conferência sobre autismo em Toronto, no Canadá, ele se identificou como pessoa autista e criticou movimentos formados por pais.

Em um ensaio publicado anos mais tarde, Sinclair voltou a abordar a importância de se compreender o autismo como uma diferença a ser respeitada. Em suas palavras:

“Autismo é um jeito de ser. Não é possível separar a pessoa do autismo. […] Quando os pais dizem ‘gostaria que meu filho não tivesse autismo’, o que estão realmente dizendo é ‘gostaria que meu filho com autismo não existisse e eu tivesse uma criança diferente em seu lugar’”.

De acordo com registros históricos, a Autism Network International é a primeira sociedade norte-americana organizada por alguém com o diagnóstico de autismo. Antes disso, o ativismo da causa era exercido somente por pais.

Pessoas como Judy Singer e Jim Sinclair foram essenciais para dar força ao movimento pela neurodiversidade, que hoje foi adotado por diversas pessoas no espectro.

Neurodiversidade e autismo

Além do termo neurodiversidade ter sido usado pela primeira vez por uma pessoa no espectro do autismo, o crescimento dos movimentos ligados a esta ideia pelo mundo foram essenciais para criar uma relação com o TEA.

Para começar, pessoas autistas adotaram a ideia e o movimento como uma forma de ver suas diferenças entendidas e respeitadas. Exemplo disso é o fato do símbolo mais utilizado dentro da comunidade autista – formada apenas por pessoas no espectro – para representar o autismo ser o símbolo da neurodiversidade.

Bem diferente de simbologias escolhidas no passado para definir o autismo, como o quebra-cabeça e até mesmo a cor azul. Vale ressaltar que essa crítica de pessoas autistas aos símbolos antigos têm sido cada vez mais ouvidas por membros da comunidade do autismo – como pais, familiares e profissionais ligados à causa.

De modo geral, podemos dizer que um dos principais objetivos da comunidade autista é justamente conseguir incluir pessoas no espectro nas discussões que envolvem a causa. Graças aos movimentos pela neurodiversidade a presença de autistas em eventos sobre o tema e o aumento da relevância deles dentro da comunidade tem sido cada vez mais evidente.

Obviamente, esse movimento ainda encontra muitos desafios, especialmente no Brasil. Além disso, ativistas autistas ainda recebem muitas críticas quanto às suas atuações.

Principais críticas ao movimento pela neurodiversidade

De acordo com um artigo publicado por Tiago Abreu e Sophia Mendonça, ambos no espectro do autismo, no portal O mundo autista, o movimento de neurodiversidade no Brasil tem recebido muitas críticas. Algumas das principais citadas por eles são:

  1. Falta de delimitação do que seria apenas diversidade e o que seria uma diferença ruim;
  2. O fato da maior parte dos ativistas serem “autistas leves” e não possuírem as mesmas necessidades e demandas que autistas conhecidos como “moderados” ou “severos”;
  3. O movimento ser considerado excludente e autoritário;
  4. As críticas de ativistas do movimento à Análise do Comportamento Aplicada (ABA), por considerarem que ela “robotiza” a pessoa autista e busca excluir características como os comportamentos repetitivos (conhecidos como estereotipias ou stims);
  5. A forma como os ativistas se relacionam com a ciência. Defendendo, por vezes, práticas desacreditadas pela ciência como possíveis intervenções para o TEA.

Os desafios da neurodiversidade no Brasil

Diante disso tudo, é certo que o movimento pela neurodiversidade tem enfrentado muitos desafios no Brasil. Um dos principais têm relação com o mercado de trabalho. Isso porque empregadores ainda têm resistência em admitir em seu quadro de funcionários pessoas autistas.

Parte disso tem relação com as adaptações necessárias para que uma pessoa autista consiga exercer suas funções. Algumas delas são:

  • Uso de fones de ouvido antirruído para bloquear barulhos externos que podem ser incômodos;
  • Previsibilidade sobre tarefas e expectativas;
  • Clareza ao realizar pedidos e demandar atividade.

Além disso, pesquisadores entendem que para incluir funcionários neurodiversos nas empresas, é preciso que haja uma reformulação nos processos de seleção, recrutamento e desenvolvimento da carreira.

Pontos positivos de ter funcionários neurodiversos

Apesar destas dificuldades que o movimento pela neurodiversidade encontra, existem muitos benefícios de ter esses funcionários dentro das empresas. Uma pesquisa feita em 2016 pelo National Institute of Economic and Social Research (NIESR) afirma que profissionais neurodiversos podem demonstrar maior comprometimento e confiabilidade.

Segundo a publicação,  quando uma empresa adota políticas que visam incluir a neurodiversidade conquistam melhores resultados, entre eles:

  • Alta performance da equipe;
  • Bons índices de saúde organizacional.

Embora ainda exista um longo caminho a se seguir em prol da neurodiversidade, é preciso entender como esses movimentos têm crescido e ganhado relevância ao longo dos anos. Isso é real, principalmente quando falamos de ativistas autistas, que têm ganhado mais espaço dentro da comunidade.

Tudo isso é um lembrete de que pessoas autistas crescem, e têm muito a contribuir conosco. E se você deseja conhecer mais sobre o trabalho da Genial Care e como você pode se tornar um de nossos colaboradores, entre em contato através do site!

