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Você sabe o que é atenção compartilhada? Assim como o nome já diz, ela acontece quando duas pessoas compartilham a atenção para um mesmo objeto ou uma mesma conversa, por exemplo. Essa atenção pode ocorrer por meio de palavras, por olhares, gestos, ou quando alguém aponta ou indica algo.
Você sabe o que é atenção compartilhada, ou AC? Assim como o nome já diz, ela acontece quando duas pessoas compartilham a atenção para um mesmo objeto ou uma mesma conversa, por exemplo. Essa atenção pode ocorrer por meio de palavras, por olhares, gestos, ou quando alguém aponta ou indica algo.
A atenção compartilhada contribui com a comunicação e a aprendizagem. É por meio dela que a criança consegue desenvolver suas habilidades cognitivas e de interação com o mundo.
No entanto, alguns autistas possuem dificuldades ao tentarem se comunicar dessa forma. Por isso, neste artigo, vamos falar sobre a atenção compartilhada e a importância de estimulá-la em pessoas com TEA.
O que é atenção compartilhada?
A atenção compartilhada (AC) é definida como a habilidade de coordenar a atenção entre duas pessoas em relação a uma terceira direção – objeto e/ou pessoas – com o propósito de compartilhar uma experiência em comum.
Alguns estudos destacam que a AC parece surgir, de forma mais clara, entre os 9 e 14 meses de idade, estabilizando-se em torno dos 18 meses. Entretanto, esse período pode variar de acordo com:
- O nível de desenvolvimento social, comunicativo e cognitivo da criança;
- O nível de maturação neurobiológica infantil;
- A qualidade da interação cuidador-criança;
- Os aspectos culturais.
A intencionalidade da criança é o núcleo da habilidade de AC e expressa inicialmente por meio de gestos como:
- Apontar;
- Mostrar e dar objetos;
- Alternar olhares – entre objetos e a face de outra pessoa.
Porém, é preciso lembrar que esses gestos podem ter outro objetivo, como um pedido de ajuda, por exemplo, e devem ser diferenciados da AC. Pedir para a mãe pegar um copo, é diferente de apontar, olhar, balançar a cabeça ou focar em um objeto para alertar os pais da existência dele (exemplo: apontar para um cachorro à distância).
Fases da AC
De acordo com os especialistas em desenvolvimento, a atenção compartilhada pode ser dividida em três níveis, os quais variam a complexidade de acordo com o crescimento da criança. São eles:
- Atenção Compartilhada Focada: ocorre entre os três e seis meses do bebê. Nessa fase, adulto e criança olham para o mesmo objeto sem executar uma interação;
- Atenção Compartilhada Diádica: pais e filhos usam da expressão facial, gestos e até palavras quando olham para o mesmo objeto. Essa atitude é importante para o desenvolvimento da imitação facial e as primeiras interações;
- Atenção Compartilhada Triádica: nessa fase, é esperado que a criança já tenha habilidades cognitivas e linguísticas. Assim, tanto os pais quanto o filho interagem com o objeto com a consciência de que estão envolvidos na interação e conseguem se comunicar por gestos, palavras, olhares, etc.
Atenção compartilhada e TEA
Sem as habilidades da Atenção Compartilhada, pode ser difícil para a criança autista desenvolver relacionamentos – ou interagir – com a família e colegas, pois são habilidades relacionadas com interações sociais com pessoas ao redor.
Geralmente quem percebe a dificuldade da criança são os pais e/ou cuidadores, que notam em interações do dia a dia, por exemplo: a criança autista pode não conseguir focar em um jogo, ou pedir para brincar com um brinquedo específico – ela não demonstra interesse nessas atividades.
Outro fator, é que, geralmente, a criança com TEA também não conseguem esticar o braço para pedir colo, ou prestar atenção em um livro quando lido por ela mesma ou por uma segunda pessoa.
Para desenvolver a atenção compartilhada, é preciso ocorrer uma interação social, contato visual e o compartilhamento de emoções e experiências. E as pessoas com o Transtorno do Espectro do Autismo necessitam de ajuda para desenvolver essas habilidades.
Intervenção ABA e a AC
A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é uma ciência da aprendizagem que, quando utilizada como embasamento para o atendimento de pessoas com transtornos do desenvolvimento como, por exemplo, TEA, foca em promover o ensino de novas habilidades e lidar com comportamentos desafiadores.
Antes de optar por essa intervenção para a criança com TEA, é feito uma avaliação individual para definir as melhores técnicas e estratégias, tudo isso baseado na singularidade de cada criança.
Dentro da ABA no autismo, os profissionais pode vir a intervir:
- No ensino de habilidades socialmente relevantes;
- Na promoção de generalização dessas habilidades, ou seja, que elas sejam postas em prática no mundo real do paciente para além do contexto clínico.
Sempre se preocupando em estabelecer objetivos comportamentais, que são definidos antes de iniciar (ou durante) a intervenção, para entender a evolução da criança autista.
O tratamento do autismo é multidisciplinar e os profissionais que normalmente compõem a equipe são:
- Psicólogos;
- Fonoaudiólogos;
- Terapeuta ocupacional;
- Pedagogos;
- Fisioterapeuta;
- Educador físico.
A configuração desta equipe pode mudar conforme as necessidades de aprendizagem de cada pessoa. O mais importante, é que todos os profissionais listados, podem incentivar a atenção compartilhada durante suas intervenções, afinal, a AC faz parte do desenvolvimento social da criança como um todo.
É importante lembrar que a Terapia ABA não é só para autismo, por isso pode ser aplicada em intervenções para crianças que possuem dificuldade em desenvolver a atenção compartilhada.
Como incentivar a atenção compartilhada
Assim como falamos acima, a atenção compartilhada pode ser incentivada durante as intervenções com profissionais, porém esse incentivo pode vir no dia a dia, dentro de casa, em momentos de convívio com a família, como:
- Brincar;
- Ler ou contar histórias;
- Dançar;
- Cozinhar;
- Ajudar a limpar a casa;
- Organizar os brinquedos;
- Etc.
Pode-se estimular a AC na criança atraindo-a ativamente por aquilo que ela já está interessada. Se ela gosta de se expressar por caretas, utilize isso. Se gosta de um personagem do desenho animado, fale igual a ele. Se a criança adora música, cante as favoritas dela.
Brincadeiras que envolvam troca de turno (minha vez, sua vez), em especial, são ferramentas importantes para esse aprendizado. E é essencial que todas as atividades sejam pautadas na motivação, para que, de fato, ela responda e inicie com prazer esta habilidade.
Em nosso blog falamos sobre outras práticas baseadas em evidências que auxiliam o desenvolvimento das crianças autistas. Saiba mais sobre elas clicando no botão abaixo: