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A amizade é algo fundamental na vida humana, para todas as pessoas. É por meio dos laços afetivos que conseguimos entender melhor quem somos, tendo apoio emocional, crescimento pessoal e um senso de pertencimento.
No entanto, quando falamos sobre amizade no autismo, isso pode ser um pouco mais dificultoso. Isso porque, para pessoas no espectro, fazer e manter amizades pode ser um desafio.
O tema amizade e autismo é algo complexo e muito singular. Quem nunca ouviu sobre o estereótipo de que pessoas autistas são solitárias e fechadas no seu próprio mundo? Apesar das dificuldades na interação social serem algo comum no TEA, pessoas autistas têm amigos e conseguem manter amizades à sua maneira.
Neste artigo vamos falar sobre as possíveis dificuldades que pessoas autistas enfrentam ao tentar fazer amigos, a importância de construir laços sociais, além de dicas e estratégias que podem ajudar nesse momento. Acompanhe!
Entendendo o autismo e a socialização
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social e pela presença de padrões de comportamentos restritos e repetitivos.
Dessa forma, as pessoas autistas podem ter dificuldades em entender as normas sociais e interpretar pistas sociais, o que pode tornar a socialização um desafio.
Isso porque, um dos aspectos mais comuns apresentados por pessoas no espectro é um déficit, em maior ou menor grau, em um conjunto de comportamentos sociais.
Esses déficits, se não aprimorados, podem causar dificuldades em muitas áreas da vida, como, por exemplo: nas relações sociais, nas habilidades acadêmicas e na inclusão do mercado de trabalho.
E para que essa socialização aconteça quando falamos de amizade no autismo, ou outras relações pessoais, é necessário existir um treino de habilidades sociais.
Principalmente porque pessoas autistas frequentemente precisam de mais tempo e prática para desenvolver habilidades sociais que são naturalmente aprendidas por seus pares neurotípicos.
Isso pode incluir a habilidade de iniciar e manter conversas, entender a perspectiva do outro e interpretar expressões faciais e tons de voz.
Em nosso blog já temos um conteúdo completo sobre como trabalhar as habilidades sociais no autismo e métodos para esse treino. Vale a pena ler para aprender sobre.
Autista gosta de ter amigos?
Ninguém gosta de ficar sozinho a vida toda. O que acontece é que as pessoas gostam mais ou menos de socializar, sejam elas típicas ou atípicas. Além disso, temos maneiras diferentes de fazer e manter amizades.
Uma pessoa pode gostar de ir em shows, enquanto outra prefere ir em lugares mais calmos. Para algumas pessoas a frequência constante dos encontros com amigos é melhor, já para outras, é mais confortável encontrar em menos momentos.
Isso não significa que alguém gosta menos ou mais de seus amigos, ou de fazer amizades. Cada pessoa é única e tem suas características, vontades e necessidades, e isso precisa ser respeitado.
Dessa forma, respondendo à pergunta, sim, muitas pessoas autistas gostam de ter amigos e desejam conexões sociais significativas.
O que acontece é que como elas experimentam e demonstram esse desejo pode ser diferente das pessoas neurotípicas. E precisamos encontrar formas de deixar todos no ciclo de amizade, confortáveis com as relações.
Mesmo que o contato seja mais difícil ou precise de mais tempo para acontecer, a socialização é fundamental para pessoas com TEA.
Mas é que são tantos estímulos sensoriais, cognitivos e emocionais que ele acaba se fechando, não necessariamente porque ele quer que seja assim.
Como funciona a amizade no autismo?
Embora possa existir uma variação de pessoas para pessoa, muitos autistas querem fazer amigos e valorizar suas relações sociais. Elas podem, no entanto, enfrentar desafios devido a dificuldades de comunicação e entendimento das normas sociais.
Assim, a amizade no autismo pode funcionar de maneira diferente das amizades entre pessoas neurotípicas, mas ainda é baseada em princípios de apoio mútuo, confiança e interesses compartilhados.
É importante entender que pessoas autistas podem precisar de mais tempo ou suporte para determinadas ações do dia a dia, e podem ter maior dificuldade com os estímulos sensoriais do ambiente.
Assim, como em qualquer relação de amizade, o fundamental é perguntar o quão confortável a pessoa está em cada situação e ter a consciência de que pode precisar de um pouco mais de tempo para as coisas acontecerem.