Conheça nosso atendimento para autismo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

1º lugar em medicina | Elizeu Você sabia que Elon Musk é autista? Autismo leve pode piorar? Mito ou verdade? Existe teste online para diagnosticar o autismo infantil? Direitos de pais com filhos com autismo Pondé afirma que autismo está no ‘hype’ e causa polêmica Uma Advogada Extraordinária: representatividade do autismo Autismo: Fui diagnosticada aos 60 anos e agora? Brinquedos para autismo: tudo que você precisa saber! AUTISMO e ASPERGER: 25 sinais de Autismo Infantil AUTISMO em ADULTOS: Quando e como saber? O Rol taxativo da ANS chegou ao fim? 5 brincadeiras para o Dia das Crianças Canabidiol no tratamento de autismo Outubro Rosa: 5 maneiras da mãe se cuidar Graus de autismo: Conheça quais são e como identificá-los 6 personagens autistas em animações infantis Estereotipias: o que são e quais as principais em pessoas autistas Diagnóstico de autismo: quais os próximos passos. Veja 5 dicas Quais os principais sinais de que meu filho tem autismo? Diagnóstico de autismo do meu filho. O que preciso fazer? Messi é autista? Veja porque essa fake news repercute até hoje Conheça os principais tratamentos para pessoas no espectro autista Hipersensibilidade: fogos de artifício e autismo. O que devo saber? 3 Animações que possuem personagens autistas | Férias Geniais 3 aplicativos que auxiliam na rotina de crianças autistas Déficit na percepção visual: Como a terapia ocupacional pode ajudar? Escala M-CHAT: saiba como funciona! Síndrome sensorial: conheça o transtorno de Bless, filho de Bruno Gagliasso Dia do cinema nacional: conheça a Sessão Azul Meu filho foi diagnosticado com autismo, e agora? Diagnóstico tardio de autismo: conheça a caso do cantor Vitor Fadul 7 passos para fazer o relatório descritivo da criança com autismo 10 anos da Lei Berenice Piana: veja os avanços que ela proporcionou Park Eun-Bin: descubra se a famosa atriz é autista Síndrome de Tourette: entenda o que aconteceu com Lewis Capaldi Ecolalia: definição, tipos e estratégias de intervenção Dia da escola: origem e importância da data comemorativa Neuropediatra especializado em autismo e a primeira consulta Brendan Fraser e seu filho Griffin Nova temporada de “As Five” e a personagem Benê Show do Coldplay: momento inesquecível para um fã no espectro Como a fonoaudiologia ajuda crianças com seletividade alimentar? Prevalência do autismo: CDC divulga novos dados Como ajudar crianças com TEA a treinar habilidades sociais? Neurodivergente: Saiba o que é e tire suas dúvidas Símbolos do autismo: Veja quais são e seus significados Eletroencefalograma e autismo: tudo que você precisa saber Autismo e TDAH: entenda o que são, suas relações e diferenças Diagnóstico tardio de autismo: como descobrir se você está no espectro? Autismo e esteriótipos: por que evitar associar famosos e seus filhos Tem um monstro na minha escola: o desserviço na inclusão escolar Conheça a rede Genial para autismo e seja um terapeuta de excelência MMS: entenda o que é o porquê deve ser evitada Autismo e futebol: veja como os torcedores TEA são representados Diagnóstico tardio da cantora SIA | Genial Care 5 informações que você precisa saber sobre o CipTea Cordão de girassol: o que é, para que serve e quem tem direito Sinais de autismo na adolescência: entenda quais são 18/06: dia Mundial do orgulho autista – entenda a importância da data Sala multissensorial em aeroportos de SP e RJ Por que o autismo é considerado um espectro? 5 formas Geniais de inclusão para pessoas autistas por pessoas autistas 3 atividades de terapia ocupacional para usar com crianças autistas Como aproveitar momentos de lazer com sua criança autista? Masking no autismo: veja porque pessoas neurodivergentes fazem Como fazer um relatório descritivo? Lei n°14.626 – Atendimento Prioritário para Pessoas Autistas e Outros Grupos Como é para um terapeuta trabalhar em uma healthcare? 5 livros e HQs para autismo para você colocar na lista! 5 atividades extracurriculares para integração social de crianças no TEA Dicas de como explicar de forma simples para crianças o que é autismo Nova lei aprova ozonioterapia em intervenções complementares Autismo e plano de saúde: 5 direitos que as operadoras devem cobrir Parece autismo, mas não é: transtornos comumente confundidos com TEA 3 séries sul-coreanas sobre autismo pra você conhecer! Irmãos gêmeos tem o mesmo diagnóstico de autismo? Quem é Temple Grandin? | Genial Care Rasgar papel tem ligação com o autismo? O que é rigidez cognitiva? O que é discalculia e qual sua relação com autismo? Conheça o estudo retratos do autismo no Brasil 2023 | Genial Care Letícia Sabatella revela ter autismo: “foi libertador” Educação inclusiva: debate sobre acompanhantes terapêuticos para TEA nas escolas Emissão de carteira de pessoa autista em 26 postos do Poupamento Se o autismo não é uma doença, por que precisa de diagnóstico? Como conseguir laudo de autismo? CAA no autismo: veja os benefícios para o desenvolvimento no TEA Como a Genial Care realiza a orientação com os pais? Como é ser Genial: Mariana Tonetto Terapeuta Ocupacional no autismo: entenda a importância para o TEA Como é ser um fonoaudiólogo em uma Healthtech Genial Care Academy: conheça o núcleo de capacitação de terapeutas Tramontina cria produto inspirado em criança com autismo Síndrome de asperger e autismo leve são a mesma coisa? Jacob: adolescente autista, que potencializou a comunicação com a música! Dia das Bruxas | 3 “sustos” que todo cuidador de uma criança com autismo já levou Conheça mais sobre a lei que cria “Centros de referência para autismo” 3 torcidas autistas que promovem inclusão nos estádios de futebol Como usamos a CAA aqui na Genial Care?