Pesquisar
Dias
Horas
Min
Dias
Horas
Min
Menina com síndrome de down é parque com brinquedos

Capacitismo: o que é, como isso afeta pessoas autistas e como combatê-lo

Você já ouviu falar em capacitismo? Esse termo é usado para representar o preconceito com Pessoas com Deficiências (PCDs), e tem gerado muitas discussões nas redes sociais.

Segundo o Censo Demográfico do IBGE de 2022, o Brasil tem cerca de 18,9 milhões de pessoas com deficiência, representando 8,9% da população acima de dois anos.

Embora o autismo seja considerado deficiência apenas para efeitos legais, pessoas autistas também sofrem com o capacitismo diariamente. A falta de compreensão sobre as diferenças neurológicas e sensoriais associadas ao autismo reforça o capacitismo, tornando fundamental a criação de ambientes inclusivos e acessíveis para todos.

Assim, para indivíduos autistas, essa discriminação pode ser ainda mais invisibilizada, já que muitas vezes suas necessidades e desafios são desconsiderados. Esse preconceito estrutural impacta diversas esferas da sociedade, dificultando a luta por igualdade de direitos e inclusão social.

Neste artigo, exploraremos o que é o capacitismo, sua relação com o autismo e discutiremos como combater e sensibilizar a sociedade a respeito desse problema.

O que é capacitismo?

O capacitismo é um tipo de preconceito ou discriminação que acontece quando as pessoas tratam aquelas com deficiências de maneira injusta, desrespeitosa ou inferior. Ele é feito por meio de uma crença de que pessoas com deficiência são menos capazes, ou tem menos valor, do que pessoas sem deficiência.

Esse preconceito pode se manifestar de diferentes formas, como:

  • Exclusão de pessoas com deficiência em espaços públicos;
  • Falta de acessibilidade em serviços;
  • Imposição de padrões de comportamento que não consideram suas necessidades específicas;
  • Uso de palavras ou ações que fazem com que as pessoas com deficiências se sintam menos importantes ou ignoradas.

Muitas vezes, o capacitismo é enraizado em estereótipos e ideias equivocadas sobre as capacidades das pessoas com deficiências. Esses estereótipos podem levar à exclusão social, falta de acessibilidade a espaços públicos e empregos, e até à falta de acesso a cuidados de saúde adequados.

O que é uma pessoa capacitista?

Menina sofrendo capacitismo de seus amigos de escola

Uma pessoa capacitista é alguém que mantém atitudes, crenças ou comportamentos discriminatórios, ou preconceituosos em relação às pessoas com deficiências. O capacitismo é o preconceito que leva a essas atitudes. Portanto, uma pessoa capacitista pode:

  • Manifestar preconceito: isso pode incluir fazer comentários depreciativos, zombar ou menosprezar as habilidades das pessoas com deficiências.
  • Negar oportunidades: recusar empregos, educação ou acesso a serviços com base na deficiência da pessoa, em vez de avaliar suas habilidades e qualificações.
  • Faltar empatia: não tentar entender as lutas ou desafios enfrentados por pessoas com deficiências e, consequentemente, não demonstrar empatia ou apoio.
  • Promover estereótipos: perpetuar estereótipos negativos sobre pessoas com deficiências, ignorando a diversidade de experiências e capacidades dentro desse grupo.
  • Não priorizar acessibilidade: negligenciar ou resistir à implementação de medidas de acessibilidade que tornariam a vida mais fácil e igualitária para as pessoas com deficiências.
  • Usar linguagem ofensiva: empregar linguagem ofensiva ou termos pejorativos para se referir a pessoas com deficiências, contribuindo para a marginalização e o estigma.

Quais são as expressões capacitistas?

Uma das maneiras pelas quais o capacitismo se manifesta é através da linguagem, como o uso de palavras ofensivas ou expressões depreciativas.

Além disso, atitudes condescendentes ou piedosas em relação às pessoas com deficiências também são formas de capacitismo.

Existem alguns termos capacitistas que caíram no “uso popular”, como:

  • Dizer que alguém é cego porque não te cumprimentou na rua;
  • Chamar uma pessoa de “joão sem braço” após ela pedir ajuda com algo;
  • Dizer que uma pessoa “é autista” por causa de algum comportamento dela;
  • Você nem parece autista!
  • Todo mundo é um pouco autista!
  • Você só precisa tentar se encaixar;

É importante ressaltar que o capacitismo, como qualquer forma de preconceito, é prejudicial e injusto.

A conscientização sobre o capacitismo e o esforço para combater essas atitudes discriminatórias são fundamentais para promover a igualdade, a inclusão e o respeito por todos, independentemente de suas capacidades físicas ou mentais.

Para explicar mais sobre o capacitismo e como ele afeta pessoas com autismo, convidamos Lucas Pontes, criador da página do Instagram @lucas_atipico, estudante de psicologia e ativista no espectro autista, para uma visão mais real de uma pessoa autista.

Como o capacitismo afeta pessoas com autismo?

O capacitismo direcionado a pessoas com Transtorno do Espectro Autista é uma forma específica de discriminação que surge da falta de compreensão sobre o autismo. Assim, o capacitismo no autismo impacta diretamente a vida das pessoas no espectro das mais diversas formas.

Um estudo de 2023 trouxe mais detalhes sobre como o capacitismo e suas formas de opressão acontecem nas ações do dia a dia das pessoas. O autor afirma que acesso às informações, conhecimento e respeito, é fundamental para diminuir preconceitos e comportamentos discriminatórios.

Muitas vezes, as dificuldades sensoriais e de comunicação enfrentadas por pessoas autistas são ignoradas, e espera-se que elas se adaptem ao mundo neurotípico, sem que a sociedade ofereça suporte ou adaptação.

Por exemplo, em uma sala de aula, uma criança autista pode ter dificuldade em lidar com ruídos altos ou luzes fortes, mas se a escola não oferece adaptações, como um ambiente sensorialmente adequado, isso é uma forma de capacitismo.

Da mesma forma, no mercado de trabalho, a falta de flexibilidade para permitir que uma pessoa autista trabalhe em um ambiente tranquilo ou com menos interação social pode ser um exemplo de capacitismo.

Um dos principais e mais problemáticos fatores é que este preconceito está muito presente entre os profissionais da saúde e educação e faz com que muitos autistas não sejam diagnosticados ou recebam o diagnóstico tardiamente.

O capacitismo, somado à falta de competência de muitos, faz com que profissionais, como neurologistas, psicólogos e psiquiatras, invalidam e descartam a possibilidade do diagnóstico de autismo a partir de preconceitos e mitos.

A ideia de que autistas são todos iguais, não possuem empatia e são totalmente dependentes é parte do capacitismo de profissionais que causa um mal imensurável a muitos autistas.

Além do meio profissional, o capacitismo também está no senso comum, nas famílias e em toda sociedade. Está na ideia de que são anjos ou monstros, mas nunca humanos.

Por não aceitarem a diversidade humana, denominam de anjos aqueles que são diferentes. Acreditam que todos os autistas são puros, não mentem e estão na terra apenas para trazer ensinamentos para os demais.

Como combater o capacitismo?

Para combater o capacitismo, é necessário um esforço tanto individual quanto coletivo. Alguns pontos são fundamentais nesse sentido:

  • Educação e conscientização: a educação é uma das formas mais eficazes de reduzir preconceitos e aumentar a empatia. Programas de sensibilização sobre neurodiversidade em escolas e locais de trabalho podem ajudar a desconstruir estereótipos e promover uma cultura mais inclusiva.
  • Adaptações sensoriais: Tornar os espaços mais acessíveis para pessoas autistas, oferecendo ambientes sensorialmente ajustados, pode ter um impacto significativo na qualidade de vida dessas pessoas.
  • Suporte emocional e psicológico: oferecer apoio às famílias e aos próprios autistas pode ajudar a enfrentar o estresse associado ao capacitismo. O autocuidado e a autocompaixão são práticas importantes para lidar com as demandas sociais e o mascaramento de comportamentos autistas.
  • Legislação: implementar e fazer cumprir leis que protejam os direitos das pessoas com deficiência é fundamental. A denúncia de práticas capacitistas e a busca por reparação legal são passos importantes para responsabilizar instituições que perpetuam a discriminação.

Dicas para os profissionais ajudarem familiares desconstruir preconceitos

Menino aprendendo sobre capacitismo com sua professora

Devido a esse preconceito, que é estrutural, faz-se necessário que profissionais da área da saúde e educação, ajudem na luta anti capacitista.

Podem fazer isso ao incentivarem a escuta e a leitura de conteúdos feitos por pessoas com deficiências, compreendendo o devido lugar de fala e analisando em si o capacitismo, a fim de desconstruí-lo.

Outro ponto importante, é a necessidade de presumir competência. Trata-se de uma conduta respeitosa, que infere competência e não incompetência das pessoas com deficiência.

Presumem incompetência, por exemplo, quando não falam diretamente com a pessoa autista, por acreditarem que ela não será capaz de entender, ou tratam um adulto com deficiência como se ele fosse uma criança.

Conclusão

Em um mundo que promove a igualdade e a inclusão, a conscientização sobre o capacitismo desempenha um papel fundamental. Reconhecer a existência desse preconceito e seus impactos é o primeiro passo para promover uma sociedade mais justa e respeitosa.

O capacitismo, que se manifesta por meio de atitudes discriminatórias, estereótipos prejudiciais e a falta de acessibilidade, impacta a vida de inúmeras pessoas, especialmente aquelas no espectro autista.

Este preconceito pode levar a diagnósticos tardios, tratamentos inadequados e à perpetuação de mitos prejudiciais.

É fundamental que profissionais da saúde e educação desempenhem um papel ativo na desconstrução do capacitismo, ouvindo as vozes daqueles que vivenciam essas realidades e se esforçando para presumir competência em vez de incompetência.

Ao ler e aprender com pessoas como Lucas, damos um passo em direção a um mundo mais inclusivo, onde o capacitismo é combatido e onde todos, independentemente de suas capacidades físicas ou mentais, são tratados com respeito e dignidade.

Vamos abraçar a diversidade e trabalhar juntos para superar preconceitos, tornando nossa sociedade um lugar melhor para todos.

Continue no nosso blog para ler mais sobre mitos do autismo e outros conteúdos importantes.

Leia sobre mitos do autismo

Conheça nosso atendimento para autismo

Esse artigo foi útil para você?

Bradesco Saúde: novo plano de saúde parceiro da Genial Care Apraxia da fala: como ela impacta pessoas autistas? 4 Sinais de AUTISMO em bebês 13/10: dia do terapeuta ocupacional Dia mundial da Saúde Mental Jornada da Terapia Ocupacional – Integração Sensorial 29/10 – ONLINE Debate sobre neurodivergência na Alesp: veja como foi 21/09: Luta Nacional das Pessoas com Deficiências (PCDs) Rock in Rio: sala sensorial para pessoas autistas e com deficiências ocultas Omint: novo plano de saúde parceiro da Genial Care O que é rigidez cognitiva? Como usamos a CAA aqui na Genial Care? Dia do Psicólogo: entenda a importância do profissional no autismo Psicomotricidade: saiba o que é e qual sua relação com Autismo 3 séries sul-coreanas sobre autismo pra você conhecer! 5 atividades extracurriculares para integração social de crianças no TEA Existe reembolso para autismo pelo plano de saúde? Como ajudar crianças com TEA a treinar habilidades sociais? Câmara aprova projeto que visa contratação de pessoas autistas O que é Integração sensorial de Ayres? Olimpíadas 2024: conheça a história e atletas com TEA Dia Mundial de Conscientização da Síndrome do X Frágil Dia Nacional do Futebol: inclusão e emoções das pessoas com TEA Se o autismo não é uma doença, por que precisa de diagnóstico? Aprovado Projeto de Lei que obriga SUS aplicar a escala M-CHAT em crianças de 2 anos Dia mundial do Rock: conheça 5 bandas com integrantes autistas Como aproveitar momentos de lazer com sua criança autista? Senado: debate público sobre inclusão educacional de pessoas com TEA Emoções no autismo: saiba como as habilidades emocionais funcionam Dia do cinema nacional: conheça a Sessão Azul Por que precisamos do Dia do Orgulho Autista? Conheça o estudo retratos do autismo no Brasil 2023 | Genial Care Dia Mundial do Meio Ambiente: natureza e a interação de crianças TEA Pessoas com TEA tem direito ao Benefício de prestação continuada (BPC)? Cássio usa camiseta com número em alusão ao Autismo Marcos Mion visita abrigo que acolhe pessoas autistas no RS Existem alimentos que podem prejudicar a saúde de pessoas autistas? Escala M-CHAT fica de fora da Caderneta da Criança O que são níveis de suporte no autismo? Segunda temporada de Heartbreak High já disponível na Netflix Símbolos do autismo: Veja quais são e seus significados Dia Mundial de Conscientização do Autismo: saiba a importância da data Filha de Demi Moore e Bruce Willis revela diagnóstico de autismo Brinquedos para autismo: tudo que você precisa saber! Dia internacional das mulheres: frases e histórias que inspiram Meltdown e Shutdown no autismo: entenda o que significam Veja o desabafo emocionante de Felipe Araújo sobre seu filho autista Estádio do Palmeiras, Allianz Parque, inaugura sala sensorial Peça teatral AZUL: abordagem do TEA de forma lúdica 6 personagens autistas em animações infantis Canabidiol no tratamento de autismo Genial Care recebe R$ 35 milhões para investir em saúde atípica Autismo e plano de saúde: 5 direitos que as operadoras devem cobrir Planos de saúde querem mudar o rol na ANS para tratamento de autismo Hipersensibilidade: fogos de artifício e autismo. O que devo saber? Intervenção precoce e TEA: conheça a história de Julie Dutra Cezar Black tem fala capacitista em “A Fazenda” Dia do Fonoaudiólogo: a importância dos profissionais para o autismo Como é o dia de uma terapeuta ocupacional na rede Genial Care? O que é rigidez cognitiva? Lei sugere substituição de sinais sonoros em escolas do Rio de janeiro 5 informações que você precisa saber sobre o CipTea Messi é autista? Veja porque essa fake news repercute até hoje 5 formas Geniais de inclusão para pessoas autistas por pessoas autistas Emissão de carteira de pessoa autista em 26 postos do Poupamento 3 torcidas autistas que promovem inclusão nos estádios de futebol Conheça mais sobre a lei que cria “Centros de referência para autismo” Como a Genial Care realiza a orientação com os pais? Dia das Bruxas | 3 “sustos” que todo cuidador de uma criança com autismo já levou Jacob: adolescente autista, que potencializou a comunicação com a música! Síndrome de asperger e autismo leve são a mesma coisa? Tramontina cria produto inspirado em criança com autismo Como a fonoaudiologia ajuda crianças com seletividade alimentar? Genial Care Academy: conheça o núcleo de capacitação de terapeutas Como é ser um fonoaudiólogo em uma Healthtech Terapeuta Ocupacional no autismo: entenda a importância para o TEA Como é ser Genial: Mariana Tonetto CAA no autismo: veja os benefícios para o desenvolvimento no TEA Cordão de girassol: o que é, para que serve e quem tem direito Como conseguir laudo de autismo? Conheça a rede Genial para autismo e seja um terapeuta de excelência Educação inclusiva: debate sobre acompanhantes terapêuticos para TEA nas escolas Letícia Sabatella revela ter autismo: “foi libertador” O que é discalculia e qual sua relação com autismo? Rasgar papel tem ligação com o autismo? Quem é Temple Grandin? | Genial Care Irmãos gêmeos tem o mesmo diagnóstico de autismo? Parece autismo, mas não é: transtornos comumente confundidos com TEA Nova lei aprova ozonioterapia em intervenções complementares Dicas de como explicar de forma simples para crianças o que é autismo 5 livros e HQs para autismo para você colocar na lista! Como é para um terapeuta trabalhar em uma healthcare? Lei n°14.626 – Atendimento Prioritário para Pessoas Autistas e Outros Grupos Como fazer um relatório descritivo? 7 mitos e verdades sobre autismo | Genial Care Masking no autismo: veja porque pessoas neurodivergentes fazem 3 atividades de terapia ocupacional para usar com crianças autistas Por que o autismo é considerado um espectro? Sala multissensorial em aeroportos de SP e RJ