Existem alguns elementos que podem auxiliar na construção da amizade no autismo, como:
- Interesses comuns: muitas amizades no espectro autista são baseadas em interesses comuns intensos. Atividades como jogos, hobbies e interesses acadêmicos podem servir como um ponto de conexão. Aqui, o hiperfoco de uma pessoa pode ser uma excelente oportunidade de começar e construir uma amizade, seja entre pessoas autistas ou pessoa autista e pessoa neurotípica.
- Comunicação direta: pessoas autistas preferem geralmente a comunicação direta e clara. Elas podem não entender bem as nuances da comunicação indireta, como sarcasmo ou linguagem figurada. Por isso, ter em mente o repertório de cada pessoa e suas barreiras de aprendizado pode ser uma maneira de garantir o entendimento da comunicação.
- Tempo e espaço pessoais: muitas pessoas autistas precisam de mais tempo e espaço pessoal para recarregar após interações sociais. A famosa bateria social, sabe? Pode ser que uma pessoa no espectro precise ficar mais isolada em determinados momentos e tudo bem, isso não significa que não exista espaço para amizade.
- Ambientes sensoriais: ambientes sociais podem ser sobrecarregantes devido à sensibilidade sensorial. Assim, é importante pensar em quais são os ambientes que deixam as pessoas mais confortáveis para ter essa troca entre amigos. Escolher opções que combinem mais, pode ser benéfico.
3 Dicas que podem ajudar na formação de amizades no autismo
A construção da amizade no autismo pode ser extremamente importante no apoio emocional e social. Desde criança, na escola e até mesmo em adultos autistas, no trabalho, é importante encontrar maneiras de construir esses laços afetivos na relação de amizade.
Antes de entrarmos na dica, é muito importante que pessoas autistas e familiares lembre-se de que ninguém precisa mudar quem é para fazer amigos. As pessoas no espectro devem continuar sendo elas mesmas e encontrar outras pessoas que compartilhem de seus gostos e interesses.
Também não existe uma quantidade certa de amigos. O importante aqui não é a quantidade, mas sim a qualidade. Amizades duradouras e sinceras, que consigam entender momentos de dificuldade, são fundamentais para auxiliar no desenvolvimento de cada indivíduo.
Programas de treinamento de habilidades sociais podem ser extremamente benéficos. Esses programas ensinam habilidades como fazer perguntas, manter contato visual e interpretar sinais sociais.
1. Criar Ambientes Sociais Seguros
Proporcionar ambientes controlados e previsíveis pode ajudar a reduzir a ansiedade social. Atividades estruturadas e grupos pequenos são ideais. Também é importante entender o repertório da pessoa e quais são seus gostos.
Lugares em que ela já se sente confortável e segura podem ser bons ambientes para ter essa troca social entre amigos.
2. Encorajar interações positivas
Pais e educadores desempenham um papel fundamental na troca e construção de amizade no autismo ao encorajar e facilitar interações sociais positivas.
Isso pode incluir agendar brincadeiras supervisionadas e ajudar a mediar conflitos. Aqui pode ser ótimo usar de histórias sociais para encontrar essas interações saudáveis, já que essas narrativas ajudam a descrever situações e comportamentos esperados.
Nossa especialista no assunto já escreveu um texto sobre as histórias sociais e sua importância no autismo. Que tal ler agora mesmo?
3. Compartilhar interesses em comum
Inscreva a criança ou o adolescente em clubes, ou grupos que compartilhem seus interesses. Pode ser algo relacionado a jogos, leitura, tecnologia ou qualquer outro hobby que eles gostem e faça parte do seu dia a dia.
Esses ambientes proporcionam uma base comum para iniciar conversas e construir relacionamentos. Usar hiperfoco ou reforçadores comuns aqui pode ser uma boa iniciativa, já que isso ajuda a estimular e engajar essa participação.
Conclusão
Fazer amizade no autismo pode ser uma tarefa um pouco mais difícil e demorada, mas não impossível. Com as estratégias e orientação correta, tanto pais, familiares, profissionais e pessoas autistas podem aumentar os laços de amizade.
O mais importante é lembrar que não existe um jeito certo ou errado de fazer amigos e tudo bem precisar de mais ou menos tempo para determinadas ações. A amizade é um espaço que você pode ser sincero sobre seus sentimentos e desconfortos, e que te ajuda a crescer.
Conversar com crianças sobre o que é o autismo e como elas podem ser boas amigas de crianças autistas, pode ser um ótimo caminho para permitir que as relações sejam cada vez mais saudáveis.
Se você deseja saber como explicar de forma simples, o autismo para uma criança e auxiliar na construção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa, leia o conteúdo a seguir agora mesmo: